Rota do Rosário passa por 15 santuários no Paraná.| Foto: Infografia/Gazeta do Povo a partir da imagem de Guilherme Melo/Prefeitura de Jacarezinho
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Pode ser apenas uma coincidência, mas olhando por cima, no mapa, o principal roteiro religioso do Paraná e um dos mais longos do Brasil tem o formato de um rosário. Passando por 17 cidades dos Campos Gerais e do Norte Pioneiro do estado, foi exatamente esse desenho que inspirou seu nome: Rota do Rosário.

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Esta reportagem inicia a série Trilhas do Sagrado da Gazeta do Povo.

Estabelecido em 2008 pelo bispo Dom Fernando José Penteado, o percurso é um projeto de evangelização da Diocese de Jacarezinho com o objetivo de comunhão entre os 15 santuários espalhados pela rota. Nesse caminho, criado também com a intenção de fomentar o turismo na região, estão patrimônios culturais, históricos e arquitetônicos, como museus, festas, shows e eventos culturais.

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A Rota do Rosário parte de Piraí do Sul e pode ser feita por dois caminhos, um no sentido Ibaiti e outro seguindo inicialmente por Tomazina. Independentemente de qual lado seguir, o percurso tem um total de 650 quilômetros, vencidos principalmente por pequenas estradas rurais, de terra e pedra. O asfalto é raro, dando de quebra uma oportunidade para se conectar à natureza.

O turismo religioso melhorou a estrutura, com opções de hospedagem, alimentação e comércio.

O ponto de partida é o Santuário Nossa Senhora das Brotas, localizado em um bosque repleto de araucárias, árvores nativas e riachos. É um convite para carregar a energia necessária para encarar a longa jornada de peregrinação. Pelo caminho estão outros 14 santuários, com destaque para:

  • São Miguel Arcanjo (Bandeirantes)
  • Igrejinha São João Batista (Arapoti)
  • Divino Espírito Santo (Ribeirão do Pinhal)
  • Ecológico da Santa do Paredão (Jaguariaíva)
  • Mãe Rainha e Vencedora de Schoenstatt (Jacarezinho)
Santuário Nossa Senhora das Brotas é o ponto de partida da Rota do Rosário.| Foto: Toninho Anhaia/Prefeitura de Piraí do Sul
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Além dos santuários, há no caminho igrejas, capelas, mosteiros e museus de várias temáticas, sejam religiosos, históricos e mesmo ferroviário. Não é por acaso que a Rota do Rosário, desde que foi criada, vem mudando as cidades por onde passa. O turismo religioso melhorou a estrutura, com opções de hospedagem, alimentação e comércio para atender os romeiros que chegam e partem durante todo o ano.

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“A rota fez crescer a fé e aumentar a evangelização da forma de turismo”, aponta a coordenadora da Pastoral do Turismo (Pastur), Josemere Silva. “As cidades se tornaram conhecidas, com os romeiros entrando nas cidades, beneficiando também a economia”, acrescenta. A Rota do Rosário, inclusive, pode ser incluída em breve no roteiro oficial do estado, por força de um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

Santuário Nossa Senhora de Guadalupe é parada obrigatória em Jacarezinho.| Foto: Guilherme Melo/Prefeitura de Jacarezinho

A pé, de bicicleta ou a cavalo, a Rota do Rosário é para todos

Vencer 650 quilômetros a pé não é uma tarefa das mais simples. Percorrer a Rota do Rosário inteira exige bastante preparo físico, semelhante ao de quem faz o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, a principal rota de peregrinação do mundo. Por isso, não se espera que a caminhada dure menos do que três semanas, andando entre 20 e 30 quilômetros diariamente.

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Como existem várias cidades no caminho, os trechos podem ser divididos entre elas, parando nos santuários e se hospedando para seguir no dia seguinte. Isso com a ajuda da Pastoral do Turismo, principalmente nos dias votivos nos santuários. “Nós ficamos responsáveis por acolher as pessoas na porta das igrejas e pelas leituras, contando também a história do município e dos santuários”, observa Josemere.

Uma forma bastante comum para fazer a Rota do Rosário é de bicicleta. É possível percorrer os mais de 600 quilômetros por conta própria, mas também há circuitos organizados, com suporte aos ciclistas ao longo do trajeto. A sugestão dos organizadores das pedaladas é dividir em seis dias:

  • 1º dia: de Piraí do Sul a Arapoti, percorrendo 107 quilômetros.
  • 2º dia: entre Arapoti e  Bairro da Triolândia, em Ribeirão do Pinhal, são vencidos 128 quilômetros.
  • 3º dia: de Ribeirão do Pinhal até Andirá, pedalando por 122 quilômetros.
  • 4º dia: de Andirá até Ribeirão Claro, percorrendo 115 quilômetros.
  • 5º dia: de Ribeirão Claro a Siqueira Campos, trecho com 106 quilômetros.
  • 6º dia: entre Siqueira Campos e Arapoti, passando por 102 quilômetros.
Rota do Rosário pode ser percorrida por bicicleta.| Foto: Divulgação/AEN

A Rota do Rosário se confunde em alguns trechos com os antigos caminhos por onde passavam os tropeiros que saíam do Rio Grande do Sul até Sorocaba, em São Paulo. Por isso, o percurso é frequentemente realizado de cavalo, como uma romaria tropeira, partindo exatamente de Piraí do Sul, no Santuário de Nossa Senhora das Brotas, a padroeira dos tropeiros.

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Seja como for, Dom Fernando José Penteado definiu lá no lançamento o significado da Rota do Rosário: “É um caminho de fé a ser percorrido; é uma ação que pode ser ecumênica, pois não exclui ninguém. Cada um deve contribuir com o seu brilho, o seu modo de participar para enriquecer toda a comunidade.”

Serviço: