Os rumos tomados pela série televisiva “The Walking Dead” parecem ser um sintoma claro do desgaste do gênero horror com zumbis, que teve uma retomada no início dos anos 2000 no cinema com filmes como “Extermínio” (2002), de Danny Boyle, e “Madrugada dos Mortos” (2004), de Zack Snyder. A série de videogame “Resident Evil” foi criada pela Capcom anos antes, em 1996, e adaptada para o cinema em 2002 com “Resident Evil: O Hóspede Maldito”, outro dos filmes que reviveu o gênero de horror com zumbis. Desde então, a série produziu cinco filmes até a chegada do sexto episódio, “Resident Evil 6: O Capítulo Final”, que estreou nos cinemas nesta semana.
A franquia cinematográfica mantinha uma relação com os primeiros videogames na trama original: uma equipe de forças especiais militares era enviada para combater um grupo de humanos transformados em monstros canibais após um acidente envolvendo um vírus criado por uma megacorporação farmacêutica, a Umbrella Corporation. Desde então, filmes e videogames trilharam caminhos diferentes (o último game da série, Resident Evil 7, acaba de ser lançado para Windows, PlayStation 4 e Xbox One, mas não guarda nenhuma relação com “O Capítulo Final”).
No cinema, a unidade criativa da franquia foi mantida pela mesma equipe de realizadores, chefiada pelo produtor, diretor e roteirista Paul W. S. Anderson, que busca, em “Resident Evil 6: O Capítulo Final”, amarrar algumas pontas soltas ao longo da série que perdurou por mais de 10 anos. O filme é, mais uma vez, estrelado por Milla Jovovich – também esposa de Anderson –, que encarna Alice, personagem que sobreviveu aos eventos catastróficos do quinto filme da série, que seriam o último esforço da humanidade para se salvar da infestação de mortos-vivos.
“O Capítulo Final” é um filme que faz justiça à mitologia criada por Anderson para a franquia. Além de fornecer explicações para elementos da trama que estavam em aberto desde o primeiro episódio, se beneficia do desenvolvimento tecnológico para dar ao fã da série e do gênero o tipo de ação esperada em um filme como esse.
A série “Resident Evil” pertence àquela categoria de filmes que fazem o espectador se sentir culpado por gostar de vê-los. Você sabe que aquilo não é o melhor cinema já feito, mas isso não elimina o prazer de assistir ao filme.
O “Caderno G” lembra de dez filmes que, se não são legítimos concorrentes a prêmios internacionais, são ao menos campeões em nossos corações:
1. Con Air – A Rota da Fuga (1997, diretor: Simon West)
Nicolas Cage, ame-o ou deixe-o. Não há meio termo com este ator, fantástico em filmes como “Despedida em Las Vegas” e “Adaptação” e, digamos, peculiar em outros como “Motoqueiro Fantasma” e “Caça às Bruxas”. A trama, que envolve o sequestro de um avião pelos criminosos mais perigosos da América, não é lá muito realista, mas isso é o que menos importa.
2. Tropas Estelares (1997, direção: Paul Verhoeven)
Aqui o efeito é o contrário: o filme pode parecer ruim à primeira vista (soldados do futuro lutam contra insetos gigantes pela sua sobrevivência), mas, na verdade, tem muitos méritos. O reconhecimento foi tardio. “Tropas Estelares” é uma grande sátira, uma crítica cruel e consciente do militarismo. E, claro, tem soldados lutando contra insetos gigantes.
3. Armageddon (1998, direção: Michael Bay)
“Armageddon” é um melodrama que envolve o sacrifício (ops, spoiler!) de uma equipe de recrutas da NASA que não encontra outra saída para destruir um asteroide que está em rota de colisão com a Terra. Bruce Willis em um momento de máxima canastrice estrela o filme. Lágrimas podem rolar.
4. Waterworld – O Segredo das Águas (1995, direção: Kevin Reynolds)
Kevin Costner era um dos maiores astros de Hollywood nos anos 1990 depois de enfileirar sucessos como “Dança com Lobos”, “JFK: A Pergunta que Não Quer Calar” e “O Guarda-Costas”. Considerado uma cópia bem cara (o mais caro já produzido até então) de “Mad Max 2”, o filme patinou nas bilheterias e ruiu nas críticas. Talvez o que mais falte a “Waterworld” seja um certo distanciamento. Afinal, “Mad Max” com jet-skis não pode ser tão ruim assim.
5. Howard, o Super-Herói (1986, direção: Willard Huyck)
George Lucas tem um lugar cativo no panteão do cinema por ter criado “Star Wars”. Mas, fora isso (o que não é pouco, convenhamos), quase todo o resto do que ele criou e dirigiu no cinema é irrelevante. “Howard, o Super-Herói” é a adaptação de uma HQ da Marvel produzida por Lucas nos anos 80, cujo protagonista é um pato vindo de outro planeta. Para quem se orgulha de ser um desbravador dos efeitos especiais, “Howard” é um show de horrores. O que faz de “Howard” digno de nota é perceber como um filme de herói era diferente nos anos 80, bem mais desbocado e ousado.
6. Transformers (2007, direção: Michael Bay)
Michael Bay transformou brinquedos japoneses em uma franquia cinematográfica de sucesso. E, de quebra, consolidou um gênero em que ele é o maior mestre. Seu cinema é um espetáculo visual único, com cortes ultrarrápidos, cores berrantes e megalomania. Esqueça a cena em que robôs gigantes alienígenas tentam se esconder no quintal de uma casa. O filme deve ser sorvido pelo que nossos sentidos mal conseguem alcançar. “Transformers” é, antes de tudo, uma experiência sensorial.
7. As Loucas Aventuras de James West (1999, direção: Barry Sonnenfeld)
Will Smith lutando contra uma aranha-robô gigante no velho oeste ao som de “Wild Wild West”.
8. Contato de Risco (2003, direção: Martin Brest)
Como conseguir transformar em uma bomba um filme com um elenco com Jennifer Lopez, Ben Affleck, Christopher Walken, Al Pacino e... Jennifer Lopez? Não importam os péssimos diálogos, a direção dos atores abaixo da crítica e o tombo nas bilheterias. É a Jennifer Lopez.
9. A Herança de Mr. Deeds (2002, direção: Steven Brill)
Invejosos diriam que qualquer filme de Adam Sandler está fadado a ser taxado como ruim, mas vamos dar uma chance aos dotes de comediante do rapaz. “Mr. Deeds” traz o melhor e o pior de Sandler como estrela. De seus trejeitos exagerados à sua simpatia de quem parece não se importar com nada. O filme ainda emula o clássico de Richard Pryor “Chuva de Milhões”.
10. Os Três Mosqueteiros (2011, direção: Paul W. S. Anderson)
Além dos seis filmes da série “Resident Evil”, Paul W. S. Anderson (não confundir com Paul Thomas Anderson, “Sangue Negro” e “Magnólia”) é dono de uma extensa filmografia que conta com títulos como “O Enigma do Horizonte” e “Corrida Mortal”. Sua versão para “Os Três Mosqueteiros” é uma grande piada com o texto original de Alexandre Dumas. Anderson usa atores relativamente desconhecidos para interpretar os Mosqueteiros e um grande elenco (Christoph Waltz, Orlando Bloom) como coadjuvante. O filme é despretensioso e assumidamente charlatão.
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