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Região central de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
Região central de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.| Foto: Alexandre Souza / Palácio Piratini

Perto de se completarem quatro meses do maior desastre ambiental do Rio Grande do Sul, o estado vai, aos poucos, caminhando para a reconstrução. Um dos pontos que ainda parece estrangular essa recuperação é a participação do governo federal – em uma audiência realizada em Brasília no último dia 21, o governador Eduardo Leite (PSDB) cobrou de Lula mais agilidade na concessão de crédito às empresas afetadas pelas enchentes.

“O governo federal anunciou R$ 1,2 bilhão nesse programa de apoio à manutenção de empregos, mas acabaram sendo acessados, até aqui, cerca de R$ 170 milhões. Não é porque as empresas não precisem. É porque as regras do programa ficaram muito engessadas e acabam limitando o acesso a esses recursos”, detalhou o governador.

O agro é outro setor de atenção para o governo gaúcho. Segundo Leite, antes da cheia histórica as propriedades rurais haviam sido atingidas por graves secas que afetaram a produtividade de todo o estado. “A estiagem severa afetou a nossa produtividade agrícola. Então, os produtores já vêm de uma sequência de frustração de safras, gerando grandes dificuldades em relação às suas dívidas”, detalhou.

Volume de negócios em abril "antecipou" tragédia, diz presidente do Secovi-RS

Mas há pelo menos um setor em que a retomada parece estar mais perto de ser concretizada. O mercado imobiliário gaúcho, em especial o da capital, Porto Alegre, dá sinais claros de um reaquecimento após a tragédia. Esta é a análise de Moacyr Schukster, presidente do do Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi-RS).

Em entrevista à Gazeta do Povo, ele explicou que são negociados, em média, cerca de 3 mil imóveis em Porto Alegre. “Esses dados são baseados em negócios realmente fechados, pois levamos em conta as escrituras destes imóveis”, comentou.

Em abril, antes dos alagamentos, foram fechados cerca de 3,5 mil negócios imobiliários na capital gaúcha. O número é tido pelo presidente do Secovi-RS como excelente. “Pareceu até uma antecipação ao que estava por vir”, disse Schukster.

Alagamentos no Rio Grande do Sul tiveram impacto direto no patrimônio dos gaúchos

Com as chuvas de maio, os negócios entre vendedores e compradores de imóveis se restringiram às edificações que, de alguma forma, ficaram ilesas após o aumento expressivo nos níveis dos rios. Com isso, foram registradas apenas 1,5 mil operações de compra e venda.

“Se a pessoa estava querendo negociar um apartamento em andar alto, por exemplo, provavelmente não teve problemas diretos com as enchentes. Só que se houve alagamento em uma garagem, no hall de entrada do prédio, isso inviabilizou a venda”, explicou Schukster.

Um reflexo do impacto das enchentes no patrimônio dos gaúchos pode ser visto nos números da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). No início de agosto, a entidade somava 57.045 avisos de sinistro em todo o estado.

Entre 18 de junho e 31 de julho o volume de pedidos de indenizações de seguros ligados às enchentes no Rio Grande do Sul cresceu 43%. O levantamento mostra que esses pedidos chegaram à cifra de R$ 5,6 bilhões – em 19 de junho este total era de R$ 3,885 bilhões.

Em junho, volume de negócios imobiliários se aproximou da média

A partir do mês de junho, apontou Schukster, o mercado imobiliário em Porto Alegre começou a reagir. Foram mais de 2,4 mil negociações, segundo dados do Secovi-RS. A cifra ainda é menor do que a registrada no mesmo mês do ano passado, alertou o presidente da entidade, mas mostrou a tendência de alta em relação ao mês anterior.

“Eu não tenho dúvidas de que o mercado imobiliário está caminhando para uma normalidade. Ainda não chegamos ao auge, mas se contabilizarmos um volume como este de negócios fechados em julho, o avanço se mostra sustentável. É um processo lento, mas que vai avançando. Passado o impacto terrível, agora é o momento de nos reerguermos e reconstruir tudo o que a chuva nos levou”, avaliou.

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