Aos 74 anos, Marco Bellocchio é um dos maiores diretores italianos em atividade. Autor de grandes filmes como Bom Dia, Noite, sobre o caso Aldo Moro, primeiro-ministro italiano morto pelos terroristas das Brigadas Vermelhas, em 1978, e de Vincere, sobre o ditador Benito Mussolini, o cineasta se volta, em A Bela Que Dorme , que agora chega às locadoras, para outro tema espinhoso: a eutanásia.
O longa-metragem também toma como tema central um fato da vida real: o controverso caso de Eluana Englaro, mulher italiana que, depois de um acidente de carro, em janeiro de 1992, entrou em estado vegetativo permanente e irreversível. O caso acabou provocando uma batalha judicial entre os que defendiam que os aparelhos fossem desligados e os que eram contra o término da vida de Eluana.
A batalha se arrastou por 17 anos e apenas em 2008 a Alta Corte italiana daria permissão à família de Eluana para suspender sua alimentação e deixá-la morrer.
A Bela Que Dorme, no entanto, vai bem além desse caso, e seus vários personagens, muitos deles inventados, têm suas vidas de alguma forma alteradas pela discussão em torno da eutanásia. Bellocchio cria um filme tenso, emocional, mas jamais sentimental, e sempre capaz de tocar fundo e fazer pensar ao mesmo tempo.
Entre as histórias fictícias que Bellocchio cria a partir do caso de Eluana, há um senador (Toni Servillo, de Il Divo), que se vê forçado a contrariar suas crenças para não se chocar de frente com a posição do seu partido em relação ao caso; sua filha (Alba Rohrwacher), católica praticante, que se apaixona por um jovem favorável à eutanásia (Michele Riondino), e uma viciada em drogas suicida (Maya Sansa), cujo médico (Pier Giorgio Bellocchio, filho do cineasta) faz de tudo para salvar.
Entre os personagens "verídicos", também recriados pelo roteiro sem compromisso de reproduzir à risca a vida real, está a mãe de Eluana, vivida pela estrela francesa Isabelle Huppert (de A Professora de Piano), uma mulher que deixa a carreira de atriz para cuidar da filha.
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