O endereço oficial da polaquinha e do seu vampiro está prestes a reabrir para visitantes. Em reformas desde o início do ano, o Teatro Novelas Curitibanas tem reinauguração prevista para o segundo semestre. Até lá, serão gastos aproximadamente R$ 450 mil para fazer todos os reparos necessários no lugar uma antiga casa de família que se transformou em prostíbulo e acabou virando palco no começo dos anos 90. Diga-se de passagem, um dos palcos que mais produziu sucessos na cidade.
O chalé, localizado na Rua Carlos Cavalcanti, 1.222, foi construído por um desembargador no início do século 20. De 1904 até 1969, serviu para abrigar a família Cavalcanti. Depois, virou lar de menores. Serviu de sede para uma empresa de construção civil, foi pensão e acabou abrigando uma sauna. Até que, em 1992, foi negociado com a prefeitura, que tinha a intenção de construir ali um teatro. O prefeito da época, Jaime Lerner, ainda encontrou resquícios da atividade anterior que se realizava a cada noite no casarão. "Na primeira visita que fizemos, havia um latão que servia de depósito para as camisinhas usadas", conta o ator e produtor João Luiz Fiani, que acompanhou a comitiva do prefeito na época.
Ainda em 1992, estrearia no teatro a peça que se tornaria o símbolo do novo palco. O Vampiro e a Polaquinha, com direção de Ademar Guerra, levava para cena contos do escritor Dalton Trevisan. Sucesso de gente grande: o espetáculo ficou sete anos em cartaz, tendo migrado depois para outras casas e viajado pelo interior. "Foi um teatro muito importante para mim", diz a atriz Guta Stresser, hoje mais conhecida como a Bebel, do seriado A Grande Família, que estourou no papel da Polaquinha, abrindo caminho para sua carreira no eixo Rio São Paulo. "É muito bom que reabram o teatro. Na verdade, é uma pena que tenha ficado todo esse tempo fechado, já que a manutenção não é cara", opina.
Depois, vieram outros sucessos. O próprio Fiani, antes de abrir seu teatro particular, o Lala Schneider, estreou lá sua Casa do Terror, que até hoje está em cartaz. Trecentina, uma homenagem cômica ao aniversário de trezentos anos da cidade, que já teve várias continuações e atraiu milhares de espectadores, também fez lá suas primeira apresentações. "Veio tudo um pouco no embalo do Vampiro e a Polaquinha, que era uma peça meio iluminada", diz Fiani.
Curadoria
O teatro está fechado desde 1999. O telhado ameaçava cair. Só uma vez, em 2004, com alguns cuidados especiais, o espaço reabriu para uma mostra do Festival de Teatro de Curitiba. Agora, vai reabrir com a expectativa de se converter em um centro de excelência para os artistas curitibanos. "Vamos contratar uma curadoria e transformar esse espaço em um centro de referência em artes cênicas", afirma o diretor de Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba, Beto Lanza.
Atualmente, a reforma está sendo feito na parte estrutural. Quase tudo será revisto, segundo a prefeitura. Desde as janelas até o telhado, desde as vigas até a pintura. O que ainda não se sabe é o formato da platéia. Beto Lanza diz que se cogita fazer um espaço móvel, que permita usar tanto um palco italiano convencional quanto uma arena ou semi-arena. Além disso, a biblioteca será mantida no lugar e haverá salas para ensaios.
Lanza afirma que toda a programação do teatro vai ser definida pela curadoria. Os nomes que integrarão a comissão curatorial, porém, ainda não estão definidos. "Estamos pensando em chamar um diretor, um ator e mais uma terceira pessoa, mas ainda não há nada certo", comenta.
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