Em São Paulo, o monotrilho Linha 17-Ouro prometido para a Copa do Mundo de 2014 segue em obras.| Foto: Divulgação/Tribunal de Contas de São Paulo
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Em 2007, quando a economia brasileira parecia voar e a Fifa fazia um sistema de rodízio de continentes para eleger os países sede da Copa do Mundo, o Brasil foi anunciado como palco do Mundial de futebol em 2014. O país vivia seus anos dourados no cenário internacional, uma ilusão que se revelaria anos depois.

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Em 2009, o Brasil foi destaque da revista britânica The Economist, uma das mais prestigiadas publicações do mundo. Na capa, o Cristo Redentor decolava como um foguete em alusão ao cenário nacional aparentemente promissor. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava em seu segundo mandato presidencial e foi elogiado pelo então presidente dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama, como sendo "o cara". A época era de grandes expectativas com o Brasil, que surfava no boom das commodities enquanto os Estados Unidos viviam uma das maiores crises de sua história.

Em meio a esse clima de otimismo, a cidade de São Paulo foi escolhida como sede da abertura da Copa do Mundo enquanto o Rio de Janeiro ficaria com a final. Os investimentos em infraestrutura, principalmente transporte e mobilidade urbana, nas 12 cidades-sede, foram estimados em R$ 33 bilhões, enquanto a expectativa de turistas era de 3,7 milhões, com de impacto no PIB de R$ 183 bilhões.

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Na época, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), afirmou que o objetivo era focar menos em estádios e mais em mobilidade urbana. O trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro estava entre as principais obras prometidas até o início do torneio mundial e que seria deixado como um importante legado da Copa.

"Nosso projeto é que esteja integralmente pronto em 2014 ou pelo menos o trecho entre Rio e São Paulo"

Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, prometeu o trem-bala em evento do PAC, em 2009

Assim como outras obras, o trem-bala ficou no papel, exemplo do contraste entre a expectativa com a Copa do Mundo 2014 e a realidade uma década depois. Nesse período, com a deflagração da operação Lava Jato, a descoberta de bilhões desviados para construtoras e com a situação fiscal do país comprometida devido aos gastos públicos desenfreados, a economia brasileira mergulhou em uma crise que desencadeou o impeachment da então presidente Dilma.

O declínio do país sob o governo do PT foi evidenciado em uma nova capa da The Economist ilustrando uma queda do Cristo Redentor. Paralelamente, o sonho do legado das obras da Copa do Mundo foi ficando para trás, um fracasso coroado pelo fatídico 7 a 1 que desclassificou nas semifinais a seleção brasileira em sua própria casa, no Estádio do Mineirão.

Da expectativa à realidade: Brasil foi capa da revista britânica The Economist em 2009 e em 2013, sob olhares distintos.| Foto: Reprodução/The Economist
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Ex-ministro, Aldo Rebelo defende que Copa funcionou como "acelerador de obras"

Para Aldo Rebelo, ministro do Esporte entre 2011 e 2015, a Copa do Mundo funcionou como um acelerador de obras que já estavam nos planos de prefeituras e governos estaduais. "As obras de infraestrutura já estavam planejadas, nada foi planejado para a Copa. Eram principalmente obras de mobilidade urbana já traçadas em todas as capitais onde esses eventos aconteceram, e a Copa do Mundo apenas teve a responsabilidade de acelerá-las, como reforma de aeroportos, obras viárias, VLT e melhoria de portos", elencou ele à Gazeta do Povo.

Em relação ao abandono e atraso de diversas obras, Rebelo responsabiliza gestões municipais e estaduais. "Eles pararam, portanto eles têm que ter uma explicação. Eles apenas tinham como meta entregar essas obras para a Copa do Mundo, mas isso não estava entre as obrigações nem dos organizadores da Copa, nem da Fifa, nem da CBF ou das seleções, e nem do Ministério do Esporte. A nossa responsabilidade era principalmente nos estádios, mas as obras de infraestrutura e as obras viárias eram de responsabilidade das prefeituras”, respondeu Rebelo.

Chave para obras teve virada em 2016, aponta governador de São Paulo

Em entrevista à Gazeta do Povo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que herdou a obra do Monotrilho linha 17-ouro - prevista para a Copa - afirmou que o principal problema na realização de obras no Brasil está relacionado a modelos antigos de gestão, uma chave que foi virada em 2016.

Engenheiro e mestre em Engenharia de Transportes, Tarcísio foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de entre 2011 e 2015 e, desde que assumiu o governo do estado, soma leilões e obras engatilhadas. "Modelos lá atrás fracassaram porque não consideravam a demanda, ou descasavam a demanda do investimento, misturavam obra pública com privada, procuravam usar o banco BNDES com variável de ajuste", disse ele.

"Tinha uma questão de não se preocupar com a operação, se preocupar só com a obra, e muitas deficiências de projeto. A gente aprendeu a resolver isso, aprendemos a estruturar projetos, a mitigar riscos. Os projetos vão ficando sofisticados, aprendemos a tratar o risco de demanda, a trazer a solução para essa questão, a tratar risco de câmbio, a incorporar mecanismos endógenos de tratamento do risco, com alguma inteligência", complementou.

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Cinco obstáculos para deslanchar obras públicas - com ou sem Copa

Especialistas ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo, alguns com a condição de não se identificarem, enumeraram os principais obstáculos que permeiam a participação de empreendimentos públicos no país.

1. Desafios técnicos e orçamentários

A falta de capacitação técnica de integrantes do poder público para elaborar projetos eficientes para as obras é um fator crítico. Muitas vezes, os projetos básicos são subestimados em termos de custos, levando a construtora a ter de arcar com os prejuízos ou abrindo brechas para corrupção, como no aumento da quantidade de material no contrato para compensar as perdas.

