A Polícia Federal cumpre 77 mandados de prisão e de busca e apreensão nesta quarta (28) contra um grupo suspeito de movimentar R$ 7,5 bilhões do crime organizado em bancos digitais. As investigações que levaram à Operação Concierge apontam que a organização se utilizava de duas “fintechs” ilegais para, entre outros crimes, lavar dinheiro de facções e empresas com dívidas trabalhistas e tributárias.
De acordo com as primeiras informações da PF, são cumpridos 10 mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 de busca e apreensão nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Ao todo, 200 agentes participam da operação.
“As contas eram anunciadas como contas garantidas porque eram ‘invisíveis’ ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando por meio de contas bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem”, diz a autoridade em nota.
Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a Justiça determinou a suspensão das atividades de 194 empresas ligadas ao grupo criminoso, a suspensão da inscrição de dois advogados na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do registro de quatro contadores -- nas cidades paulistas de São Paulo, Osasco, Campinas e Sorocaba --, bem como o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização.
Pelo menos 13 automóveis de luxo foram apreendidos e nove pessoas presas até o meio da manhã.
A investigação aponta que as contas clandestinas eram oferecidas publicamente, inclusive na internet, e funcionavam como “bolsões”, que garantiam a não conexão entre remetentes e destinatários, além de desvincular correntistas dos bancos de hospedagem.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) chegou a denunciar a prática ao Ministério Público Federal, fato que foi incorporado ao inquérito policial. Além das contas bolsões, a organização utilizava máquinas de cartão de crédito registradas em nome de empresas de fachada, permitindo a lavagem de dinheiro e pagamentos de atos ilícitos de forma oculta.
“O trabalho investigativo identificou e vinculou todos aqueles que, de alguma forma, relacionaram-se com as atividades ilícitas da organização, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional, atingindo o núcleo de funcionamento criminoso e viabilizando a responsabilização tanto daqueles que efetivamente comandam o esquema, como daqueles que dão todo o suporte logístico para execução da atividade fim”, aponta a PF.
Entre os locais alvos das buscas estão as sedes dos bancos que hospedavam as fintechs ilegais, que não notificaram o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre as transações suspeitas, além de instituições administradoras de cartões de crédito. A Secretaria da Receita Federal também iniciou medidas fiscais nas sedes das pessoas jurídicas investigadas, com base em autorizações judiciais.
Os investigados poderão responder pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, ocultação de capitais, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.
O nome da operação, Concierge, diz a PF, faz alusão ao profissional que atende a necessidades específicas de clientes, referindo-se à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais em Campinas.
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