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Que presente você detestaria ganhar? E qual te deixaria feliz? Essas duas perguntas foram respondidas pela equipe do Caderno G, com cada jornalista listando um presente “ruim” e um “bom”, sempre com pé na cultura. No fim, a lista oferece um compêndio de ideias para agradar (ou irritar) pessoas queridas (ou não) neste Natal.

Seriados? Não, obrigado

Ruim

Box de séries

Ainda que o DVD e o Blu-ray sejam aparelhos com a existência ameaçada, duvido que um fã de séries não fique com os olhos brilhando ao contemplar aqueles boxes com temporadas completas, nas suas luxuosas embalagens – tipo “Better Call Saul” (a 1.ª temporada sai por R$ 79,90 em DVD) e “The Walking Dead” (R$ 139,90, a 5.ª temporada, também em DVD). Muitos namoram essas caixas, mesmo que seja para exibi-las na prateleira da sala, mas não eu. Nada contra as séries. O problema sou eu. Meu cérebro é preguiçoso para seriados e, salvo exceções, desiste nos primeiros episódios.

Bom

“Vá, coloque um vigia”, de Harper Lee

“O sol é para todos” é um dos maiores clássicos da literatura americana. Escrito em 1960, tornou-se a única obra de Harper Lee, uma escritora que desde então se manteve reclusa e não lançou nenhum outro trabalho. Isso até este ano. Um manuscrito descoberto na casa da escritora se tornou “Vá, coloque um vigia” (Tradução de Beatriz Horta. José Olympio, 350 pp., R$ 45), livro que retoma os personagens da brilhante narrativa de “O sol é para todos”. (Anderson Gonçalves)

Troque auto-ajuda por Tolstoi

Ruim

“Ansiedade”, de Augusto Cury

Não gostaria de ganhar um livro de autoajuda. De jeito nenhum. Como esses do Augusto Cury (no mais recente, ele fala sobre “Ansiedade – como enfrentar o mal do século”). Na verdade, parece que não há tema que a autoajuda não possa simplificar a fim de extorquir dinheiro dos pobres leitores que acreditam no que dizem os títulos e subtítulos. Se por acaso acontecesse de eu ganhar um livro assim, passaria num sebo na manhã do dia 26 de dezembro para tentar trocar.

Bom

“Contos Completos – Tolstoi”

Adoraria ganhar a caixa dos “Contos Completos de Liev Tolstói” – pensando na licença maternidade que está pela frente (na licença anterior, finalmente li “Guerra e Paz”. A continuidade autoral traria boas lembranças dos “tempos de Catarina”). O problema é que o amigo-secreto precisa ganhar bem, porque o preço é salgadinho (Cosac Naify, 2.080 pp., R$ 139,90), mas mais do que justo para uma tradução de Rubens Figueiredo. Agora, que anunciaram o fechamento da Cosac Naify – a editora decidiu encerrar seus trabalhos –, esse presente ganha também ares de homenagem. (Helena Carnieri)

Um computador na sua TV

Ruim

Games e HQs

Entendo que videogames e histórias em quadrinhos têm méritos quando são bem feitos e são até considerados uma forma de arte – ou, ao menos no caso dos games, uma forma de comércio que merece respeito. Mas um jogo como “Assassin’s Creed Syndicate” (Ubisoft, R$ 129,90 a versão para PC) não me diz nada. O mesmo vale para a HQ “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, que voltaram a ser badalados agora porque o autor, Frank Miller, está no Brasil para a Comic Con.

Bom

Set-top box

É uma traquitana de streaming , um minicomputador que processa informações da web para a televisão. Ele torna a TV mais “smart”. No Brasil, as mais conhecidas são Apple TV e Google Chromecast. A do Google é mais barata, cerca de R$ 200. A da Apple (R$ 500 na 3.ª geração e, putz, R$ 1.349 na 4.ª) tem mais velocidade e mais memória – a lógica aqui é a mesma dos computadores. Com ela, você tem acesso à Netflix, ao iTunes, pode espelhar outros aparelhos Apple e assistir, por exemplo, à temporada de basquete da NBA, pagando pelos jogos sem precisar de TV por assinatura. (Irinêo Baptista Netto)

Hello, William Eggleston

Ruim

“25”, de Adele

Ganhar um CD da Adele é como ganhar um daqueles carregadores portáteis de celular neste final de 2015. É um item até interessante, mas já deixou de ser novidade. É menos legal e vai ser menos usado do que você pensa. É algo que está sendo vendido em qualquer lugar. É o tipo de presente genérico e impessoal que vai parecer ter sido comprado sem capricho nenhum na fila do caixa das Lojas Americanas. E o presenteado provavelmente já ganhou uns dois.

Bom

“A Cor Americana”, de William Eggleston

Catálogo da exposição homônima, apresentada no Instituto Moreira Salles (IMS) do Rio de Janeiro entre março e junho deste ano, que faz uma retrospectiva do trabalho do fotógrafo norte-americano William Eggleston. Não precisa ser fã de fotografia. A curiosidade histórica, o olhar revelador e afetivo, as cores vívidas com as quais este fotógrafo registrou as banalidades do cotidiano de pequenas cidades e subúrbios do sul dos Estados Unidos são especialmente cativantes. O preço é alto – R$ 129,90 –, mas o catálogo faz jus ao valor e o supera, arrisco dizer. E não é um presente qualquer. (Rafael Rodrigues Costa)

Só é proibido constranger

Ruim

Livros políticos

Em matéria de presentes de Natal é proibido constranger – como dar ao gordinho uma camiseta menor com estampa do Pink Floyd, por exemplo, para “usar depois de perder peso”. Também não é legal tentar doutrinar dando livros de guru políticos da direita para o irmão comuna – como “As ideias conservadoras explicadas a revolucionários e reacionários”, de João Pereira Coutinho (Três Estrelas, 200 pp., R$ 29,90), ou de esquerda para o tio conservador – como “A esquerda que não teme dizer seu nome”, de Vladimir Safatle (Três Estrelas, 88 pp., R$ 25). Por fim, não é bom ser idiota e dar um livro sobre ateísmo para um cristão, ou coisa pior. De resto, vale a intenção.

Bom

“A vida e a música de Iggy Pop”, de Paul Trynka

Para mim, presente bom até os 12 anos era uma bola de futebol. De lá para cá, é livro. Em 2015, adoraria desembrulhar a biografia “A vida e a música de Iggy Pop”, de Paul Trynka (Tradução Caco Ishak. Editora Aleph, 536 pp., R$ 69,90). Ou o livro com os quatro últimos textos do grande Saul Bellow, “A Conexão Bellarosa” traduzidas pelos irmãos curitibanos Rogerio e Caetano Waldrigues Galindo (Companhia das Letras, 424 pp., R$ 59,90). (Sandro Moser)

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