Transportar uma história retirada de um romance ou de um roteiro de cinema para a dança não é tarefa fácil, ainda mais no caso da cultura chinesa, que para nós ocidentais está longe de ser compreendida. Na dança, é preciso transformar o texto em gesto e movimento para alcançar seus objetivos mais importantes: emocionar e absorver a atenção do público sem que o espetáculo se torne cansativo ou que o tema se disperse.
O Balé Nacional da China, no entanto, consegue atingir alguns desses objetos fundamentais em Lanternas Vermelhas, por meio de um espetáculo dividido em dois atos e três cenas.
Para quem assistiu ao filme do diretor Zhang Yimou, que também assina e dirige cenicamente a adaptação para o balé, as cenas se desenvolvem de forma clara e condensada, com cenários, figurinos, adereços e iluminação impecáveis.
A música de Chen Qigan consegue mesclar temas orientais com trechos musicais que muitas vezes lembram as obras do compositor Igor Stravisnki, como Petrouchka e A Sagração da Primavera. A integração de atores, cantores e músicos da Ópera de Pequim na obra enriquece o espetáculo, fazendo com que o público aprecie por alguns instantes essa tradição artística chinesa.
O coreógrafo Wang Xkinpeng extrai a essência da obra, utilizando os passos do balé clássico de maneira dinâmica, com soluções coreográficas, dramáticas e estéticas interessantes. Os bailarinos principais e o grupo são excelentes, muito bem ensaiados e dirigidos.
Fica, no entanto, ao final da apresentação, a sensação de que faltou emoção, mesmo com as cenas visualmente belíssimas, como as do tecido vermelho que cobre todo o palco e o da neve caindo na última cena. Talvez porque, para nós ocidentais, a maneira de contar uma história de amor passa por outras referências estéticas, diferentemente da percepção dos orientais.
O Balé Nacional da China é um marco na história da dança mundial, pois implantou a técnica do balé clássico em uma época em que o país abolia qualquer manifestação cultural vinda do Ocidente e, principalmente, porque mostrou ao mundo que a dança não tem fronteiras e que o investimento em arte é um legado para todas as gerações. Imperdível!
*Eleonora greca é primeira bailarina do Balé Teatro Guaíra e coordenadora de Dança da Fundação Cultural de Curitiba
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