Com clima favorável e produção familiar, Arapoti é o município paranaense que vem alavancando a produção de mel no Brasil. Dados mais recentes de 2022 apontam uma produção de 971 toneladas, de acordo com a Associação de Apicultores de Arapoti (AAPICAF). Dessa produção, 80% é exportado, consolidando Arapoti como o maior produtor de mel no Brasil.
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O estado do Paraná conta com uma produção de mel considerável. Em 2022, foram produzidas 8.638 toneladas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho manteve o estado em segundo lugar no ranking nacional, perdendo somente para o Rio Grande do Sul, que produziu 9.014 toneladas de mel no mesmo ano.
Dados da AAPICAF apontam que há em torno de 280 famílias atuando no ramo apícola, sendo 93 associadas da instituição. O presidente da AAPICAF, Ricardo Rodrigues Pedroso, conta que a produção de mel em Arapoti (PR) começou na década de 1960.
“É uma profissão que leva as pessoas a se apaixonarem pelas abelhas e pelo mel. Começou na década de 1960 e só vem crescendo. Nós somos favorecidos, estamos em uma área de muito reflorestamento. Temos reflorestamento de eucalipto da Arauco e Klabin, favorecendo a produção de mel. O clima e a diversidade de flores também facilitam a produção", destaca.
Eucalipto, silvestre, capixingui e laranja são os tipos de mel produzidos na região. Além de mel, os apicultores também trabalham com própolis e cera. Atualmente, há aproximadamente 65 mil colmeias em campo produzindo mel em Arapoti.
“O Paraná é um estado com características climáticas que favorecem a apicultura. A produção de mel interessa aos próprios produtores, pois ela pode ser feita juntamente com outras culturas”, aponta Helen Raksa, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR.
Apaixonado pelo mel, Ismael dos Santos Costa é um dos produtores que atua há 50 anos como apicultor em Arapoti (PR). Ele trabalha com produção de mel e própolis e, diferente de muitos produtores, se dedica exclusivamente à apicultura. Segundo ele, a produção varia a cada ano, mas gera de 10.000 a 20.000 kg por ano, volume que é todo direcionado para uma empresa de Santa Catarina.
“Eu gosto muito de trabalhar com a abelha, ela é um inseto que deveria ser mais valorizado. Esse trabalho é magnífico e muito importante, eu sempre digo que a ciência da abelha é infinita”, diz o apicultor.
Falta de organização é empecilho para apicultura no Paraná, dizem especialistas
A Associação de Apicultores de Arapoti (AAPICAF) informa que 80% da produção de mel em Arapoti (PR) é destinada à exportação, restando apenas 20% ao mercado nacional. Os Estados Unidos e a Alemanha são os principais países de destino. Essa tendência não é exclusiva do município, uma vez que grande parte do mel produzido em todo o Paraná é exportado.
“Prioritariamente, a produção de mel no Paraná é exportada. Mais de 70% da produção é exportada e tem os Estados Unidos como o principal importador. Embora tenhamos destaque no cenário internacional, há muito o que evoluir, principalmente em termos de organização”, afirma Raksa.
Raksa aponta que um dos principais desafios da apicultura paranaense é a falta de organização. Muitos produtores não registram suas colmeias, o que dificulta a formalização da atividade. “Há uma resistência em registras as colmeias, porque, muitas vezes, a apicultura não é a principal fonte de renda da propriedade, mas uma atividade secundária. Ainda há muito ainda para evoluir”, diz ela.
O presidente da AAPICAF, Ricardo Rodrigues Pedroso, aponta que outro desafio é o valor do produto e o escoamento de vendas. “Tem épocas que o preço para exportação aumenta, mas, de repente, cai. Atualmente, o valor não está ajudando os produtores, mas a tendência é que isso melhore”.
Mesmo com os desafios apontados, os produtores de Arapoti estão focados na qualidade do mel e na busca por novos mercados. “Estamos procurando mercado novos, como os países árabes, onde o consumo de mel é elevado. A expectativa é muito boa, temos produtores capacitados e estamos confiantes em ampliar nossa presença nesse mercado”, acrescenta Pedroso.
Projeto propõe Arapoti como Capital Nacional do Mel
Por conta da relevância de Arapoti na apicultura, o deputado federal Geraldo Mendes (União-PR) propôs um projeto de lei para declarar a cidade de Arapoti como a Capital Nacional do Mel. A proposta está em tramitação e aguarda o parecer do relator na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
O parlamentar afirma que o município é conhecido pela produção de qualidade do mel e que o reconhecimento traria benefícios à cidade e aos produtores. “A promoção de Arapoti como Capital Nacional do Mel irá impulsionar significativamente a economia local e regional. Estimulará ainda mais a produção e o comércio de mel, gerando novos empregos diretos e indiretos, estimulando o turismo e fortalecendo a cadeia produtiva do setor”, diz o projeto de lei.
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