Silvio Santos, que faleceu aos 93 anos neste sábado (17), iniciou sua carreira como camelô no centro do Rio de Janeiro, na década de 1940, aos 16 anos. Anos depois, Silvio se tornou um megaempresário bilionário, dono de cerca de 30 empresas, incluindo o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).
Nascido em 1930, Senor Abravanel, filho de imigrantes, recebeu o apelido "Silvio" dado por sua mãe. O nome "Santos" surgiu mais tarde, durante um show de calouros. Aos 16 anos, vendia de tudo nas ruas do Rio. Antes de completar 18 anos, venceu um concurso na Rádio Guanabara e iniciou sua trajetória na comunicação, trabalhando na Rádio Mauá, embora preferisse as vendas por serem mais lucrativas.
Aos 18 anos, Silvio serviu no Exército Brasileiro na Escola de Paraquedistas, na Zona Oeste do Rio. Com folgas aos domingos, voltou a trabalhar nas rádios, atuando na Rádio Tupi e, depois, na Rádio Continental.
O início do empresário com o Baú da Felicidade
Aos 20 anos, Silvio se mudou para São Paulo, onde passou a maior parte de sua vida. Na capital paulista, Silvio conheceu Manuel de Nóbrega, pai do apresentador Carlos Alberto de Nóbrega. Juntos, realizaram a "Caravana do Peru que Fala", um show que envolvia artistas de circo e ocorria nos finais de semana.
A dupla começou a vender presentes e brinquedos parcelados em 12 meses, dando origem ao famoso "Baú da Felicidade". Silvio firmou parceria com a marca de brinquedos Estrela e vendeu mais de 40 mil bonecas. Anos depois, Nóbrega vendeu sua parte, e Silvio expandiu o sistema de crediário para incluir eletrodomésticos, tornando o negócio ainda mais lucrativo.
Com o dinheiro do Baú, Silvio realizou um antigo sonho: comprou um espaço na programação da TV Paulista para ter seu próprio programa, sem interferências. A TV Paulista foi incorporada à TV Globo em 1966, mas Silvio continuou como apresentador do canal. No final dos anos 1960, o programa de Silvio Santos já era um sucesso de audiência. Em 1963, estreou o "Programa Silvio Santos". Segundo o Ibope, Silvio perdeu por apenas um ponto para a transmissão do homem à Lua, em 1969.
No início dos anos 1970, Silvio já era um dos maiores apresentadores de TV no Brasil. Com o sucesso, expandiu seus negócios, incluindo a loja de móveis Tamakavy e a concessionária de veículos Vimave. Em 1971, Silvio criou o “Troféu Imprensa”, que foi apresentado por ele até 2022.
Ainda nos anos 1970, a TV Globo, onde Silvio trabalhava, passou por mudanças lideradas por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e Walter Clark. A dupla pedia a saída de Silvio, que, segundo eles, não se alinhava ao padrão de qualidade da emissora. No entanto, Roberto Marinho, dono da TV Globo, convenceu Silvio a ficar e assinar um contrato de quatro anos com a emissora.
Em 1974, Silvio inaugurava os estúdios Silvio Santos Cinema e Televisão Ltda, onde gravava seus programas e comerciais, além de alugar o espaço para outras produções. O feito era inédito para um apresentador de televisão.
Em dezembro de 1975, Silvio deu um grande passo ao vencer a concorrência para a concessão do canal 11 do Rio de Janeiro. A oficialização ocorreu em Brasília, com a assinatura do presidente da República, Ernesto Geisel. Silvio convidou Manuel de Nóbrega para ser o diretor-geral da nova emissora. Nóbrega faleceu três meses depois, antes de ver a emissora no ar. Poucos meses depois, em maio de 1976, nasceu a TVS, que anos mais tarde se tornou o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), em setembro de 1981.
Entre os sucessos de Silvio, destaca-se a Tele Sena, um título de capitalização do Grupo Silvio Santos. Em 1993, a Tele Sena gerava filas nas agências dos Correios e rendeu cerca de 40 milhões de dólares apenas naquele ano. Silvio Santos apareceu pela primeira vez na lista da Forbes em 2013. No ano passado, seu patrimônio foi avaliado em R$ 1,6 bilhão, colocando-o entre os mais ricos do país, na 209ª posição na lista da Forbes no país.
Silvio foi casado com Maria Aparecida Vieira por 15 anos, até a morte dela em 1977. Em 1981, casou-se com Íris Abravanel, com quem ficou por 42 anos. O empresário teve seis filhas.
Grupo Silvio Santos foi parar nas páginas policiais
O Banco PanAmericano, atual Banco Pan, que integrava o Grupo Silvio Santos, foi destaque nas manchetes policiais em 2010, quando o Banco Central (BC) detectou um rombo nas contas da instituição. O banco recebeu um aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), tendo os bens do Grupo Silvio Santos como garantia.
A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para apurar crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. No ano seguinte, Silvio Santos vendeu o banco para o BTG Pactual, quitando assim as dívidas do grupo com o Fundo Garantidor. Em 2018, sete ex-executivos do banco foram condenados.
Silvio Santos tentou ser presidente da República em 1989
Silvio Santos tentou disputar a eleição presidencial de 1989, a primeira por voto direto em quase três décadas. O empresário era filiado ao Partido Municipalista Brasileiro (PMB), que foi extinto após essa eleição.
A candidatura foi oficializada apenas quinze dias antes do primeiro turno. Partidos políticos contestaram a candidatura, que foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 9 de novembro, uma semana antes da eleição.
Apesar de fracassada, a tentativa de Silvio Santos agitou o pleito. A eleição terminou com a vitória de Fernando Collor (PRN), que derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, realizada em 17 de dezembro de 1989.
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