A contribuição do setor privado fica limitada pela Lei 8.666/1993, conhecida como Lei de Licitações e Contratos. Ela define que quem elaborou o projeto básico ou executivo não pode participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra, serviço ou fornecimento de bens relacionados ao projeto. Além disso, a empresa responsável pela elaboração do projeto está impedida de participar, isoladamente ou em consórcio, da licitação ou execução.

De acordo com Ricardo Von Glehn, engenheiro especializado em infraestrutura e com vasta experiência em licitações, "às vezes o poder público licita uma obra contando com uma determinada rubrica orçamentária, e ao longo do tempo as receitas mudam e o valor previamente reservado para execução daquela obra já não está mais disponível."

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2. Pouco aproveitamento do modelo de parceria público privada (PPP)

As obras feitas por PPPs apresentam vantagens em relação às licitações pela menor burocracia no processo de construção. Apenas quando a Copa se aproximava e as obras públicas já estavam atrasadas, as administrações públicas recorreram às PPPs.

Enquanto o processo licitatório muitas vezes envolve trâmites complexos e demorados, as PPPs proporcionam um caminho mais direto pois há um compartilhamento de riscos e responsabilidades entre o setor público e a iniciativa privada, permitindo que o conhecimento técnico e a agilidade do setor privado se somem à capacidade de investimento e à expertise do setor público.

3. Dimensões continentais do Brasil

O Brasil optou por sediar uma Copa do Mundo em diversos locais, o que demandou um volume massivo de obras, tanto em termos de orçamento quanto de execução. Essa dispersão geográfica apresentou desafios logísticos e operacionais significativos, contribuindo para a complexidade e os atrasos nas entregas das obras. Além disso, cada capital apresenta desafios regionais específicos.

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"O poder público não tinha dinheiro nem pessoas suficientes para fazer a gestão. A necessidade de infraestrutura era muito pesada, inclusive por exigências da Fifa. Então, tivemos alguns investimentos gigantescos", diz Von Glehn.

4. Impacto da alta demanda por mão de obra e material de construção

O período que antecedeu a Copa do Mundo 2014 foi caracterizado por um grande aumento na demanda por mão de obra e material de construção, o que resultou em aumentos nos custos. Esse cenário inflacionário encareceu os empreendimentos, sobrecarregando as construtoras e, por vezes, comprometendo a viabilidade financeira das obras.

5. Mal aproveitamento dos estádios

Diferentemente do que ocorre no cenário internacional, muitos estádios brasileiros são administrados pelo poder público, o que leva ao subaproveitamento e à baixa rentabilidade dos espaços. Em janeiro de 2023, a Arena da Amazônia, por exemplo, que é de responsabilidade da Fundação Amazonas de Alto Rendimento, do governo do estado, teve a luz cortada por falta de pagamento. Locais como o Allianz Arena, em Munique, oferecem academia, lojas e restaurantes, enquanto no Emirates Stadium, no Reino Unido, há espaço para eventos e festas.

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Balanço das obras prometidas para a Copa do Mundo 2014

Um levantamento feito pela Gazeta do Povo nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo mostrou que muitas das obras previstas enfrentaram atrasos significativos para conclusão, outras permanecem inacabadas ou foram abandonadas. No balanço, foram selecionadas as obras de mobilidade de maior relevância para a população local e as que apresentaram algum tipo de problema para execução.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Para a realização do levantamento, foram consultados documentos do Tribunal de Contas da União (TCU), a Matriz de Responsabilidades da Copa 2014, reportagens de veículos de imprensa de credibilidade e fontes locais. Todas as assessorias de imprensa das prefeituras, de governos estaduais e dos órgãos oficiais citados foram contatadas. Entre os dados relevantes apurados, estão os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Caixa Econômica Federal para financiar as obras, grande parte entregues com atraso.

O BNDES financiou o BRT Transcarioca no valor de R$ 1,2 bilhão. De acordo com o órgão, há "previsão de quitação em janeiro de 2032". A Caixa, por sua vez, utilizou recursos do FGTS para emprestar R$ 4,3 bilhões em 39 operações de crédito. Segundo a assessoria de imprensa da Caixa, do valor contratado até o momento foram efetivamente desembolsados R$ 2,84 bilhões para 31 operações, visto que algumas foram distratadas/extintas.

"Os entes estão adimplentes e o prazo de amortização pode chegar a 360 meses a depender do item financiado, motivo pelo qual algumas operações estão liquidadas e outras em fase de amortização, com saldo devedor total de cerca de R$ 1,94 bilhão", disse a assessoria de imprensa da Caixa.

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Curitiba (PR)

Pista atual do Aeroporto Internacional Afonso Pena tem 2,2 mil metros, abaixo do ideal para voos diretos aos Estados Unidos e à Europa.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

As obras previstas para a Copa do Mundo de 2014 em Curitiba representavam um ambicioso plano de melhoria da infraestrutura viária e de transporte, visando a modernização e a otimização dos sistemas de mobilidade urbana. No entanto, muitos projetos enfrentaram desafios que resultaram em atrasos e reduções em sua execução. Entre essas obras, destaca-se a ampliação do Aeroporto Internacional Afonso Pena, incluindo a ainda esperada construção da terceira pista que permitirá o tráfego de voos diretos internacionais.

  • Ampliação do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, com construção da terceira pista - está em desenvolvimento

O Aeroporto Internacional Afonso Pena, localizado em São José dos Pinhais, era estratégico para receber os turistas que assistiriam aos jogos em Curitiba e de lá partiriam para visitar as Cataratas do Iguaçu, indicadas como destino turístico pela Fifa. Para isso, era preciso ampliar o terminal de passageiros e de cargas, bem como restaurar a pista de pouso e decolagem para receber aeronaves de grande porte e de voos internacionais. Parte das obras de ampliação do aeroporto ficou pronta em 2016, mas a terceira pista está em compasso de espera. A CCR Aeroportos, que assumiu o aeródromo há dois anos, promete a entrega até 2026, conforme previsto no contrato de concessão.

