Agenda
Confira alguns destaques da programação da Gibicon
Hoje (14/07)
18h Abertura da exposição Die Evolution in Bildern/A Evolução em Imagens, com Jens Harder (Goethe Institut).
Sexta-feira (15/07)
14h Debate: Tex Caubói Italiano, com Fábio Civitelli, Lucio Filippucci e Júlio Schneider (Memorial de Curitiba).
16h Palestra: 2 Irmãos, 10 Pãezinhos, uma História, com Gabriel Bá e Fábio Moon (Memorial de Curitiba).
17h30 Palestra: Os Quadrinhos na França e Bélgica, com Ricardo Manhães e abertura da exposição Ils Rêvent le Monde/Eles Sonham o Mundo (Espaço Fábrika).
Sábado (16/07)
10h Debate: Publicando na Europa, com Hervé Bourhis (França), Jens Harder (Alemanha), Fábio Civitelli (Itália), Lucio Filippucci (Itália) e Ricardo Manhães (Brasil) (Memorial de Curitiba).
10h Palestra: Cinema e Quadrinhos, com o crítico de cinema Marden Machado (Paço da Liberdade).
10h às 12h Oficina: Produção de HQ, com Joe Bennett (Solar do Barão).
13h às 15h Debate: O Quadrinho em Curitiba Hoje, com Guilherme Caldas, DW e Rômolo (Paço da Liberdade).
14h às 16h Avaliação de Portfólio: Joe Prado, agente do estúdio Art & Comics avaliará o portfólio de novos artistas que desejam seguir carreira como autores de quadrinhos (Paço da Liberdade).
15h Debate: Humor Curitibano, com Benett, Pryscila Vieira, Solda e Paixão (Memorial de Curitiba).
16h às 17h Palestra: Como Entrar no Mercado Americano, com Klebs Jr. (Paço da Liberdade).
17h Debate: Publicando no Mercado Americano, com Gabriel Bá, Fábio Moon, Ivan Reis, Joe Bennett, Carlos Magno e Eddy Barrows (Memorial de Curitiba).
17h30 às 19h Palestra: Lourenço Mutarelli (Paço da Liberdade).
20h Abertura das exposições do Museu da Fotografia: Seto Samurai de Curitiba, Made for USA e Acervo Gibiteca (Solar do Barão).
Domingo (17/07)
15h às 18h: Jam Session de Autógrafos no Mezanino (Memorial de Curitiba).
15h: Debate: Panorama do Quadrinho Europeu, com Tommaso DAlessandro e Luca Raffaelli (Memorial de Curitiba).
Consulte a programação completa do evento no site www.gibicon.com.br
Os sinais estão por aí há algum tempo. É só lembrar do zunzunzun causado quando Rafel Sica veio lançar seu Ordinário na loja Itiban, em Curitiba, no começo deste ano. Ou do debate com Rafael Coutinho e Daniel Galera, dupla que escolheu a cidade para divulgar o grandalhão Cachalote, em 2010. As filas para os autógrafos, o burburinho em torno da loja que batalha pela divulgação dos quadrinhos e os comentários posteriores aos eventos são indícios de que a Gibicon, que começa oficialmente amanhã e segue até o dia 17, chega na hora certa.
O evento terá seu "quartel general" no Memorial de Curitiba, mas irá ocupar sete espaços da cidade com a ideia de dar ainda mais gás ao já movimentado mercado de quadrinhos do Brasil. A edição número zero, como vem sendo chamada, abrange debates, cursos e oficinas com mais de 20 convidados nacionais e estrangeiros. Entre eles os italianos Fabio Civitelli e Lucio Felippucci, que dão vida ao caubói Tex; o francês Hervé Bourhis, criador do Pequeno Livro dos Beatles; os brasileiros Lourenço Mutarelli, autor do romance O Cheiro do Ralo e da HQ O Dobro de Cinco e os gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon, quadrinistas que já venceram o importante prêmio Eisner com a revista independente 5. Além de um programa obrigatório para consumidores de quadrinhos, a Gibicon também serve como grande prelúdio para as comemorações dos 30 anos da Gibiteca, em 2012.
"O mundo das HQs está em expansão, o mercado está crescendo em quantidade e em qualidade, o público está mais maduro e há uma atenção especial da crítica", aponta José Aguiar, que coordena o evento inédito ao lado de Fabrizio Andriani.
Colaborador da Gazeta do Povo, Aguiar aponta o amadurecimento do público e uma mudança de enfoque dos quadrinistas como causas para o bom momento da arte no país. Bom exemplo disso foi a repercussão da participação de Joe Sacco, autor de Notas sobre Gaza, na Flip deste ano.
