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Governador Bahia Jerônimo Rodrigues presidente Lula
Aliado de Lula, governador baiano prometeu diminuir letalidade durante campanha eleitoral| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

A Polícia Militar da Bahia matou o dobro de pessoas em operações até outubro de 2024 em comparação ao efetivo da PM de São Paulo, conforme comparativo dos dados divulgados pelo Ministério Público de cada estado. Apesar disso, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), enfrenta menos cobranças pela implementação de câmeras corporais em policiais do que o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Entre janeiro e outubro deste ano, a Polícia Militar de São Paulo registrou 692 mortes em operações, segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP). No mesmo período, a polícia baiana contabilizou 1.339 mortes, de acordo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA). São Paulo possui três vezes mais habitantes que a Bahia: cerca de 46 milhões contra 14,8 milhões, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Adicionando os meses de novembro e dezembro, a PM de São Paulo matou 810 pessoas em 2024

Embora tenha prometido durante a campanha eleitoral reduzir a letalidade policial com o uso de câmeras, Jerônimo Rodrigues iniciou a implementação dos equipamentos somente em maio deste ano. Já em São Paulo, as câmeras corporais estão em uso desde 2020, implantadas ainda na gestão de João Doria, hoje sem partido.

STF exige câmeras em São Paulo, mas ignora letalidade baiana

O Supremo Tribunal Federal (STF) impôs o uso de câmeras a todos os policiais paulistas envolvidos em operações, mas aceitou as explicações da gestão petista sobre a alta letalidade no estado baiano. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, determinou que São Paulo mantenha o modelo atual de gravações ininterruptas e acionamento automático, implementado na gestão de Doria, até que novos métodos propostos por Tarcísio sejam comprovados como eficazes.

A gestão paulista sugeriu câmeras com acionamento remoto, que gravam automaticamente ao detectar sons de tiros, movimentos bruscos ou proximidade de ocorrências. No entanto, testes apontaram que as funcionalidades ainda não estão disponíveis.

Já na Bahia, o STF não tomou decisões recentes exigindo o uso de câmeras. O governo baiano informou à Gazeta do Povo que testa os equipamentos em diversas forças de segurança, incluindo as polícias Militar, Civil e Técnico-Científica, além do Corpo de Bombeiros.

Polícia de São Paulo tem oito vezes mais câmeras que corporação baiana

São Paulo possui 10.125 câmeras corporais em operação, enquanto o estado da Bahia tem 1.300, segundo dados das secretarias da Segurança Pública. Em São Paulo, 12,5% dos 81 mil policiais utilizam câmeras, enquanto, na Bahia, apenas 3,4% dos 38 mil agentes possuem o equipamento.

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que as câmeras estão sendo usadas por 13 unidades da Polícia Militar em Salvador e na Região Metropolitana. Em nota, a pasta afirmou buscar recursos junto ao Ministério da Justiça para ampliar o número de equipamentos.

Já em São Paulo, a pasta da Segurança informou que a polícia adquiriu 2,5 mil novas câmeras, o que aumentará a cobertura dos batalhões de 52% para 70% do território. A implantação ocorrerá até o dia 31 de dezembro, após testes de funcionalidade.

Em nota enviada à Gazeta do Povo o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que não é possível informar quantos estados utilizam o programa de câmeras corporais nas fardas. "Está em curso um diagnóstico amplo sobre a utilização de câmeras corporais em segurança pública no país. No entanto, não é possível precisar o número exato de câmeras em uso em cada estado ou identificar quantos estados estão estudando implementar essa tecnologia. Os estados têm autonomia para gerir e implantar políticas e equipamentos nas suas forças de segurança pública", justifica o governo federal.

Governador da Bahia critica Lula e cobra apoio na segurança

Governada pelo PT desde 2007, a Bahia já foi administrada por Jacques Wagner e Rui Costa, atual ministro-chefe da Casa Civil do presidente Lula (PT). Jerônimo Rodrigues, eleito em 2022 com apoio do presidente, prometeu reduzir a letalidade policial no estado durante a campanha.

“O cerco aos grupos criminosos deve ser feito pelo governo federal. Não estou jogando a responsabilidade, mas dizendo: Lula, elegemos você e queremos essa parceria”, cobrou Rodrigues em junho. O governo federal e o Ministério da Justiça não responderam publicamente às declarações do governador baiano.

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