  • Metrô de Curitiba - não saiu do papel
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Proposta antiga na cidade, a criação do metrô de Curitiba não avançou depois do projeto apresentado pela gestão de Beto Richa (PSDB) em 2009. Previa investimento de R$ 1,2 bilhão para uma primeira linha de 13 quilômetros e 12 estações, cuja inauguração era esperada para 1º de janeiro de 2014. A ideia era surfar nas obras previstas para o mundial e que receberam financiamento do BNDES ou da Caixa Econômica Federal dentro do âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa 2014.

  • Corredor Aeroporto-Rodoferroviária, na avenida das Torres (trecho São José dos Pinhais) – ficou pela metade

Este corredor representava o principal elo entre o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, e a Rodoferroviária de Curitiba. A requalificação da pista envolveria a avenida das Torres, que servia como divisa entre os municípios, além das ruas Comandante Aviador José Paulo Lepinski e Rocha Pombo. Estavam planejadas a construção de três trincheiras para veículos e passagens em desnível para pedestres, juntamente com serviços de pavimentação, iluminação, calçamento, ciclovia e paisagismo. A via seria totalmente urbanizada, conectando os parques locais.

Aguardadas para a Copa do Mundo 2014, as obras foram concluídas apenas em julho de 2022 e de maneira reduzida. De acordo com a Agência de Assuntos Metropolitanos (Amep) do governo do Paraná, as obras de revitalização do acesso ao aeroporto contemplaram apenas a melhoria da Rua Comandante Aviador José Paulo Lepinski, sendo a última obra de um pacote que compunha o PAC da Mobilidade.

  • Corredor Marechal Floriano (requalificação da avenida das Américas, em São José dos Pinhais) - concluído com atraso 
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O Corredor Marechal Floriano é um importante eixo de ligação viária entre o aeroporto Afonso Pena e o centro de Curitiba. Com 3,41 quilômetros de extensão, o projeto previa a requalificação da avenida das Américas, em São José dos Pinhais. A obra compreendia a construção de duas trincheiras (nas ruas Joaquim Nabuco e Claudino dos Santos), ampliação da ponte sobre o Rio Iguaçu, restauração de pavimento, pavimentação, iluminação, calçamento, ciclovia e paisagismo. Além disso, estava previsto o prolongamento da canaleta exclusiva do sistema integrado de transporte da avenida Marechal Floriano, em Curitiba, até o Terminal Central de São José dos Pinhais.

A obra foi concluída em outubro de 2020, sendo a primeira entregue entre as prometidas para a Copa 2014 pelo governo do Paraná. Contemplou o trecho previsto de 3,4 quilômetros, porém com menos intervenções: foi revitalizado e recebeu semáforos, iluminação em LED, ciclovia, pavimentação com sinalização vertical (placas) e horizontal (pintura), além de melhorias no calçamento.

  • Ampliação do Terminal Santa Cândida - concluído com atraso 

O Terminal Santa Cândida foi alvo de um ambicioso projeto de revitalização em preparação para a Copa do Mundo de 2014, cujas obras iniciadas em 2012 prometiam uma expansão significativa, além de melhorias na infraestrutura e na integração com novas plataformas e linhas do transporte metropolitano em até 18 meses. Havia previsão de uma nova área de comércio e serviços no subsolo do terminal. A empresa vencedora da primeira licitação teve dificuldade para concluir os trabalhos e a obra precisou ser relicitada. Após ficarem paradas por dois anos, as obras foram concluídas em 2019.

  • Ligeirão Norte Sul – concluído com atraso 
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Previsto para ser implantado em 2012, o Ligeirão Norte Sul traria para a Copa do Mundo 2014 uma linha direta de ligação com o centro em um corredor de ônibus exclusivo que permite ao veículo atingir maior velocidade. A primeira etapa (trecho norte), porém, entre o Terminal Santa Cândida e a Praça do Japão, só foi concluída em 2018. A segunda etapa (trecho sul) foi finalizada 10 anos após o previsto, em janeiro de 2024. O trecho sul ampliou o trecho entre a Praça do Japão e o Terminal Pinheirinho em um trajeto rápido com tempo médio de 50 minutos. A obra de ampliação contou com o desalinhamento e a remodelação de 26 estações-tubo, além da requalificação das Avenidas República Argentina e Winston Churchill.

Manaus (AM)

Centro de Atendimento ao Turista (CAT) na Praça Tenreiro Aranha, no Centro Histórico de Manaus.| Foto: Altemar Alcantara/Semcom

A preparação de Manaus para sediar a Copa do Mundo de 2014 trouxe uma série de expectativas quanto a melhorias na infraestrutura urbana. Muitos desses planos acabaram por se frustrar devido a atrasos e cancelamentos de projetos como o Bus Rapid Transit (BRT). O Aeroporto Internacional de Manaus passou por reformas e ampliações, mas hoje é subtutilizado.

  • Aeroporto Internacional de Manaus - Eduardo Gomes - concluído com atraso

Principal ponto de entrada de Manaus, enfrentou significativos atrasos na reforma. Iniciados em novembro de 2011 com prazo de conclusão estabelecido para 2013, os trabalhos sofreram contratempos, resultando em conclusão apenas às vésperas do evento esportivo. Teve um custo adicional de R$ 73 milhões em relação ao orçamento inicial de R$ 444,46 milhões. Embora a primeira etapa tenha sido finalizada a tempo para a Copa do Mundo, a conclusão da segunda fase, conhecida como escopo pós-Copa, só foi alcançada em janeiro de 2015. Atualmente, os espaços ampliados são subutilizados, com lojas vagas e estacionamentos grandes demais para o uso, com alta quantidade de vagas sobrando.

