A literatura brasileira teve entre seus destaques este ano a poeta Ana Martins Marques, o romancista Raimundo Carrero e o contista Antonio Carlos Viana. Obras de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas, Santuza Cambraia Naves e Ruy Castro iluminaram o lugar da música no país. Veja uma seleção de boas obras lançadas em 2015:
1
Embora não se conheça sua identidade, nem mesmo seu rosto, a italiana Elena Ferrante tornou-se um nome célebre da literatura mundial. Sua obra chegou ao Brasil com “A amiga genial”, romance sobre a busca de uma mulher por uma colega desaparecida, que abre sua “tetralogia napolitana”.
A amiga genial / Elena Ferrante / Ed. Biblioteca Azul, tradução de Maurício Santana Dias
2
O romance da paulistana Beatriz Bracher investiga o desejo, a inocência e os conflitos entre homem e mulher a partir da relação amorosa entre um jovem estudante de literatura obcecado pelo clássico “Paraíso perdido”, do inglês John Milton, e sua vizinha em um prédio de Copacabana.
Anatomia do paraíso / Beatriz Bracher / Ed. 34
3
Completando 40 anos de carreira em 2015, o sergipano Antonio Carlos Viana lançou um volume inédito que o confirma como um dos principais contistas brasileiros. Com uma prosa seca, mostra a humanidade de figuras marginalizadas em contos que transitam entre a sordidez e a exuberância.
Jeito de matar lagartas / Antonio Carlos Viana / Ed. Companhia das Letras
4
Escrito entre Lisboa e Rio, onde viveu por algum tempo, o livro de estreia da poeta portuguesa Matilde Campilho, um dos principais destaques da Flip deste ano, reúne poemas que mesclam dicções de Portugal e do Brasil em versos ágeis, líricos e bem-humorados.
Jóquei / Matilde Campilho / Ed. 34
5
A mineira Maura Lopes Cançado (1929-1993) chamou a atenção da crítica nos anos 1960 com o relato autobiográfico “Hospício é deus” e o volume de contos “O sofredor do ver”, influenciados por sua vivência em manicômios. Reeditados cinco décadas depois, mostram a força duradoura de sua escrita.
Hospício é Deus / O sofredor do ver / Maura Lopes Cançado / Ed. Autêntica
6
A coletânea de ensaios da professora e pesquisadora Santuza Cambraia Naves (1953-2012) reúne 11 artigos que percorrem gêneros diversos, do clássico à bossa nova e ao rap, para analisar de forma rigorosa e acessível o lugar da música na sociedade brasileira ao longo do último século.
A canção brasileira / Santuza Cambraia Naves / Ed. Zahar
7
Três décadas depois de “Feliz ano velho”, Marcelo Rubens Paiva volta a escrever sobre suas memórias neste livro centrado em seu pai, o deputado federal Rubens Paiva, torturado e morto em 1971 pela ditadura, e em sua mãe, Eunice Paiva, que teve importante atuação política e hoje sofre de Alzheimer.
Ainda estou aqui / Marcelo Rubens Paiva / Ed. Alfaguara
8
Depois de contar a história da bossa nova em “Chega de saudade”, o jornalista Ruy Castro se debruçou neste livro sobre o samba-canção, trilha sonora da boemia carioca nos anos 1950. Ao dar importância a um gênero relegado, presta um serviço à história da música popular brasileira.
A noite do meu bem / Ruy Castro / Ed. Companhia das Letras
9
Esta obra de enorme impacto na história da etnografia, lançada em 2010 na França e só agora traduzida para o português, foi escrita em parceria pelo xamã Davi Kopenawa e pelo etnógrafo Bruce Albert para apresentar o pensamento, a tradição cultural e a luta política dos índios ianomâmi.
A queda do céu / Davi Kopenawa e Bruce Albert / Ed. Companhia das Letras
10
Com verbetes como “Preconceito”, “Globalização” e “Batucada”, o dicionário concebido por Nei Lopes e Luiz Antonio Simas percorre um século de história do samba, mostrando-o não como uma tradição congelada no tempo, e sim como uma cultura de grande vitalidade em constante transformação.
