Quatro pessoas foram presas nesta segunda (21) suspeitas de fazer apologia ao nazismo, incitar a discriminação e planejar atos violentos em diferentes regiões do país. As prisões ocorreram no âmbito da Operação Overlord, desencadeada nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Sergipe e Rio Grande do Sul.
De acordo com as informações divulgadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), um dos presos é um militar da ativa do Exército Brasileiro que atua como praça temporário e é suspeito de participar de encontros neonazistas. À Gazeta do Povo, o Exército informou nesta terça (22) que colabora com a investigação e que "não admite condutas ilícitas por parte dos seus integrantes, que afrontem os valores e princípios, sustentáculos da profissão militar".
Além das prisões, também foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão. A investigação apontou que o grupo mantinha uma banda que “se apresentava em eventos neonazistas em várias regiões do Brasil”, disse o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) em nota sobre a operação.
A promotoria afirmou que o militar, embora não atuasse diretamente com relação às suas funções na Força, “seu conhecimento avançado em táticas de combate e armas de fogo aumenta significativamente o nível de risco associado à sua participação no grupo”.
Um suspeito de liderar o grupo também foi preso e, diz a promotoria, teria ligação com um homicídio ocorrido em 2011, quando um jovem do movimento punk foi assassinado. “O crime, motivado pela ideologia do agressor, evidencia o alto grau de violência fomentado pelos investigados por integrarem a organização”, completou o órgão.
O Gaeco afirma que os integrantes do grupo se autodenominavam skinheads neonazistas, adotando como símbolo o “Sol Negro”, que é um “emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana”, junto de um fuzil AK-47, simbolizando “a disposição para o uso da força”.
Durante os eventos promovidos pela banda – chegou a reunir mais de 30 pessoas, diz o MP-SC –, bandeiras com suásticas eram exibidas e, em alguns deles, eram realizados rituais de “batismo” para iniciar novos membros.
A operação contou com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Agência de Investigação Interna (Homeland Security Investigations) da Embaixada dos Estados Unidos e do Ministério Público do Rio Grande do Sul. As Polícias Civis de São Paulo, Paraná e Sergipe também participaram da execução das ordens judiciais.
Também houve o apoio da ong Stop Hate Brasil, voltada ao combate ao antissemitismo e que, em um trabalho recente, identificou mais de 16 mil postagens nas redes sociais com conteúdo de ódio, racismo e ameaça de ódio. Destes, diz a entidade, 169 são analisados pela Polícia Federal.
“A Operação Overlord busca garantir que os responsáveis sejam levados à justiça, reafirmando que o Estado não tolera movimentos que comprometam a harmonia social”, completou o MP-SC.
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