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  • Bus Rapid Transit (BRT) - não saiu do papel 

A obra foi oficialmente descartada em 2012 e novamente em 2019. A decisão conjunta entre prefeitura e governo estadual alegou atraso na liberação de recursos para financiar o projeto, inicialmente orçado em R$ 1,2 bilhão.

  • Centro de Atendimento ao Turista – ficou pela metade 

A reforma do Centro de Atendimento ao Turista (CAT) na Praça Tenreiro Aranha, centro histórico de Manaus, só teve início em 2019, e o local passou a funcionar no mesmo ano. O CAT fica localizado no Pavilhão Universal, uma estrutura construída em ferro e vidro e de símbolo histórico e cultural.

O CAT no Complexo Turístico Ponta Negra, zona oeste da cidade, também foi concluído em 2019. Ainda estava prevista a construção de um CAT na Rodoviária de Manaus, porém o projeto não foi iniciado e, 10 anos depois, há pouca oferta de informações para os turistas no local, principalmente em língua estrangeira. Procurada, a assessoria de imprensa da prefeitura de Manaus não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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Natal (RN) 

Dez anos após o Mundial, a cidade de Natal enfrenta desafios em vias de acesso e infraestrutura prometidos para o evento. A reforma das calçadas que levam à Arena das Dunas sofreu atrasos e desvalorizou imóveis na região. O túnel de macrodrenagem, projetado para eliminar enchentes, também enfrentou dificuldades estruturais. Já o Aeroporto Internacional de Natal, em São Gonçalo do Amarante, gerou prejuízo de R$ 520 milhões aos cofres públicos e é motivo de reclamação da população, tanto pelas longas distâncias quanto pelas cobranças feitas aos veículos automotivos na área do aeroporto.

  • Reforma de calçadas - está em desenvolvimento 

A reforma e padronização de 55 quilô,etros de calçadas nas vias de acesso à Arena das Dunas foi iniciada em 2013 com orçamento de R$ 14 milhões. Em 2015, no entanto, apenas 5% do projeto havia sido efetivado devido às desapropriações necessárias, levando à paralisação das obras até 2017 e à desvalorização dos imóveis na região. Em 2017, a prefeitura resolveu o impasse com uma nova licitação, sem envolver desapropriações. As obras foram retomadas em 2023 e, de acordo com a prefeitura de Natal, estão sendo concluídas.

  • Túnel de macrodrenagem da Arena das Dunas - ficou pela metade

O túnel de macrodrenagem em Natal, que tem extensão de 4,7 quilômetros, foi projetado para interligar o sistema de drenagem das águas pluviais entre as zonas sul e oeste da capital, de forma a acabar com enchentes. Iniciada em 2013, a construção do túnel enfrentou desafios estruturais. Em junho de 2018, faltava concluir um trecho de 1 quilômetro e, em 2022, apenas 65% da obra tinha o cronograma executado. Um adicional de R$ 30 milhões foi necessário para reforçar a concretagem, elevando o custo total do projeto para R$ 194 milhões. De acordo com a prefeitura de Natal, a obra "continua indefinida em função do alto investimento e para o qual a prefeitura ainda busca recursos".

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  • Aeroporto Internacional de Natal, em São Gonçalo do Amarante - concluído com atraso

Construído em 2004 pela Infraero, foi incluído no PAC em 2007 e recebeu R$ 329,3 milhões em financiamento do BNDES. Prevendo atrasos nas obras, foi concedido à iniciativa privada, se tornando o primeiro aeroporto privatizado do país. O consórcio Inframérica arrematou o aeroporto por R$ 170 milhões com a responsabilidade de concluir as obras até o Mundial.

Às vésperas da Copa, o aeroporto foi inaugurado em meio a obras e, seis anos depois, a Inframérica pediu o rompimento do contrato. O consórcio alegou prejuízos que, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), se aproximaram dos R$ 520 milhões e se devem a investimentos não amortizados na vigência da concessão.

Em dezembro de 2023, o governo federal pagou uma indenização de quase R$ 200 milhões à Inframérica, com recursos do Tesouro Nacional. Os R$ 320 milhões restantes foram pagos com o valor de outorga da relicitação do aeroporto que ocorreu em 2023 e vencida pela Zurich Airport Internacional.

  • Vias de mobilidade urbana – está em desenvolvimento
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Das 10 obras de mobilidade da prefeitura de Natal previstas para a Copa, só seis estavam prontas nos primeiros jogos. De responsabilidade do governo do Rio Grande do Norte, a duplicação da avenida Moema Tinoco da Cunha Lima, que dá acesso ao aeroporto em São Gonçalo do Amarante, não foi feita. Os terrenos abandonados cuja desapropriação é questionada na Justiça e os buracos na pista trazem uma situação de degradação. No acesso sul ao aeroporto, pelo município de Macaíba, a duplicação da BR-304 também está incompleta.

Porto Alegre (RS)

Membros da gestão municipal fiscalizam obra na avenida Voluntários da Pátria. | Foto: Robson Da Silveira/Prefeitura de Porto Alegre
  • Ampliação da pista do Aeroporto Internacional de Porto Alegre - entregue com atraso

Prevista para a Copa do Mundo 2014, a ampliação da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional de Porto Alegre Salgado Filho foi concluída apenas em maio de 2022. Com um investimento de R$ 135 milhões, a pista passou de 2.280 metros para 3.200, permitindo assim o recebimento de aeronaves maiores e com mais capacidade de carga. O investimento iniciou apenas em 2018, após a concessão do aeroporto para a empresa alemã Fraport Brasil.