Dicionário da história social do samba / Nei Lopes e Luiz Antonio Simas / Ed. Civilização Brasileira
11
Escrito como uma carta a seu filho adolescente, o ensaio do jornalista americano Ta-Nehisi Coates, que se tornou best-seller e foi premiado com o National Book Award, examina passado e presente dos EUA como uma história de persistência do racismo e da violência contra a população negra.
Entre o mundo e eu / Ta-Nehisi Coates / Ed. Objetiva, tradução de Paulo Geiger
12
Setenta anos após sua morte, Mário de Andrade (1893-1945) ganhou sua primeira biografia, escrita pelo professor e pesquisador Eduardo Jardim. Estabelecendo diálogos entre vida e obra do modernista, o livro discute a gênese, os dilemas e a importância de seu projeto cultural para o país.
Eu sou trezentos / Eduardo Jardim / Edições de Janeiro
13
Partindo da constatação de que há uma crise mundial de habitação, a urbanista Raquel Rolnik, ex-relatora da ONU para o direito à moradia, reúne neste livro estudos de casos sobre políticas públicas e mercado imobiliário em países tão diferentes como EUA, Espanha, Brasil e Cazaquistão.
Guerra dos lugares / Raquel Rolnik / Ed. Boitempo
14
O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro desenvolve suas teses sobre o “perspectivismo ameríndio”, formadas a partir de estudos entre tribos amazônicas, e defende que a antropologia, como a sociedade brasileira em geral, precisa reconhecer a diferença e a autonomia do pensamento indígena.
Metafísicas canibais / Eduardo Viveiros de Castro / Ed. Cosac Naify
15
Em seu novo romance, “Dias Nublados”, o escritor Luiz Felipe Leprevost cria um narrador andarilho que percorre Curitiba em busca de um passado que lhe deixou marcas profundas. O livro é a segunda parte de sua trilogia da geada que começou com “E Se Contorce Como Um Dragãozinho Ferido”, de 2012.
Dias Nublados / Luiz Felipe Leprevost / IEd. Arte & Letra
16
Em seu terceiro livro, a poeta mineira Ana Martins Marques explora o tema da semelhança em várias formas, da relação entre original e tradução à natureza da memória. O resultado é um conjunto de poemas que, com olhar humanista e imagens inventivas, reflete sobre a relação entre a palavra e o mundo.
O livro das semelhanças / Ana Martins Marques / Ed. Companhia das Letras
17
Em sua volta aos contos depois de publicar peças, crônicas e romances, o pernambucano Ronaldo Correia de Brito retrata personagens imersos num sertão em processo de crescimento desordenado e urbanização incompleta, no qual a dualidade entre o moderno e o arcaico se torna mais evidente.
O amor das sombras / Ronaldo Correia de Brito / Ed. Alfaguara
18
Cinco anos depois de sobreviver a um AVC que paralisou o lado esquerdo de seu corpo, o pernambucano Raimundo Carrero retorna com um romance visceral sobre a proximidade da morte e a luta pela vida. Mesclando memórias, leituras e ficção, faz da própria escrita um instrumento vital.
O senhor agora vai mudar de corpo / Raimundo Carrero / Ed. Record
19
Último livro do curitibano Otávio Linhares, “O Esculpidor de Nuvens” traz uma linguagem peculiar sem vírgulas, com poucos pontos e sempre em letra minúscula. Na primeira parte da obra, intitulada “O Esculpidor de Nuvens”, uma voz infantil busca uma saída para a violência domiciliar no silêncio e no diálogo com as coisas inanimadas. Na segunda parte, “O Cão Mentecapto”, um narrador cínico e sarcástico faz uma viagem tragicômica pelas ruas de Curitiba flertando imageticamente com os personagens da cidade.
O Esculpidor de Nuvens / Otávio Linhares / Ed. Encrenca
20
Cobrindo toda a carreira do autor, da estreia em 1968 até três inéditos recentes, a antologia afirma a posição singular de Leonardo Fróes na poesia brasileira contemporânea, com versos que partem da observação atenta da natureza para refletir sobre a identidade do homem e seu lugar no mundo.
Trilha / Leonardo Fróes / Azougue Editorial
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