• Carregando...
Rodovias
A rodovia MT-487 é uma das estradas com piores trechos, apesar da concessão| Foto: Divulgação / CNT

A Pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) de Rodovias 2024 mostrou que a maioria das rodovias concedidas à iniciativa privada apresenta melhores condições de conservação do que as estradas geridas pelo poder público. Apesar disso, o levantamento revela que ainda há pistas pedagiadas em condições de conservação ruins e até mesmo péssimas no país.

Para chegar aos resultados, a CNT avaliou três itens principais da malha rodoviária brasileira: pavimento, sinalização e geometria. O primeiro leva em conta a cobertura asfáltica e a presença de buracos na pista, entre outros fatores. O segundo avalia a presença de placas e sinalização adequada nas estradas. O terceiro, por sua vez, contempla o desenho do trajeto em si, a quantidade de pistas duplas ou triplas e a velocidade máxima permitida na rodovia a partir das condições de trafegabilidade.

PE-028, em Pernambuco, está em péssima condição, aponta pesquisa

Uma das rodovias concedidas avaliadas pelos pesquisadores com a pior classificação é a PE-028, no estado de Pernambuco. A via estadual está entre as duas ligações mais importantes da capital Recife ao litoral sul do estado.

A Rota do Atlântico é a principal via de acesso para praias populares como Porto de Galinhas, Muro Alto e Maracaípe, muito visitadas por turistas, além de ser a porta de entrada para o Complexo de Suape. A Rota dos Coqueiros conecta os municípios de Jaboatão dos Guararapes ao Cabo de Santo Agostinho, facilitando o acesso a praias do litoral sul, incluindo Paiva, Calhetas e Itapuama.

Um trecho de 7 km da PE-028, segundo a CNT, apresenta pavimentação ruim, além de geometria e sinalização péssimas. Com isso, a classificação geral da rodovia foi considerada péssima pela pesquisa.

Rodovias
Trecho da rodovia PE-028, na região de cabo de Santo Agostinho (PE).| Divulgação / CNT

MT-443 é a outra rodovia concedida sob péssimo estado de conservação

A situação é semelhante na MT-443, rodovia estadual concedida ao setor privado no Mato Grosso. A via faz parte da chamada Rodovia do Barreiro, composta por trechos de três estradas originalmente estaduais municipalizados em agosto de 2023.

O governo de Mato Grosso passou ao município de Sorriso o domínio e o patrimônio imobiliário de 59,97 quilômetros da MT-487, do entroncamento com a BR-163 até o entroncamento com a MT-222; e 37,59 quilômetros da MT-443, entre o entroncamento com a MT-487 e o entroncamento com a MT-242.

A pavimentação da MT-443 em 10 km avaliados pela pesquisa foi considerada péssima. Associada à sinalização e geometria ruins, a estrada foi avaliada como em péssimo estado de conservação.

A reportagem da Gazeta do Povo tentou contato com as gestoras de ambas as rodovias, mas não conseguiu retorno. Na via em Pernambuco, a concessão é do Grupo Monte Rodovias. Na estrada no Mato Grosso, a concessão foi feita pela prefeitura de Sorriso para a Associação dos Produtores da Gleba Barreiro. O espaço segue aberto para manifestações.

Veja uma lista de 10 das piores rodovias sob concessão no Brasil de acordo com a CNT

Péssimas

  • MT-443: 10 km, concedida à Associação dos Produtores da Gleba Barreiro
  • PE-028: 7 km, concedida ao Grupo Monte Rodovias

Ruins

  • MT-242: 139km, concedida à InterVias
  • MT-220: 138km, concedida à Via Norte Sul
  • MT-358: 127km, concedida à Via Brasil
  • MT-235: 96km, concedida à SPS
  • MT-140: 90km, concedida à InterVias
  • RS-235: 75km, concedida à EGR
  • MT-487: 46km, concedida à Associação dos Produtores da Gleba Barreiro
  • MG-455: 43km, concedida à EPR Sul de Minas
Rodovias
Trecho da MG-455 na região de Uberlândia (MG).| Divulgação / CNT

Rodovias sob gestão privada em mau estado são exceções no Brasil

O levantamento feito pela CNT sobre as rodovias brasileiras mostra que essas condições são exceção entre as estradas sob concessão no país. Rodovias pedagiadas classificadas, de modo geral, como ótimas ou boas, representam 63,1% do total. No outro extremo, as vias em condições de conservação ruins ou mesmo péssimas somam pouco mais de 6%. Na prática, entre as concessões, para cada km de estradas deterioradas há outros 10 km de vias em condições excelentes de trafegabilidade.

Em 2023, a CNT publicou um estudo no qual classifica as concessões como determinantes para o desenvolvimento nacional a expansão e a devida manutenção da malha viária brasileira. A confederação reconhece a importância e declara apoio à continuidade da agenda de concessões de rodovias no país.

Para a CNT, o modelo de concessões influencia positivamente na qualidade rodoviária, uma vez que os contratos de longo prazo definem investimentos e padrões de desempenho a serem seguidos pelos concessionários. Ainda assim, a confederação defende que a expansão das parcerias com a iniciativa privada não é justificativa para que o Estado negligencie os investimentos na infraestrutura rodoviária.

“Há complementariedade entre a provisão de infraestruturas pela iniciativa privada e pelo setor público. Se, de um lado, nem todas as rodovias nacionais são atrativas para a iniciativa privada, o que acentua o papel inalienável da gestão pública nessas vias, por outro, o investimento público eficiente e bem planejado traz ganhos de produtividade e atrai a iniciativa privada, em um ciclo virtuoso de desenvolvimento”, aponta Vander Costa, presidente da CNT.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]