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Meu Passado Me Condena e Minha Mãe É uma Peça (ao centro) são dois dos blockbusters brasileiros de 2013 | Fotos: Divulgação
Meu Passado Me Condena e Minha Mãe É uma Peça (ao centro) são dois dos blockbusters brasileiros de 2013| Foto: Fotos: Divulgação

Ranking

Saiba quais foram os filmes nacionais mais e menos assistidos neste ano:

Os Mais Vistos

• Minha Mãe É Uma Peça: 4,5 milhões de pagantes

• De Pernas pro Ar 2: 4,2 milhões de pagantes

• Vai Que Dá Certo: 2,7 milhões de pagantes

• Somos Tão Jovens: 1,7 milhão de pagantes

Decepções

• Odeio o Dia dos Namorados: 455 mil pagantes

• Se Puder... Dirija!: 358 mil pagantes

• Serra Pelada: 254 mil pagantes

• Giovanni Improta: 188 mil pagantes

Apesar das recentes frustrações com superproduções orçadas em mais de R$ 10 milhões e que atraíram menos de 1 milhão de pagantes, como Serra Pelada e O Tempo e o Vento, o saldo do cinema brasileiro em 2013 é o mais favorável dos últimos dez anos, com a previsão de somar 25 milhões de ingressos vendidos até 31 de dezembro. Com o recente sucesso de Meu Passado Me Condena, de Julia Rezende, que ultrapassou um milhão de espectadores no último fim de semana, a produção nacional contabiliza oito blockbusters entre os filmes lançados a partir de janeiro. Desde 1978 esse número não se repetia. Além disso, nos últimos dez meses, 21 longas venderam mais de cem mil entradas cada, o que não ocorria desde 1988.

Ao refletir sobre essa movimentação, num ano marcado por mais de cem títulos brasileiros lançados em circuito (algo inédito desde 1986), analistas afirmam que até dezembro deve crescer também a fatia nacional de faturamento no total de ingressos vendidos no país: hoje em 17%, deve chegar a 20%. É o maior porcentual desde 2003, ano recorde, em que a presença nacional foi de 22%.

"Do montante de R$ 1,6 bilhão acumulado na venda de ingressos no país em 2013, R$ 266 milhões vêm de filmes brasileiros. É o maior número desde a Retomada", diz Paulo Sérgio Almeida, da Filme B, que analisa o mercado exibidor. "Ele se justifica, em parte, pelo aumento de nossa presença em circuito, que vai fechar o ano com 106 longas lançados. Cinema depende de fartura de oferta para ter colheita boa."

Preferência

Embora ressalte a onipresença da comédia entre os títulos mais vistos — no pódio de ingressos vendidos, aparece Minha Mãe É uma Peça em 1.º lugar, com 4,5 milhões; De Pernas pro Ar 2 em 2.º, com 4,2 milhões; e Vai Que Dá Certo em 3.º, com 2,7 milhões —, Almeida destaca a aparição de surpresas de outros gêneros. No ranking dos blockbusters, em quarto e quinto lugares, entraram uma cinebiografia musical, Somos Tão Jovens (1,7 milhão de pagantes), e um thriller, Faroeste Caboclo (com 1,5 milhão), ambos ligados ao legado do cantor Renato Russo.

"Não houve neste ano um Tropa de Elite 2, que, sozinho, atraiu 11 milhões de pagantes em um período curto, mas houve vários sucessos de menor porte, o que é melhor para o mercado por distribuir melhor a renda entre os meses do ano. Quando isso ocorre, o mercado mostra maturidade, pois não vive de fenômenos e sim de planejamento", diz Almeida, apostando que as comédias Crô – O Filme, de Bruno Barreto (prevista para o dia 29) e Até Que a Sorte Nos Separe 2, de Roberto Santucci (27 de dezembro), podem elevar a receita do ano.

Mas ele lembra que a seara do humor também viveu decepções, com filmes projetados para superar 1 milhão de pagantes e que sequer arranharam a metade disso, como Odeio o Dia dos Namorados, Se Puder... Dirija! e Giovanni Improta. Filmes que chegaram com boca a boca positivo do exterior, como Flores Raras, de Bruno Barreto, aclamado em Berlim e Tribeca, também não se consolidaram como blockbusters.

"Embora Flores Raras, O Tempo e o Vento e Serra Pelada sejam bem diferentes, eles caíram na mesma situação: o novo público não sabe lidar com temas pesados, de narrativa mais solene. O espectador sempre preferiu sátira a drama", diz o pesquisador João Carlos Rodrigues, que, em 1978, fez a campanha de lançamentos brasileiros como "o" sucesso daquele ano, A Dama do Lotação, com seus 6,5 milhões de pagantes. "Naquela data, os Trapalhões e Mazzaropi eram êxitos certos, mas dramas como O Cortiço também passaram de 1 milhão de espectadores."

Regionais

Fora do perímetro do milhão, o circuito em 2013 foi surpreendido por um fenômeno regional, Cine Holliúdy, prestigiado por 441 mil pessoas no Nordeste, sendo 300 mil só no Ceará, sua terra natal.

"Embora tenho ido mal nacionalmente, O Tempo e o Vento também foi um sucesso regional: no Rio Grande do Sul, uma praça antipática a filmes brasileiros, ele alcançou 350 mil pagantes", diz o distribuidor Bruno Wainer, da Downtown Filmes, que lançou o épico gauchesco de Jayme Monjardim, mas também emplacou, em parceria com a Paris Filmes, quatro dos oito blockbusters do ano: Minha Mãe..., De Pernas..., O Concurso e Meu Passado....

Para 2014, o mercado já fareja blockbusters em Confissões de Adolescente, de Daniel Filho, e Tim Maia, de Mauro Lima, além de confiar no desempenho de Alemão, de José Eduardo Belmonte. Este une violência e fatos reais nos mesmos moldes de Serra Pelada. Para Heitor Dhalia, realizador do filme sobre o maior garimpo do país, sua bilheteria de 254 mil pagantes sofreu com a concorrência e a mudança de perfil. "Acho que vivemos um momento de muita competição. O filme do Ridley Scott, O Conselheiro do Crime, teve a mesma bilheteria de abertura que a gente. E tem o Brad Pitt no elenco. Não temos como interferir no que as pessoas querem ver. E no Brasil elas querem ver comédias e biografias musicais."

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