• Carregando...

Muito antes de Homem-Aranha, X-Men e toda a leva atual de filmes sobre super-heróis, uma produção chamou a atenção para o potencial dos quadrinhos no cinema. "Batman" (1989), de Tim Burton, pode não chegar perto de seus sucessores no quesito bilheteria, mas causou uma comoção maior do que a de todos eles juntos.

Uma verdadeira batmania tomou conta do planeta naquele fim de década. Das populares camisetas com o logotipo do morcegão ao LP com a trilha sonora (assinada por Prince), os souvenires de Batman estavam por todos lados. E não dá para dizer que as superproduções do gênero eram novidade: antes do longa de Burton, a série do Super-Homem já havia sido encerrada com razoável sucesso.

Recém-chegados às lojas, os DVDs especiais (duplos e recheados de extras) dos quatro primeiros filmes do personagem ajudam a entender a ascensão e queda da franquia, recuperada este ano com "Batman Begins". Se o título de 1989 foi um fenômeno, o de 1997, dirigido por Joel Schumacher, amargou um retumbante fracasso. Saturação? Idéias ruins? As duas coisas.

Quando o primeiro longa estreou, Batman era o personagem do momento entre os fãs de histórias em quadrinhos. Revigorado pelo desenhista e roteirista Frank Miller, autor da seminal novela gráfica "O Cavaleiro das Trevas", o homem-morcego ficou ainda mais sombrio e chamou a atenção do público adulto.

Enquanto isso, o produtor Michael Uslam lutava para levar o herói paras as telas, tentando convencer os executivos de Hollywood de que era possível afastar do morcegão a imagem cômica e ridícula criada no antigo seriado de tevê. A batalha só começou a ser vencida com a chegada de Burton ao projeto. Conhecido por sua estética dark, o diretor de "Edward Mãos de Tesoura" era o nome perfeito para tirar Batman do universo colorido de sua versão dos anos 60.

Mas os leitores mais xiitas não foram unânimes com relação ao filme de 1989. Principalmente por conta da escalação do ator Michael Keaton para viver o personagem-título. Franzino e pouco carismático, Keaton não convenceu os batmaníacos acostumados com o homem-morcego sinistro dos gibis. Mesmo assim, o filme conquistou o público "leigo" e abriu caminho para uma continuação.

Entre os fãs, há controvérsias sobre qual seria o melhor título da série – o primeiro ou o segundo. "Batman" estreou cercado de expectativa, e talvez por isso conserve sua mágica – sem contar a brilhante presença de Jack Nicholson, na pele do vilão Coringa. Cheio de moral, Burton rodou "Batman – o Retorno" (1992) com um orçamento maior e liberdade artística quase ilimitada. Resultado: o filme tem o melhor roteiro da série, a concepção visual é impecável e, de quebra, há Michelle Pfeiffer inesquecível no papel da Mulher-Gato.

"O Retorno", no entanto, não foi tão bem nas bilheterias, o que levou Burton a ser afastado da franquia. Em seu lugar assumiu Joel Schumacher, um diretor de aluguel vindo de produções como "Um Dia de Fúria" e "Tudo Por Amor". Para a alegria dos gibimaníacos, Keaton também foi convidado a se retirar, sendo substituído por Val Kilmer – quinze anos depois, percebe-se que a troca não resolveu o problema.

Em "Batman Eternamente" (1995) e "Batman & Robin" (1997) – este estrelado por George Clooney –, Schumacher devolveu o colorido ao personagem. E o pior: infantilizou as histórias, numa tentativa de atrair o grande público. Mas o tiro saiu pela culatra, e o próprio diretor se desculpa pela guinada errada nos extras do último DVD. Uma aula de como matar uma franquia de sucesso.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]