A Polícia Rodoviária Federal (PRF) enviou um pedido ao Ministério da Justiça para demitir o policial Ronaldo Bandeira, servidor da PRF em Santa Catarina. A ação resulta de um processo administrativo disciplinar (PAD) contra o agente após a divulgação de um vídeo no qual o policial, que também atua como professor em um cursinho, ensina como fazer uma “câmara de gás” em uma viatura, segundo apuração do G1.
O vídeo teria sido gravado em 2016 e, segundo o curso, tirado de contexto. A PRF confirmou à Gazeta do Povo o pedido de demissão do servidor.
O método apresentado por Bandeira guarda semelhanças com o caso Genivaldo Santos, no qual servidores da PRF de Sergipe asfixiaram um homem de 38 anos até a morte, em 2022, após detê-lo e colocá-lo em uma viatura com gás lacrimogêneo. Os agentes foram demitidos e devem ser julgados em um júri popular.
No vídeo que viralizou nas redes sociais, Bandeira relata a utilização desse procedimento em uma abordagem conjuntamente com outros policiais. Ele descreve o incidente, afirmando que o detido tentou quebrar o vidro da viatura com chutes e que continuou agindo de forma agressiva.
“Ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo”, afirmou na gravação.
Em seguida, Bandeira descreve a ação de abrir o porta-malas e aplicar spray de pimenta no interior do veículo. “A pessoa fica mansinha. Daqui a pouco só escutei: 'Vou morrer! Vou morrer'. Aí eu fiquei com pena, cara. Abri [e falei] assim: 'Tortura!', e fechei de novo”, acrescentou, rindo, dizendo depois “sacanagem, fiz isso não”.
A corregedoria da PRF localizou a vítima da abordagem descrita por Bandeira, que confirmou as agressões. As conclusões enviadas ao Ministério da Justiça solicitam a demissão do policial rodoviário com base nas agressões na abordagem e no relato feito em sala de aula registrado em vídeo.
“Após Processo Administrativo Disciplinar – em que foi garantida a ampla defesa –, a Corregedoria Geral da PRF recomendou a demissão do referido servidor. Tal despacho foi encaminhado para o Ministério da Justiça e Segurança Pública a fim de subsidiar a decisão final da autoridade competente”, disse a PRF à reportagem.
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