  • Viaduto na avenida Plínio Brasil Milano - não saiu do papel 
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O projeto de construção do viaduto na avenida Plínio Brasil Milano foi impedido por um impasse judicial prolongado. Originalmente planejada para aliviar o tráfego na área do bairro Higienópolis com a instalação de um viaduto e uma passagem de nível na Terceira Perimetral, a obra foi impactada por obstáculos relacionados a empreendimentos locais. Esses contratempos resultaram na paralisação do projeto, que não consta sequer no painel de inspeção do estado das obras públicas.

  • Trecho 2 da avenida Voluntários da Pátria e trecho 1: duplicação - ficou pela metade 

Sem conseguir resolver questões de desapropriações, a construção do trecho 2 da avenida Voluntários da Pátria está estagnada. A ideia era construir corredores que contribuiriam com as viagens que seriam feitas em função da Copa de 2014 e, também, nos deslocamentos da população. Já o trecho 1, que envolveu a duplicação da avenida e cujo investimento inicial estava previsto em R$ 13,3 milhões, foi concluído com atraso no final de 2021.

  • Trincheira da Ceará - concluído com atraso 

Retomada em 2018, a trincheira da Ceará tinha investimento previsto em R$ 29,5 milhões, como parte do grupo de modernizações da Terceira Perimetral. Foi concluída em 2020, quando os revestimentos das paredes foram terminados e houve instalação do conjunto de moto-bombas para garantir drenagens dentro da trincheira.

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  • Trincheira da Anita Garibaldi - concluído com atraso 

A Trincheira da Anita Garibaldi, cujo investimento inicial era de R$ 9,8 milhões, foi concluída apenas em 2020, com duas faixas de tráfego de 7,8 metros de largura total, além de duas alças para acesso local e conversões na Terceira Perimetral. A conclusão representou uma solução viária para um importante cruzamento formado por vias de grande circulação, com aproximadamente 75 mil veículos por dia.

  • Avenida Severo Dullius - concluído com atraso 

O novo trecho da avenida Severo Dullius, na zona norte de Porto Alegre, foi finalmente aberto em outubro do ano passado, uma década depois do início da obra. Com 1,9 quilômetro de extensão, o trecho é uma conexão crucial entre a BR-116 e a Avenida Sertório e visava melhorar o acesso ao Aeroporto Salgado Filho durante a Copa do Mundo. Os trabalhos de acabamento foram até dezembro.

  • Trechos 1-2 da avenida Tronco - está em desenvolvimento 
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Na zona Sul de Porto Alegre, nos trechos 1 e 2 da avenida Tronco, os avanços nas obras geram expectativas entre os moradores. Segundo informações do Painel de Transparência nas obras públicas, no final do ano passado os trabalhos nesses trechos estavam 76% concluídos, com um prazo estimado de conclusão até janeiro de 2024. A assessoria de imprensa da prefeitura de Porto Alegre informou que os trechos serão entregues na segunda semana de abril.

  • Trechos 3-4 da avenida Tronco - concluído com atraso 

Em dezembro de 2022 foram liberados para a circulação de veículos os trechos 3 e 4 da avenida Tronco, localizados na zona sul de Porto Alegre. Com uma extensão duplicada de 3,6 quilômetros e a adição de um corredor de ônibus, o trajeto abrange importantes vias. A finalização desses trechos enfrentou atrasos significativos em relação ao cronograma.

  • Corredor da Protásio Alves - concluído com atraso 

Em agosto de 2020, a prefeitura de Porto Alegre concluiu a instalação de barreiras de proteção de concreto no corredor de ônibus da avenida Protásio Alves, fase final da obra. Com seis estações abrangendo uma extensão de 1.635 metros, o corredor ganhou 814 barreiras do tipo new jersey para separar os ônibus do fluxo de tráfego. A obra, iniciada em 2019 e paralisada por questões jurídicas e administrativas, foi retomada e concluída, representando um investimento de aproximadamente R$ 979 mil provenientes de financiamento da Caixa, do Banrisul e da Smim.

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  • Corredor da Bento Gonçalves - concluído com atraso 

Após quatro anos de trabalho, o corredor de ônibus da Avenida Bento Gonçalves foi concluído em 2016, incluindo pavimentação com placas de concreto, barreiras de proteção do tipo new jersey, sinalização e colocação de basalto nas estações de ônibus na via que soma sete quilômetros. O investimento para a troca de pavimentação no trecho foi de R$ 14 milhões.

  • Corredor da João Pessoa - concluído com atraso 

As obras dos 2,2 quilômetros de corredor foram concluídas apenas em 2021. A liberação dos trechos bloqueados teve início em agosto, após a implantação da sinalização viária definitiva, marcando o fimda obra que teve um investimento superior a R$ 4,6 milhões.

  • Trincheira da Cristóvão Colombo - concluído com atraso 
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As obras da Trincheira da Cristóvão Colombo foram finalizadas em 2020. O histórico remonta a 2012, com paralisações ocorridas em 2017 devido a problemas no consórcio responsável, seguidas pela retomada e conclusão do projeto com o apoio da prefeitura, de moradores e empresários locais que doaram materiais. Os trabalhos envolveram terraplenagem, drenagem, preparação da base do pavimento, aplicação de nova camada asfáltica e ajustes na sinalização viária.

Salvador (BA)

As reformas do Aeroporto de Salvador previstas para a Copa do Mundo 2014 ainda não foram concluídas. | Foto: Divulgação/Teixeira Duarte Engenharia

Em Salvador, grande parte das obras da Copa do Mundo de 2014 foram concluídas. A linha de metrô que conecta o centro ao aeroporto ficou pronta quatro anos depois. Reformas do aeroporto local e do BRT, projeto de transporte rápido por ônibus, não foram concluídos.

  • Bus Rapid Transit (BRT) - está em desenvolvimento 

Ao perceber que a obra levaria mais tempo que o previsto e que não seria entregue para o Mundial de futebol, o projeto de transporte rápido via ônibus foi tirado da Matriz de Responsabilidades da Copa e os recursos redirecionados para o metrô da cidade. Em março de 2018, no entanto, foi retomado e dividido em três partes. A previsão era finalizar em 2022 o projeto com capacidade para transportar 31 mil pessoas.

