Rio afluente do Amazonas chegou a 12,39 m neste domingo (6), contra a marca de 30 metros alcançada em 2021.| Foto: Raphael Alves/EFE
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O rio Negro alcançou neste domingo (6) o nível mais baixo em 122 anos de medição, marcando 12,39 metros de profundidade em Manaus. De acordo com o Sistema Hidro do Serviço Geológico do Brasil (SGB), a seca continua a reduzir o nível do rio, que já havia recuado 29 centímetros desde a semana passada e que pode cair ainda mais nas próximas, já que não há previsão de chuvas significativas para a Amazônia.

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A gravidade da situação atual é evidenciada ao se comparar o nível atual com o recorde anterior de 12,70 metros, registrado em outubro do ano passado, durante outra seca severa. Neste ano, o recorde negativo foi ultrapassado na última quinta (3), quando o rio marcou 12,68 metros.

“O processo de vazante do rio Negro deve ainda continuar ao longo do mês de outubro até que a onda de cheia se estabeleça. Temos observado que a intensidade das descidas tem diminuído. Saímos de um patamar de descidas de 23 cm por dia para 14 cm diários e 11 cm nesta sexta”, disse André Martinelli, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial em entrevista à Folha de S. Paulo.

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De acordo com ele, o nível mais alto já registrado no rio Negro foi de 30 metros, em junho de 2021. No entanto, a marca tem oscilado nos últimos anos.

Ainda segundo Martinelli, o rio Solimões, que também enfrenta uma situação crítica, apresentou uma mínima histórica em 26 de setembro na estação de Tabatinga (AM), marcando -2,54 metros, mas desde então os níveis começaram a se elevar com oscilações.

Na última sexta (4), a cota em Tabatinga estava em -1,99 metros, enquanto em Manacapuru, o rio ainda seguia em processo de vazante, com 2,42 metros. O SGB explicou que valores negativos na medição não significam a ausência total de água no leito do rio, mas indicam níveis baixos em relação às medições históricas.

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A seca faz parte de um ciclo natural de cheias e vazantes na região amazônica, mas tem atingido níveis históricos nos últimos dois anos e causado impactos ambientais e sociais. A falta de navegabilidade em alguns trechos do rio tem isolado diversas comunidades, que dependem dos barcos como principal meio de transporte.

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Sem condições de navegar, essas populações enfrentam dificuldades de abastecimento de alimentos e combustíveis, como o diesel, essencial para o funcionamento de geradores e outros serviços.

Além dos impactos no transporte e no abastecimento, a estiagem também afetou as eleições na região. De forma antecipada, 78 locais de votação precisaram do uso de helicópteros para o transporte de urnas a comunidades isoladas. Essas áreas, que incluem 30 territórios indígenas, abrangem um total de 27,7 mil eleitores distribuídos em 136 seções eleitorais.

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