Além dos R$ 16 milhões para desassorear o rio Itajaí-Açu, outros R$ 3,4 milhões serão usados para remover ilha de detritos do meio do rio.| Foto: Divulgação/Defesa Civil de Santa Catarina
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O projeto para evitar novas cheias no rio Itajaí-Açu - como a tragédia ocorrida em 2008 - vai atrasar. A dragagem do leito do curso d’água, iniciada pelo governo de Santa Catarina em meados do ano passado, tinha previsão de ser concluída neste início de 2025, mas uma segunda licitação precisou ser aberta. O objeto é retirar uma "ilha" formada por sujeira, sedimentos e galhos de árvores em meio ao Itajaí-Açu.

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Para a dragagem original foi aberta uma licitação no valor de cerca de R$ 16 milhões, orçamento calculado para desassorear 8,2 quilômetros de extensão do rio. Até o início de janeiro, 6 quilômetros do projeto haviam sido concluídos. Nas contas do governo catarinense, foram removidos cerca de 100 mil m³ de lama, areia e detritos acumulados.

Em visitas às obras, o governador Jorginho Mello (PL) enfatizou que a obra de desassoreamento do rio Itajaí-Açu é esperada há décadas pelos moradores da região. “Essa obra representa o compromisso que assumimos com os catarinenses. Estamos realizando um trabalho que não vai parar. Temos novas licitações em andamento e seguiremos avançando com intervenções que mudam a vida das pessoas”, afirmou.

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Nova licitação para retirada de "ilha" de sujeira tem teto de R$ 3,4 milhões

À Gazeta do Povo, a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina confirmou que o certame escolheu uma empresa vencedora para a nova etapa de limpeza do rio, mas acrescentou que só poderá dar mais detalhes depois da assinatura do contrato.

A reportagem apurou que o teto da nova licitação para remover a "ilha" de detritos e sedimentos é de R$ 3,4 milhões. O local fica abaixo do trecho atendido pela primeira licitação, e demandará trabalhos por mais 750 metros no leito e nas margens do rio. Após a assinatura do contrato, que depende da emissão de licença ambiental, a empresa vencedora do novo leilão terá 90 dias para concluir o serviço.

Além das festas do final do ano, chuvas intensas na região e a consequente elevação no nível do rio fizeram com que os trabalhos fossem interrompidos por quase 60 dias. A meta do serviço, avaliou a Defesa Civil catarinense, acabou sendo “ajustada devido a desafios climáticos”.

Trabalhos de desassoreamento do rio Itajaí-Açu, em Santa Catarina, ficaram suspensos por quase dois meses no fim de 2024.| Foto: Divulgação/Defesa Civil de Santa Catarina

Material retirado do rio está sendo colocado em "bota-fora"

Segundo a secretaria, os 100 mil m³ de detritos retirados do Itajaí-açu correspondem a 49% da extensão total da obra. Por isso, R$ 7 milhões do orçamento total foram efetivamente pagos ao consórcio responsável pelo desassoreamento.

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O material retirado do leito do rio está sendo carregado para áreas conhecidas como “bota-fora”. Os locais foram definidos previamente pela prefeitura de Rio do Sul, onde se concentram as atividades, com o aval da Defesa Civil.

De acordo com o governo catarinense, nem todas as áreas previamente selecionadas foram utilizadas, com outras sendo adicionadas em caráter emergencial. Parte dos detritos considerados de melhor qualidade vai ser reutilizada pela prefeitura como forma de garantir um descarte seguro e ambientalmente responsável do material retirado do rio, informa o órgão.

"Bota fora" onde foram colocados materiais retirados no trabalho de desassoreamento do rio Itajaí-Açu, em Santa Catarina.| Foto: Divulgação/Defesa Civil de Santa Catarina

Obra tem caráter paliativo, diz especialista

Além de reduzir o risco de enchentes, o desassoreamento promete melhorar a qualidade de vida e fortalecer a segurança hídrica da região. Apesar de a medida ajudar a reduzir a velocidade das cheias, sozinha não é suficiente para evitar que a região volte a sofrer com inundações.

A avaliação é do professor e oceanógrafo Jurandir Pereira Filho, que coordena o Programa de Assessoria e Monitoramento Ambiental na Área de Influência do Porto de Itajaí (Mapi). Em entrevista à Gazeta do Povo no início dos trabalhos, ele alertou para o caráter paliativo da obra. “Ela, por si só, não resolve o problema. As medidas mais efetivas são de longo prazo e têm que ser tomadas ao longo da bacia hidrográfica da região”, ressaltou o especialista.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]