Orçada a R$ 13 bilhões, a obra daquela que é considerada a maior ponte sobre lâmina d'água da América Latina deve iniciar em fevereiro. Com 12,4 quilômetros de extensão, a ponte vai ligar Salvador à Ilha de Itaparica, na Bahia. O ganho em mobilidade, ao fim do empreendimento, será concluir o deslocamento em 15 minutos ao invés das atuais cerca de quatro horas que dura o deslocamento por terra ou, então, uma hora pelo ferry boat.
A obra começa atrasada: o prazo inicial dos trabalhos estava previsto para 2021 a um custo de R$ 5,4 bilhões, fixado por meio de uma parceria público-privada (PPP) entre o governo baiano e um consórcio chinês. Estão envolvidos na obra de infraestrutura dois grupos que estão entre os maiores do mundo no segmento de construção e infraestrutura: China Railway 20th Bureau Group Corporation (CR20) e China Communications Construction Company (CCCC). É em território chinês que estão concentradas as maiores pontes do planeta. O trecho terá duas praças de pedágio e o consórcio poderá explorar a concessão por 35 anos.
A confirmação da data para início dos trabalhos da ponte Salvador-Itaparica se dá poucos dias após o governador Jerônimo Rodrigues (PT) falar, em entrevista concedida a um grupo de jornalistas, que “reza” para o projeto sair do papel. O governador baiano disse que cogitou o rompimento do contrato, caso o cronograma não avance conforme a previsão atual. “Se não deu certo, desmancha e faz outro”, respondeu ele, sobre o contrato.
Rodrigues voltou a afirmar que muito do atraso se deu por conta da pandemia de covid-19, nos anos de 2021 e 2022. “O calendário que o consórcio nos ofereceu é que os navios, que vão começar a sondagem em águas rasas, deverão chegar em janeiro. Nós estamos em janeiro. Eu tenho muita fé”, disse.
A Concessionária Ponte Salvador-Itaparica afirmou à Gazeta do Povo que as obras do empreendimento vão começar com a sondagem na Baía de Todos os Santos, no próximo mês. “Essa atividade consiste em perfurações para coleta de amostras do solo onde ficarão os pilares. Isso ajudará a compreender as características de resistência do solo que serão utilizadas para definições da fundação da ponte”, informou.
Esta sondagem tem duração de 10 meses e será seguida pela montagem do canteiro de obras. A construção da ponte tem duração prevista de quatro anos a partir disso. A previsão para conclusão dos trabalhos e entrega da estrutura para tráfego de veículos é fim de 2028. Até lá, a ponte Rio-Niterói, que liga os dois municípios no estado do Rio de Janeiro, detém o título de maior, com 13,2 quilômetros de extensão, incluindo um trecho sobre terra firme (são 8,8 quilômetros em cima da água).
Ponte Salvador-Itaparica impacta 10 milhões de pessoas
O Sistema Rodoviário Ponte Salvador-Ilha de Itaparica vai beneficiar, segundo a concessionária, 10 milhões de habitantes em cerca de 250 municípios. “No pico da obra serão gerados cerca de 7 mil empregos. Serão implantados mais de 50 programas, englobando temas ambientais, socioculturais, uso e ocupação do solo, habitação, infraestrutura urbana e educação”, destaca.
Segundo o grupo internacional de investimentos, a estrutura também promete incrementar o turismo em regiões como Itacaré, Ilhéus, Porto Seguro, Caraíva e Trancoso. “A ponte vai contribuir para o aumento da competitividade logística na medida em que aproxima o porto de Salvador de diversas regiões do estado já que vai haver uma ligação mais rápida entre a capital e as rodovias BR-101, BR-116 e BR-242. As viagens serão encurtadas em mais de 100 quilômetros e redução de mais de 40% do tempo de deslocamento por não ser mais necessário realizar o contorno pela BR-101”, destacou.
De onde virão os recursos bilionários para a ponte Salvador-Itaparica?
O projeto terá 80% dos recursos financeiros vindos da concessionária e 20% do governo da Bahia, por meio de aportes financeiros. “Dentro da fatia que cabe à concessionária, 80% dos recursos virão por meio de financiamentos com bancos brasileiros e chineses. Os 20% restantes serão de capital próprio dos acionistas. As garantias do projeto e a elevada capacidade de crédito dos acionistas devem viabilizar a captação do financiamento no volume necessário. Os bancos BNDES, BNB e Eximbank China já sinalizaram favoravelmente à participação no financiamento”.
Em setembro do ano passado, o banco internacional havia aprovado a liberação de US$ 150 milhões para o governo do estado utilizar na estrutura, mas essa é apenas uma fatia dos recursos necessários para o projeto.
O projeto trecho a trecho
O chamado trecho 1 da ponte Salvador-Itaparica prevê a construção das estruturas que compõem os acessos viários na capital do estado. Serão 4,2 quilômetros com um conjunto de viadutos, além de dois túneis praticamente paralelos aos existentes na Via Expressa.
O trecho 2 prevê um vão principal, por onde deverão passar as embarcações. Serão 482 metros de extensão e os dois vãos secundários terão, cada um, 220 metros. Eles devem permitir a navegabilidade de navios transatlânticos, petroleiros e plataformas.
“Para projetar os vãos principal e secundários, locais de passagens do tráfego marítimo de grande porte, foi adotada a norma americana Astho, utilizada mundialmente na elaboração de projetos desta natureza. Os vãos foram projetados levando em consideração o tráfego marítimo esperado para os próximos 50 anos, considerando os maiores navios do mundo, inclusive aqueles sem histórico de tráfego na Baía de Todos os Santos”, esclarece a concessionária.
O trecho 3 conta com os acessos viários na Ilha de Itaparica, com a construção do sistema viário de Itaparica de aproximadamente 30 quilômetros de extensão, entre a chegada da Ponte Salvador–Itaparica até a interseção com a BA-001 a partir de uma nova rodovia que terá viadutos incorporados em três interseções.
“O trecho 4 compreende a recuperação e ampliação de trecho da BA-001, nas proximidades de Cacha Prego até a Cabeceira da Ponte do Funil”, informa o consórcio.
Após a realização de estudo de demanda de tráfego, que levou em consideração o crescimento populacional para os próximos 30 anos, foi definido que a ponte contará com três pistas por sentido. A terceira, inicialmente, funcionará como acostamento.
O estudo detectou ainda que, nos primeiros anos de funcionamento, duas faixas serão suficientes para atender a demanda prevista. “A ponte contará ainda com uma barreira móvel que dividirá os sentidos do trânsito e poderá ser deslocada para qualquer um dos lados, conforme for a demanda do momento, como em feriados e datas comemorativas. Está previsto um fluxo de 28 mil veículos por dia no primeiro ano de operação e não haverá restrição para nenhum tipo de veículo”.
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