Investigações apontam que grupos criminosos transnacionais atuam no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos para receber migrantes asiáticos e encaminha-los à fronteira Norte do país.| Foto: Marcelo Chello/EFE
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A Polícia Federal prendeu sete pessoas nesta quinta (31) suspeitas de integrarem um grupo que articulava a migração ilegal de asiáticos para os Estados Unidos utilizando o Brasil como rota de passagem. Os mandados foram cumpridos pela Operação Everest nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.

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Também foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão nos estados em meio às investigações que apontaram a atuação de redes transnacionais de tráfico de pessoas pelo Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos.

“O grupo criminoso aliciava migrantes da Ásia, principalmente de Bangladesh e Nepal, para entrarem ilegalmente nos EUA, levando-os por rotas clandestinas, em condições perigosas, muitas vezes desconhecidas das vítimas, que pagavam, em média, cerca de dez mil dólares americanos pelo ‘serviço’”, disse a PF em nota sobre a operação.

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Segundo a autoridade, o terminal paulista era utilizado como ponto de chegada dos migrantes, que depois eram levados até cidades da fronteira Norte do país utilizadas como corredores para a saída por países vizinhos. Posteriormente, seguiam pela América Central por via terrestre até chegarem à fronteira do México com os Estados Unidos.

A saída pela fronteira Norte brasileira ocorria principalmente pelos municípios de Guajará-Mirim (RO) para a Bolívia e Assis Brasil (AC) para o Peru.

A operação teve início após uma série de prisões em flagrante realizadas ao longo de 2023 na fronteira com a Bolívia. Durante 2024, mais seis pessoas foram presas, e 22 migrantes do Nepal e da Índia foram resgatados em Guajará-Mirim (RO), reforçando as evidências de um esquema coordenado de migração ilegal.

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Ainda segundo a PF, a organização mantinha uma rede transnacional de operadores responsáveis pelo gerenciamento de pagamentos, falsificação de documentos e o transporte das vítimas. Além dos “coiotes” – pessoas que facilitam a travessia ilegal de fronteiras – a rede contava com agentes de viagens, taxistas e hoteleiros, que forneciam suporte logístico ao longo do percurso.

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“O crescimento no número de pedidos de refúgio de cidadãos sul-asiáticos sem causas aparentes nos países de origem indicou que o instituto humanitário estava sendo abusado”, informou a PF após constatar que muitos migrantes entravam com solicitações de refúgio falsas para permanecer temporariamente no Brasil.

Os investigados, diz a autoridade, poderão responder pelos crimes de contrabando de migrantes, caracterizado como a promoção de migração ilegal, e de associação criminosa.

Governo apertou regras para migrantes sem visto

Em meados de agosto deste ano, após essa suspeita, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que apertaria as regras para a entrada de imigrantes sem visto no Brasil que tenham outros países como destino.

Entre os anos de 2013 e 2023, os pedidos de refúgio no aeroporto paulista aumentaram 61 vezes, saltando de 69 para 4,2 mil. Já de janeiro até 21 de agosto deste ano, foram registrados 6,3 mil pedidos, sendo que apenas 117 resultaram em registro migratório, documento exigido para quem solicita refúgio.

As regras para solicitação de pedido de refúgio também foram reforçadas, e os passageiros teriam de comprovar que sofrem algum tipo real de perseguição política ou religiosa.

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A Polícia Federal identificou que muitos viajantes compram passagens para países da América do Sul e, ao chegarem ao Brasil, solicitam refúgio, permanecendo irregularmente nas áreas restritas dos aeroportos. Grande parte desses imigrantes vêm de países asiáticos e usam o território nacional como “ponte” para chegar aos Estados Unidos e Canadá.

“O uso abusivo do instituto do refúgio para seguir rotas migratórias irregulares é evidente. Há uma rota consolidada no Brasil para migração irregular, com forte atuação de grupos envolvidos no contrabando de migrantes e no tráfico de pessoas”, declarou o Ministério da Justiça e Segurança Pública na época.

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