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Grande parte dos filmes, por mais que terminem com um vistoso final feliz, tem seu momento de tristeza. No roteiro de 1975, a reviravolta inesperada aconteceu no Dia de Finados. Dois de novembro, Ostia, a poucos quilômetros de Roma. Na rua um corpo estendido com marcas de espancamento e atropelamento. A vítima: Pier Paolo Pasolini, cineasta, poeta, teatrólogo, gênio do cinema italiano. O diretor de “O Evangelho Segundo São Mateus”, “Teorema” e “Decameron” havia sido brutalmente assassinado, em circunstâncias até hoje controversas.

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Meses antes Pasolini lançou aquela que foi sua obra derradeira, “Saló ou os 120 Dias de Sodoma”, um filme perturbador inspirado no livro do Marquês de Sade. Mesmo não sendo seu melhor trabalho, tem valor expressivo. “O filme marca de forma contundente o momento em que Pasolini deixa definitivamente de acreditar numa saída para a sociedade italiana, que o cineasta considerava estar sendo engolida de uma vez por todas pela sociedade de consumo burguesa”, diz Roberto Acioli de Oliveira, doutor em Comunicação e Cultura e criador do blog Cinema Europeu. Uma despedida digna, ainda que involuntária.

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