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“A literatura experimental é voltada para poucos e a perversão do título do livro vai nesse sentido. Creio que minha obra seja uma boa porta de entrada para o público mais jovem, acostumado ao gosto médio. É um convite para uma literatura mais elaborada”. Adriano Esturilho, escritor | Divulgação
“A literatura experimental é voltada para poucos e a perversão do título do livro vai nesse sentido. Creio que minha obra seja uma boa porta de entrada para o público mais jovem, acostumado ao gosto médio. É um convite para uma literatura mais elaborada”. Adriano Esturilho, escritor| Foto: Divulgação

Vinte quadras separam Adriano Esturilho de Dalton Trevisan. O escritor e dramaturgo curitibano tentou encurtar a distância ao colocar um exemplar do seu mais novo trabalho na caixa de correio do Vampiro – com direito a endereço e telefone do remetente. Se a tão aguardada resposta – ainda – não veio, o fato serviu como ponto de partida para o prefácio de [cancha 2] – cantigas para perverter juvenis, livro-DVD que será lançado na próxima quarta-feira no Teatro da Caixa.

São 25 contos e dez curtas-metragens baseados nos textos. Se a produção literária foi solitária, Esturilho compensou na hora das adaptações: chamou nomes do cinema paranaense como Eduardo Baggio, Henrique Faria, Bruno de Oliveira, Fábio Allon e Bia Dantas.

"Queria tirar essa imagem que a literatura tem de uma arte que se encerra em si. A ideia era fazê-la entrar em contato com outras áreas e outras pessoas", explicou o curitibano de 30 anos.

Temática

Ao abdicar de acentos e letras maiúsculas e ao utilizar construções típicas de linguagem de internet, Adriano Esturilho cria um estilo experimental que também flerta com a poesia concreta. Com essa quase prosa – que abrange boa dose de erotismo e ironia – põe Curitiba em destaque. Todos os títulos de seus contos têm nome de paisagens típicas da nossa "vila." A Rua Generoso Marques, o Colégio Santa Maria, o Viaduto Nossa Senhora da Luz e as Ruínas do São Francisco estão lá, entre colchetes, em algum canto da página.

Panorama

"A temática não é a cidade em si, mas os personagens que estão nela. É um pequeno panorama da nossa vila", explicou. "A literatura experimental é voltada para poucos e a perversão do título do livro vai nesse sentido. Creio que minha obra seja uma boa porta de entrada para o público mais jovem, acostumado ao gosto médio. É um convite para uma literatura mais elaborada", completou o escritor. O possível antagonismo entre conteúdo erótico e público jovem é desfeito logo em seguida. "Esse trabalho questiona os efeitos morais do sexo. Essas indagações são muito comuns na adolescência".

Personagens mundanos, textos curtos e concisos, e a ironia que sobrevoa cada palavra transportam os contos de Esturilho para o mundo de Dalton Trevisan com facilidade. Mesmo depois de não comentar a obra do aspirante a pupilo, o contista-vampiro é tido como um dos guias.

"Quando alguém se propõe a escrever sobre sua própria vila, é inevitável que passe por alguns autores dela. Nesse sentido, ele é uma referência sim", disse Esturilho.

Sobre a inspiração para seus escritos, há de tudo um pouco. Autoexperiência, convívio com as pessoas e o fundamental: o olhar curitibano. "É um tema da aldeia, mas que também é universal".

DVD

Algumas adaptações surgiram na contramão. Ao contrário do processo padrão, contos foram escritos com base nos curtas-metragens presentes no DVD. "Essas montagens mostram que a obra está inacabada. A via de duas mãos me deu possibilidades de rever algumas coisas", disse Esturilho, prestes a se formar em cinema.

Os filmes bebem de fontes diversas. Há curtas experimentais, que funcionam como suporte imagético para texto; há tomadas mais clássicas, com personagens dando vida às narrativas.

"O que há de mais rico na proposta do DVD é que todos os processos de adaptação foram muito diferentes entre si", explicou o escritor.

[cancha 2] – cantigas para perverter juvenis é a segunda parte de uma trilogia que começou com Poesinhas – cantigas para perverter guris. O próximo trabalho já está encaminhado e deverá se tornar uma novela sobre a terceira idade.

A plurilinguagem marca o trabalho de Esturilho. Enquanto Poesinhas foi adaptado para teatro e [cancha 2] ganha sua versão em DVD, a última da perversa trilogia será transportada para a linguagem radiofônica.

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Serviço

Lançamento de [cancha 2] – cantigas para perverter juvenis e mesa redonda com Paulo Biscaia Filho, Ricardo Corona, Luís Felipe Leprevost, Bruno de Oliveira, Henrique Faria e Adriano Esturilho. Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Dia 18 às 19h. Entrada franca.

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