Mergulhadores em Fernando de Noronha capturaram um dos maiores peixes-leão já vistos no mundo. A captura ocorreu no fim de fevereiro, e após a medição o espécime atingiu 49 cm de comprimento. O recorde preocupa ambientalistas, uma vez que o peixe-leão – uma espécie invasora no litoral brasileiro – tem um apetite voraz e não tem predadores na natureza, o que pode levar ao desequilíbrio entre as espécies no arquipélago.
A descoberta foi feita por uma empresa especializada em mergulhos e parceira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em Fernando de Noronha. Em uma única busca, no início de março, os profissionais conseguiram capturar mais de 60 peixes-leão em área de recifes. Os animais foram encaminhados ao instituto para a destinação correta.
“Podemos dizer que é um recorde triste, pois confirma o quanto esses bichos estão adaptados ao ambiente marinho de Noronha”, avaliou Fernando Rodrigues, instrutor de mergulho que participou das ações de captura.
Peixes nativos são fonte de alimento para o peixe-leão, alerta ambientalista
Ao ICMBio, o coordenador do Projeto Conservação Recifal de Fernando de Noronha, Pedro Pereira, disse que a presença massiva de peixes-leão no arquipélago deve ser vista como um alerta para as espécies nativas. Os peixes locais, alertou, estão servindo como fonte de alimento para os invasores, o que pode comprometer a biodiversidade.
“Os peixes-leão em Noronha realmente estão crescendo muito porque eles têm muitas presas e entre os alimentos estão os peixes locais. Então, isso é bem preocupante, devido aos impactos que eles podem causar na biodiversidade de Noronha”, afirmou.
Peixe-leão foi identificado no Brasil pela primeira vez em 2014
Originário dos oceanos Índico e Pacífico, o peixe-leão foi identificado pela primeira vez no Brasil em 2014 e registrado oficialmente em Noronha em 2020. A espécie foi encontrada também no litoral carioca, na região da Reserva Extrativista do Arraial do Cabo, o que levou o ICMBio a elaborar um protocolo de manejo e erradicação.
O peixe-leão (Pterois volitans) é uma espécie marinha popular em aquários, e pode ter se alastrado pelo mundo a partir dos proprietários que os descartaram no ambiente. Outra fonte provável de transporte dos ovos é por meio da água de lastro em navios comerciais.
Segundo dados do ICMBio de Fernando de Noronha, em meia hora um peixe-leão consegue comer até 20 peixes de outras espécies. Sua capacidade reprodutiva é considerada alta, uma vez que a cada desova o animal libera cerca de 30 mil ovos, que eclodem apenas quatro dias após a fecundação.
Além disso, o peixe-leão conta com espinhos que liberam uma toxina. Em contato com a pele, a substância provoca sintomas como vermelhidão local, dor, febre, náuseas, tontura e fraqueza muscular. Mesmo após dissecado, e sem a toxina, o espinho pode provocar ferimentos considerados graves.
“Nossa equipe de pesquisa do ICMBio-Noronha realiza capacitações para o manejo do peixe-leão. Temos que lutar contra esse invasor. O mergulhador que vier trabalhar em Noronha deve procurar o ICMBio para ser capacitado e auxiliar na conservação da biodiversidade marinha”, reforçou a chefe local do instituto, Lilian Hangae.
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