A vez de Curitiba
Ter prestigiados quadrinistas zanzando pelo Solar do Barão ou distribuindo autógrafos no Paço da Liberdade coloca Curitiba, ao menos este ano, em uma posição de destaque nessa arte. José Aguiar não hesita em chamar Curitiba de "capital dos quadrinhos". O carioca André Diniz ajuda no coro. "Curitiba sempre foi um lugar de talentos nos quadrinhos, a cidade sempre se destacou muito", conta o escritor e ilustrador carioca, autor dos "afro-marginais" O Quilombo Orum Aiê e Morro da Favela. Virando as páginas da memória rapidamente, é fácil lembrar de paranaenses que ganharam ou ganham a vida na ponta do lápis: Alceu Chichorro (18961977), o desbravador; e ainda Solda, Benett, e Paixão, estes dois últimos também colaboradores da Gazeta do Povo. "Curitiba tem vocação para isso", conclui Diniz.
O aquecimento no mercado de quadrinhos, pautado tanto pelo trabalho das editoras a Conrad, por exemplo, acaba de retomar a saga japonesa Battle Royale e lançar uma versão de luxo para Palestina, de Joe Sacco na carona da internet são as apostas do carioca para explicar o sinal verde dos quadrinhos no Brasil.
"É uma bola de neve. Junte a isso um amadurecimento dos autores e espaço para críticas e notícias na internet e está aí o resultado", analisa.
Pós em HQ
Para Rodrigo Scama, professor de pós-graduação em HQ das Faculdades Opet, a Gibicon "adiciona elementos" ao roteiro de quadrinhos no Brasil, enviesado ultimamente pelas bandas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Essa arte, em sua visão, estaria hoje mais perto de obras literárias do que de produtos de mero entretenimento. "As publicações mudaram também. Antigamente havia mais gibis de super heróis, e hoje temos mangás eróticos e álbuns realistas sobre violência e guerras. Há uma diversidade maior" aponta Scama, dono de 1,5 mil álbuns e "papagaio de pirata" de plantão. "O ideal seria falar com todos os autores, dar uma de papagaio de pirata mesmo. Mas ver o Mutarelli de perto já vai ser muito bacana".
A Gibicon começa oficialmente às 20 horas de amanhã, no Memorial de Curitiba, com a abertura das exposições A Lenda de Tex, Tex Brasileiro e Quadrinhos Curitibanos.
Francês deu novo fôlego aos Beatles
Como se não bastasse uma, o francês Hervé Bourhis contempla duas artes em seus livros, verdadeiros registros musicais em quadrinhos que alcançaram sucesso internacional a partir da publicação de O Pequeno Livro do Rock, lançado em 2007 na França e em 2010 no Brasil. Natural da cidadezinha de Touraine, Bourhis, 37 anos, participa da Gibicon e aproveita para divulgar por aqui O Pequeno Livro dos Beatles, HQ que retoma a história da maior banda de rock do planeta.
"Para mim, é a oportunidade de descobrir como é um festival de HQs fora da Europa, com autores que eu não conheço, em uma cidade que eu não conheço e um público que conheço menos ainda. Isso é empolgante", disse o francês, em entrevista por e-mail.
Apaixonado por histórias em quadrinhos de super-heróis, aos oito anos ele escreveu sua primeira HQ. Em 2002, conquistou o Prêmio Goscinny, no seu país. Era a indicativa de que um autor e tanto se formava.
"Eu desenhava o tempo todo, representando personagens de desenhos animados que eu gostava, como Tintin e Asterix", comenta o quadrinista.
Sua mais nova empreitada, um divertido livro sobre a saga dos Beatles do nascimento dos garotos em Liverpool às mais recentes gravações de Ringo Starr e Paul McCartney , é a continuação de sua aventura pela música.
"Depois de O Pequeno Livro do Rock, queria utilizar o mesmo processo, mas focando em um só grupo, o mais célebre e aquele que eu conhecia mais. Mas não tentei ser objetivo. No livro, é a minha visão sobre aquela história", diz Bourhis.
No álbum há pequenas pérolas, exercícios de imaginação, como a reprodução de como seria a capa de Please Please Me (1963) se a ideia inicial da banda tivesse sido levada adiante: os quatro Beatles na área dedicada aos insetos no zoológico de Liverpool.
"Descobri os Beatles aos 14 anos. Conhecia algumas canções que tocavam na rádio, como todo mundo, mas me deram um livro sobre o grupo e com isso descobri aquela história extraordinária. Depois, virou uma obsessão".
E o diálogo entre quadrinhos e música não é assim tão simples. Bourhis diz não acreditar que exista uma ligação direta entre as artes, apesar de se aventurar por elas. "É difícil de interpretar graficamente as emoções que sentimos quando escutamos uma música. Desenhar é uma atividade solitária, trabalhosa, lenta. Não tem muito a ver com o imediatismo de uma música de rock de três minutos".
O francês realiza uma sessão de autógrafos e bate-papo com o público amanhã, às 18h30, na FNAC Curitiba. No dia 16, Bourhis participa da Gibicon e fala sobre o tema Publicando na Europa.
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