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Apenas a primeira parte foi entregue naquele ano, sendo a segunda concluída em 2023. De acordo com a Secretaria de Mobilidade de Salvador, o segundo e último trecho faltante do BRT foi concluído no final de abril, completando assim todo o percurso de 22 quilômetros que vai da Rodoviária de Salvador até a estação de transbordo Lapa.

  • Aeroporto de Salvador – ficou pela metade 

Reformas da fachada e da nova área de check-in do Aeroporto de Salvador previstas não foram concluídas durante a gestão da Infraero. Em janeiro de 2018, a empresa francesa Vinci Airports assumiu a gestão do aeroporto e iniciou obras de modernização e ampliação que não estavam relacionadas com o projeto original da Copa e que, pelo contrato de concessão, deveriam ter sido concluídas até outubro de 2019. Em nota, a Vinci Airports informou que “todas as obras previstas no contrato de concessão foram entregues dentro dos prazos estabelecidos e com fiscalização realizada pelo poder concedente, representado pela Anac. As obras foram focadas na modernização e na ampliação do aeroporto.”

  • Metrô de Salvador - entregue com atraso

O primeiro edital do metrô de Salvador foi lançado em 1999 e ganhou impulso com o Mundial de futebol. Entre avanços e interrupções, em 2011 a responsabilidade pela construção foi passada da prefeitura de Salvador para o governo baiano, que decidiu cancelar o projeto do BRT e destinar os recursos ao metrô. Em 2013, a empresa CCR assumiu o projeto por meio de uma concessão.

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Dois dias antes dos jogos da Copa em 2014, o metrô foi inaugurado com apenas o acesso norte e duas estações próximas à Arena Fonte Nova em funcionamento. Apenas portadores de ingressos podiam usar o transporte no dia dos jogos. A estação que atende ao Aeroporto Internacional de Salvador foi inaugurada quatro anos após o Mundial.

Recife (PE)

Maquete do projeto "Cidade da Copa", que nunca saiu do papel. | Foto: Divulgação/Soccerex
  • Cidade da Copa - não saiu do papel

A Cidade da Copa prometia ser o primeiro modelo de cidade inteligente do país. A ideia era estimular o desenvolvimento da zona oeste de Recife, onde fica a Arena Pernambuco, com a construção de escolas, universidades, shoppings e condomínios residenciais perto do estádio. O governo rescindiu o contrato do projeto em 2017 e afirmou por meio de nota ao G1, na ocasião, que a área de propriedade do estado teria "no tempo próprio, a utilização adequada”.

  • Ramal da Copa - está em desenvolvimento 
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O Ramal da Copa foi rebatizado para Ramal da Arena pela governadora Raquel Lyra (PSDB). Com 6,5 quilômetros de extensão, trata-se de um projeto viário que já custou quase R$ 200 milhões aos cofres públicos, com a proposta de ligar o Terminal Integrado de Camaragibe à Arena Pernambuco. Problemas como falta de recursos, questões com empreiteiras, impasses judiciais e desapropriações foram apontados como as principais causas para a demora desse projeto de mobilidade urbana.

O contrato foi rescindido em 2015, ocasionando a necessidade de obras remanescentes, que foram retomadas em 2023. Entre elas está o viaduto 2, no valor total de R$ 5,8 milhões, o eixo 10.000, avaliado inicialmente em R$ 5 milhões, a obra de implantação de faixas no trecho entre o viaduto 2 e a avenida Belmino Correia, orçada em R$ 26,9 milhões, e o eixo 5.000, que está em preparação para o processo licitatório.

  • Via Mangue - concluído com atraso

O projeto da Via Mangue, uma das principais obras viárias da história do Recife, foi idealizado na década de 1990, mas foi a Copa do Mundo que economicamente viabilizou a realização do empreendimento, que já estava iniciado pela prefeitura de Recife. Com 4,5 quilômetros de extensão, a construção começou em 2011 e foi avaliada em R$ 431 milhões, sendo R$ 81 milhões da prefeitura, R$ 331 milhões via empréstimo da Caixa Econômica Federal e R$ 19 milhões da União. Em 2014, foi finalizada parcialmente e inaugurada somente em 2016.

  • Corredores Norte-Sul e Leste-Oeste do BRT - está em desenvolvimento
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Os corredores norte-sul do BRT previam 33 quilômetros de vias de ônibus passando por cinco cidades. Apenas duas estações estavam prontas para a Copa 2014. Com valor inicial de R$ 151,1 milhões, as obras tiveram o contrato rescindido em 2018. As estações de BRT Cecon e Paulista, que estavam paralisadas em 2023, estão finalizadas. Atualmente, a obra do alargamento da avenida Pan Nordestina, que abrange um trecho de dois quilômetros, em Olinda, e teve um valor empregado de R$ 16 milhões, encontra-se com evolução de 63,31%.

Já os corredores leste-oeste ligariam Camaragibe ao centro de Recife e tinham um orçamento de R$ 145 milhões. Depois de R$ 136 milhões empregados, o contrato foi rescindido em 2015, deixando obras remanescentes. Entre elas, a urbanização do entorno do Museu e do Túnel da Abolição, serviços de urbanização na praça Conselheiro João Alfredo e na praça sobre o Túnel da Abolição, além de obras de infraestrutura viária nas imediações da UPA Caxangá, que devem ser concluídas em junho de 2024.

