Wabi sabi
a vida quebrasonhos em pedaçosmas sonhando no espaçonada quebra: mais um elo,um motivo, ser mais beloque a belezadestruída. (já havia aviso de asas)
Marilia Kubota (do livro Esperando as Bárbaras, Editora Blanche, 2012)
o voo da abelha termina na parede sombra da orquídea
Alice Ruiz (do livro Jardim de Haijin, Editora Iluminuras, 2010)
ontem na alfombraem pleno oceanode veludo, na linhado lençol, antes doabandono ao sonoe do trottoir de vapor no travesseiro, o fumono quarto caleidoscopiando osanseios e ossuspiros e osdevaneios (osmeninos rindonum domingo,os passos da mãeno sítio do berço,mosquiteiro que seescavava em paradisoou mesmo o aesmo lezamadodas pupilas entrevistas), antes dissoe mais, viesse portrás, achei, ou quis,que dá no mesmo,você, você mesmae o seu abraço,assim, como um laço em mim
Ricardo Pedrosa Alves
soltasdo cauleas pétalasdo ipêdescolorema penugemdos talos(de repenteleves,da corolalivres),em alvoroçoviçam após lentopouso de solo capim
Josely Vianna Baptista, (Do livro Roça Barroca, Cosac Naify, 2012)
Os livros de poesia andam vendendo pouco. O que não significa que a poesia perdeu força: quando ela atinge o público, sempre provoca reação. Os poetas seguem fazendo seus versos com força e inspiração.
Os leitores seguem precisando da provocação desses versos. Por isso, como tem feito nos últimos anos, o Caderno G publica hoje poemas de alguns autores paranaenses.
IUm sentido para o corpo
A cambraia fina teceu fio a fio o vestido de Elisabeth Bishop a cambraia negra desmanchou fio a fio o vestido de Elisabeth Bishop. Elisabeth Bishop como um peixe um feixe uma cadela colada na cambraia fio a fio nadando na baía de Guanabara flutua seu vestido agora anáfora âncora um sintagma repetido mil vezes tecido fio a fio e agora ela com seu corpo largo desfaz-se na cambraia and then there is no choice Elisabeth Bishop
IIA queda
A verdade é trama no tule porque a verdade não é sinuosa digo: a verdade é rasa e não um mergulho e quando a bailarina salta as saias de filó rasgado brilham no ar ondulando os olhos percorrem o corpo as pernas o torso a verdade é um instante um muro que se rasga que se apaga no escuro a verdade foi tramada a faca e quando a bailarina rasga o ar o tule num segundo abre-se como asa
IIIEncontro com a senhora C.l.
Olhos oblíquos a mulher soltou a máxima: eu preciso de algumas horas de solidão por dia senão me muero me calo me mato enfim eu preciso de um cigarro e apressada sentou no café abarrotado olhos oblíquos a mulher carregava a tarde sobre os ombros eu preciso de algumas horas de solidão por hora ou me muero me calo num segundo eu nunca recordo os sonhos ela disse sou Haia Pinkhasovna senhora Haia Pinkhasovna eu preciso de um nome
Jussara Salazar
Auto posto Nossa Senhora Aparecida
ela diz, franzina,exatamente assim, sorriso bonito entre os lábios.
Não é sempre que encontro uma frentista,e fresca e disposta como esta.
Muito menos quem conjugue o verbo "cagar"com tal encanto e propriedade.
Sou um homem triste, esquivo, presoà minha classe (sic),preso ao cinto deste carro.
Peço a ela que complete o tanquee sigo adiante,
enchendo a cidade de sombras,dióxido de carbonoe versos imperdoáveis.
Marcelo Sandmann
"Quase às pressas"
Quase às pressasQuis o tempo RevertidoMinuto a minutoPular os degrausSaltando o futuroE fazer o não feitoDizerPalavra a palavraO que ficou para depois
Quase às pressasDesejei a fugaImprovisadaPasso a passoDriblar o afetoEscapando de mimE reescrever o contoApagarLinha a linhaO que ficaria sem fim
Paulo Camargo
velho coração bate acordesde bossa nova
Edgar Yamagami
Briga de Pochmann e servidores arranha imagem do IBGE e amplia desgaste do governo
Babás, pedreiros, jardineiros sem visto: qual o perfil dos brasileiros deportados dos EUA
Crise dos deportados: Lula evita afronta a Trump; ouça o podcast
Serviço de Uber e 99 evidencia “gap” do transporte público em grandes metrópoles
Deixe sua opinião