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Pior cenário leva em conta a porcentagem média do PIB de países para reconstrução em casos de desastres climáticos
Pior cenário leva em conta a porcentagem média do PIB de países para reconstrução em casos de desastres climáticos| Foto: EFE/Andre Borges

As chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul também arrasaram a economia gaúcha com impactos em 90% dos municípios e a projeção de fechar o ano com retração do Produto Interno Bruto (PIB), além do processo de reconstrução que pode ter o custo de até R$ 176 bilhões, de acordo com um estudo produzido pela consultoria Bateleur para a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul).

A estimativa de retração do PIB é de 0,77% em 2024, consequência da tragédia climática que mudou o cenário econômico e social do Rio Grande do Sul. No início do ano, a expectativa era de alta de 4% do PIB gaúcho.

“Em um cenário pessimista, a queda pode ser pior ainda, de até -2%”, diz Fernando Marchet, CEO da Bateleur que também é vice-presidente e coordenador da divisão da Economia da Federasul. Já em âmbito nacional, as enchentes devem impactar em menos 0,26 ponto percentual do PIB brasileiro.

O estudo também aponta que o custo estimado para a reconstrução do Rio Grande do Sul pode superar os R$ 110 bilhões e chegar a R$ 174,4 bilhões. Apesar das cifras bilionárias necessárias para reconstruir o estado, o governo anunciou o direcionamento de apenas 15% do valor necessário, tendo em vista que foram anunciados R$ 14 bilhões em aportes diretos – o valor total de R$ 65 bilhões inclui antecipações ou prorrogações de benefícios já previsto​​.

No pior cenário, o valor de R$ 174,4 bilhões corresponderia a 1,6% do PIB brasileiro. Essa porcentagem sobre o PIB é considerada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como o custo médio global de resposta a desastres naturais.

Para chegar ao valor de R$ 110 bilhões, o levantamento considerou a representatividade do Rio Grande do Sul em relação ao número total brasileiros e o estoque de capital do estado, englobando telecomunicações, energia, estradas, transporte e logística, e saneamento básico.

Foram mapeadas as regiões mais afetadas pelas chuvas, de acordo com sua particularidade populacional e a concentração de infraestrutura. “Calculamos a recuperação e a melhoria das estruturas que foram comprometidas. Não adianta só arrumar o asfalto em uma região que sempre alaga ou em que sempre cai uma barreira. Se a ponte foi levada duas vezes em três anos, é porque não funciona e precisa de uma melhoria naquela infraestrutura”, diz o vice-presidente da Federasul.

De acordo com o levantamento, a área mais afetada no Rio Grande do Sul será a de agropecuária, seguida por indústria e serviços. A expectativa do PIB agropecuário em 2024 era de um crescimento de 35% em relação ao ano anterior. Após as chuvas, no entanto, a alta caiu para 15%, uma perda de 20 pontos percentuais. O Rio Grande do Sul é o principal fornecedor brasileiro de arroz e as perdas chegam a até 14% da safra.

A soja representa 90% do PIB do agro no estado e deve puxar o índice para baixo. “A soja é muito relevante na resposta PIB, tanto que nos últimos anos, por conta da seca, ela afetou o PIB do agro e do estado”, lembra Marchet.

O setor industrial também sofreu grandes prejuízos com empresas paralisadas e perda de bens materiais. Antes da tragédia, a estimativa de crescimento do PIB do setor era de 1,8% em relação ao ano de 2023. Depois das chuvas, espera-se retração de -0,5%, uma perda de 2,2 pontos percentuais.

O setor de serviços, por sua vez, viu muitos estabelecimentos fecharem temporariamente, resultando em perda de receita e aumento do desemprego​​. A expectativa era de alta de 1,2% em relação ao ano anterior. Após a tragédia, o setor deve ter uma retração de 2,8%, uma perda de 4 pontos percentuais.

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