  • Terminal integrado de Camaragibe - não saiu do papel 

O objetivo era ampliar o Terminal Integrado de Camaragibe e construir novas pistas do Ramal da Copa, servindo de acesso à Arena Pernambuco. Mesmo tendo desapropriado moradores, o projeto não saiu do papel. De acordo com o governo de Pernambuco, a execução está sob responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana de Pernambuco, por intermédio da concessionária: "A intervenção foi cadastrada no PAC Seleções - Modalidade Mobilidade Urbana, com o fito de receber recursos federais para sua execução. O resultado da seleção ainda não aconteceu", afirmou em nota.

Belo Horizonte (MG)

Inaugurado somente em 2015, corredor Move Antônio Carlos, Pedro I e Vilarinho é uma das principais obras de mobilidade urbana de Belo Horizonte. | Foto: Divulgação/Prefeitura de Belo Horizonte
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No contexto das obras relacionadas à Copa do Mundo de 2014 em Belo Horizonte, o Aeroporto Internacional de Confins - ponto de entrada para os visitantes durante o evento - viu suas obras de ampliação e melhoria serem interrompidas no ano passado. Enquanto isso, o corredor Move Antônio Carlos/Pedro I/Vilarinho, um dos projetos de transporte público planejados para o Mundial, foi entregue com atraso.

  • Aeroporto de Confins – ficou pela metade  

As obras de ampliação e melhoria do Aeroporto Internacional de Cofins estão paralisadas desde o ano passado. A BH Airport, concessionária responsável pela administração do aeroporto, afirma que a responsabilidade do financiamento da obra é da Infraero, que está inadimplente com o consórcio, o que resultou na paralisação das obras.

Segundo cálculos da BH Airport, a Infraero está inadimplente em R$ 70 milhões e, além desse valor, outros R$ 160 milhões são necessários para a conclusão da obra, que não tem data estimada. A Infraero diz que possui 49% do aeroporto e, portanto, a responsabilidade das obras é da concessionária. O processo está na Justiça.

  • Corredor Move Antônio Carlos/Pedro I/Vilarinho - concluído com atraso  
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O corredor “Move Antônio Carlos/Pedro I/Vilarinho”, responsável pela principal ligação entre o estádio do Mineirão e o Aeroporto de Confins, foi entregue um mês antes do torneio começar, com 21,7 quilômetros de extensão e quatro estações. As obras iniciaram em 2010 e os principais trechos foram concluídos em maio de 2014. O trecho que liga as avenidas Vilarinho e Pedro I foi inaugurado apenas em maio de 2015. Durante os jogos, o viaduto Batalha dos Guararapes desabou no corredor Pedro I, resultando na morte de duas pessoas. Dois meses após o incidente, o viaduto foi implodido.

  • Via 710 - concluído com atraso

A Via 710, responsável pela ligação entre as regiões leste e norte, foi prometida para 2014. Após muitas renegociações de contrato e nove anos de atraso, a prefeitura de Belo Horizonte entregou a obra completa em fevereiro de 2023. Entre o custo da obra e de desapropriação de moradores da região, a gestão municipal gastou cerca de R$ 280 milhões. A Via 710 possui 5 quilômetros de extensão.

São Paulo (SP)

Sede da abertura da Copa do Mundo de 2014, a cidade de São Paulo viu-se envolvida em projetos ambiciosos de infraestrutura, alguns dos quais permanecem como marcas de expectativa e desafio até hoje, sendo o Monotrilho linha 17-ouro um dos principais deles. Já o ambicioso projeto do trem-bala, idealizado para conectar São Paulo ao Rio de Janeiro, nunca saiu do papel.

  • Trem-bala – não saiu do papel  
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Projeto anunciado pelo governo federal seria responsável por ligar São Paulo ao Rio de Janeiro com um trem-bala. Na primeira previsão, o objetivo era entregá-lo antes da Copa do Mundo de 2014, depois foi postergado para 2016 e mais adiante para 2020. Após as mudanças de governo e a falta de interesse nos processos de licitação, o projeto foi descontinuado.

  • Monotrilho linha 17-ouro – está em desenvolvimento  

A linha 17-ouro do monotrilho, que ligará a região do aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi em um trajeto de 8 quilômetros, está em obra desde 2011. Após três cancelamentos de contratos, a empresa escolhida para dar continuidade às obras foi a Agis Construção S.A. O valor do contrato é de R$ 847 milhões — quantia corrigida pela inflação da oferta original, feita quatro anos atrás. Segundo o governo do estado, a perspectiva é que o monotrilho fique pronto em 2025, com a estrutura em operação no primeiro trimestre de 2026.

Fortaleza (CE)

Ultimas estações do VLT Parangaba-Mucuripe foram entregues em setembro de 2020. | Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará

Fortaleza elencou obras de transporte e aprimoramento de serviços aeroportuários para a Copa no Brasil e acompanhou os projetos serem concluídos com atraso.

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  • Aeroporto Pinto Martins - concluído com atraso  

A ampliação do aeroporto Pinto Martins começou em 2010, com orçamento de R$ 336 milhões, e estava prevista para ser entregue em dezembro de 2013, o que não aconteceu. Em 2017, o aeroporto Pinto Martins foi a leilão dentro do programa de privatização do governo federal e foi arrematado pela empresa alemã Fraport por R$ 1,5 bilhão. Em 2020, a concessionária alemã concluiu a ampliação do Terminal de Fortaleza, que passou de pouco mais de 35 mil metros quadrados para 72 mil m².

  • VLT - concluído com atraso

O Veículo sobre Trilhos (VLT) Parangaba-Mucuripe, que havia sido prometido pelo governo do Ceará para ser entregue antes do início da Copa 2014, teve sucessivos atrasos. É responsável pela ligação entre as regiões norte e oeste da capital. Entre as principais obras de mobilidade urbana da cidade, a primeira parte do VLT Parangaba-Mucuripe foi entregue em 2017, com apenas alguns trechos funcionado. Durante a pandemia de 2020 foram inauguradas as duas últimas estações. O modal contempla 10 estações e 13 quilômetrosd de extensão.

