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Luís Cláudio de Almeida
Piloto da VoePass relatou pressão para trabalhar em dias de folga, durante audiência pública da Anac.| Foto: reprodução/Anac

O piloto Luís Cláudio de Almeida, que trabalha para a VoePass, relatou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que era pressionado pela empresa a trabalhar mesmo em dias de folga, e que chegava a ficar sem alimentação durante os voos e sem condução de sua casa até o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde é baseado.

A denúncia contra a empresa foi feita durante uma audiência pública realizada no dia 28 de junho em que se discutia mudanças em uma das normas do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) que disciplina a jornada de trabalho dos tripulantes. Neste sábado (10), o Ministério Público do Trabalho (MPT) determinou uma investigação trabalhista da companhia.

A VoePass contestou as declarações de Almeira e informou que “cumpre com todos os requisitos legais, considerando jornadas e folgas, de acordo com o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117 que disciplina a jornada e gestão da fadiga dos tripulantes”, segundo apuração da CNN Brasil e do Estadão.

Durante a audiência sobre a norma, que está em discussão desde o dia 11 de junho, Almeida afirmou que precisava desligar o telefone celular nos dias de folga e que, quando atendia, a empresa o pressionava a trabalhar.

“A empresa às vezes me liga pra fazer um voo [e diz] ‘vai, vai que dá’. Mas, [a norma] diz que não é pra ir. Quando você acorda tem oito ligações da escala no seu dia de folga. Estou de folga e tenho que desligar o meu celular”, disse o piloto (veja na íntegra).

O piloto reportou ainda à Anac, durante a audiência pública, que muitas vezes os tripulantes ficavam sem alimentação durante os voos por falta de pagamento ao serviço de comissaria e que precisava recorrer a lanches levados por eles mesmos. Quando há alimentação, afirma, chega congelada ao avião ou não é balanceada às necessidades da tripulação.

Luís Cláudio de Almeida também afirmou que ele, por exemplo, mora a 33 quilômetros de distância do aeroporto de Congonhas, onde é baseado, e que muitas vezes precisa pegar carona em ônibus das outras companhias para chegar ao trabalho.

“Fadiga”, ressaltou afirmando que os tripulantes chegam a ter apenas 12 horas de descanso entre uma jornada e outra de trabalho.

Ele ainda falou à bancada da Anac se preocupar com a possibilidade de acidentes aéreos por conta da rotina de trabalho. “Eu não quero que vocês liguem aí um jornal, um celular, ou vejam no YouTube, desastres aéreos, ‘Mayday’ [nome de um programa]. Não queremos entrar nessa estatística”, pontuou o piloto.

Embora Almeida tenha citado pressão da empresa sobre os tripulantes, o acidente aéreo ocorrido com um voo da VoePass nesta sexta (9) pode ter sido causado por condições climáticas. Entre as possíveis causas apontadas preliminarmente por especialistas está a formação atípica de gelo nas asas do avião.

As causas do acidente, que vitimou 62 pessoas, ainda são investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB). As duas caixas-pretas do voo foram abertas e começaram a ser analisadas neste sábado (10), a expectativa é de que um relatório preliminar seja divulgado em até 30 dias.

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