  • BRT - concluído com atraso
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O BRT Antônio Bezerra-Papicu era uma promessa da prefeitura para melhorar o tráfego de veículos em Fortaleza durante a Copa. Com o início das obras em 2013, o fim só ocorreu em abril de 2015. Ao todo, o corredor expresso conta com 11 estações e cerca de 8 quilômetros de extensão.

Cuiabá (MT)

Aeroporto internacional de Marechal Rondon ainda não teve suas obras concluídas. | Foto: Rafaella Zanol/Secretaria de Cidades - MT

Entre as obras elencadas para Cuiabá, muitas encontram-se com o status de "em desenvolvimento".

  • Centro Oficial de Treinamento - está em desenvolvimento  

O Centro Oficial de Treinamento (COT) da Barra do Pari, que deveria ter sido utilizado por seleções estrangeiras durante a Copa no Brasil, está com 69% dos trabalhos terminados. A construção foi retomada em 2023, após acordo judicial. Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso, o COT fará parte da Academia Integrada das Forças de Segurança.

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  • Estrada do Moino – está em desenvolvimento  

A Estrada do Moino teve obras de duplicação iniciadas em 2012. Após a rescisão de contratos, passou por uma nova licitação em 2022. Com apenas 1,6 quilômetro de extensão, a obra se arrasta há mais de 10 anos. Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso, a obra está 90% concluída, mas a gestão estadual não informou um prazo para a conclusão dos trabalhos.

  • VLT - está em desenvolvimento  

O VLT sofreu atrasos após um escândalo de corrupção envolvendo o ex-governador Silval Barbosa (MDB), em investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) em 2017. O contrato com o consórcio foi rescindido no mesmo ano. A atual gestão estadual afirmou que o VLT, responsável por ligar Cuiabá e Várzea Grande, segue em obras, mas não informou prazo para entrega. A obra ultrapassa R$ 1 bilhão.

  • Aeroporto Marechal Rondon - está em desenvolvimento
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Com início das obras em 2012, o Aeroporto Marechal Rondon foi arrematado pelo Centro Oeste Airports. A companhia havia prometido entregar a modernização e ampliação do aeroporto em dezembro do ano passado, o que não ocorreu na totalidade. O novo prazo para conclusão dos trabalhos é para junho de 2024.

  • Rodovia Mário Andreazza - concluída com atraso

A Rodovia Mário Andreazza, que possui 9 quilômetros de extensão e liga o centro de Cuiabá a Várzea Grande, também sofreu atrasos. Considerada uma das principais obras de mobilidade urbana do estado, a duplicação deveria ter sido entregue em 2012. Após mudanças nos contratos, a obra foi concluída com três anos de atraso, no fim de 2015.

Brasília (DF)

Dez anos depois, Jardim Burle Marx é inaugurado em Brasília. | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Brasília também teve obras planejadas para a Copa e cujo resultado não saiu conforme o esperado.

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  • Túnel - não saiu do papel  

Foi prometida para Copa do Mundo no Brasil a construção de túneis entre o Centro de Convenções, o estádio Mané Garrincha e o Parque da Cidade, mas a obra nunca foi efetivada. Apesar de ser um projeto independente, os túneis foram incluídos na licitação de R$ 285 milhões, referente às obras do entorno do estádio Mané Garrincha. Com quase R$ 7 milhões gastos, o governo nunca iniciou as obras dos túneis.

  • VLT – ficou pela metade   

Havia também um projeto para instalar o VLT entre o terminal da Asa Norte e o Aeroporto de Brasília, com orçamento inicial de R$ 1,5 bilhão. As obras foram interrompidas por sete vezes, sendo a última em abril de 2011, pela 7ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal. O cancelamento de todo o projeto foi anunciado oficialmente em setembro de 2012.

  • Jardim Burle Marx - concluído com atraso  
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No ano passado, o governo estadual inaugurou o Jardim Burle Marx, projeto de urbanização inspirado nos conceitos do paisagista Roberto Burle Marx. A obra, que teve início em 2013 com o objetivo de ser entregue antes da Copa, enfrentou cancelamentos de contratos.

Rio de Janeiro (RJ)

Após desistência do governo federal em criar um novo porto, prefeitura do Rio de Janeiro adaptou projeto para Museu do Amanhã. | Foto: Divulgação/Museu do Amanhã

No Rio de Janeiro, cidade que sediou jogos da Copa do Mundo de 2014, as obras de infraestrutura também enfrentaram desafios. Um dos planos para o evento, a construção de túneis entre o Centro de Convenções, o estádio Mané Garrincha e o Parque da Cidade, nunca saiu do papel. Além disso, o projeto do VLT, que visava ligar o terminal da Asa Norte ao Aeroporto de Brasília, foi cancelado.

  • Novo porto - não saiu do papel  

O Rio de Janeiro não tem nenhuma obra que precise ser concluída desde a época da Copa do Mundo no Brasil, mas muitas das construções foram entregues com atraso. Havia a possibilidade de construir um novo porto para o Rio de Janeiro, mas essa ideia foi descartada em 2013 pela Secretaria Nacional de Portos. Na época, o governo federal informou que a exclusão ocorreu "por uma série de motivos, incluindo a decisão de construir o Museu do Amanhã".

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  • BRT Transcarioca – concluído com atraso  

O BRT, também chamado de Corredor Transcarioca, responsável por ligar a Barra da Tijuca ao Galeão, tinha como previsão de entrega fevereiro de 2013, mas foi inaugurado apenas em junho de 2014, na véspera do início do torneio. Obras no Aeroporto Internacional do Galeão também foram prometidas para a Copa do Mundo de 2014, mas devido ao atraso na entrega, que só aconteceu em 2016, as melhorias ficaram para ser conferidas durante os Jogos Olímpicos.