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Em vez do tráfico, das drogas e da violênca, a música. Essa tem sido a opção de muitos jovens das favelas carioca nos últimos 13 anos graças as ações socioculturais do AfroReggae. A história do grupo, fundado um mês depois da tragédia da chacina em Vigário Geral, em 1993, é contada no DVD Nenhum Motivo Explica a Guerra, já disponível no mercado, que apresenta um documentário e o mais recente show da banda, ambos dirigidos pelo cineasta Cacá Diegues.

"Esse documentário surge com a idéia do próprio disco (Nenhum Motivo Explica a Guerra, lançado no fim de 2005) e pela situação de trabalho que temos, pelas áreas em que atuamos, que são de risco, de guerra constante. Criamos um programa chamado Mediação de Conflitos e estamos conseguindo grandes resultados na cidade do Rio de Janeiro, parando guerras entre traficantes com eventos e ações socioculturais. Esse filme foi feito para contar um pouco dessa nova fase do AfroReggae", revela o vocalista LG.

A parceria com Cacá Diegues já é antiga. Data de 1999, época do lançamento de Orfeu, quando o diretor foi à comunidade de Vigário Geral apresentar o filme. "Ele foi exibido na fronteira mais temida do país, entre Vigário Geral e Parada de Lucas, comunidades onde a guerra do narcotráfico nasceu, com a rivalidade entre Comando Vermelho e Terceiro Comando. Naquele dia, conseguimos selar a paz, foi a primeira vez que mediamos um conflito com um evento realizado pelo AfroReggae", lembra LG. Depois desse evento, Diegues tornou-se colaborador de várias atividades do grupo, assim como outros artistas, entre eles Caetano Veloso.

O cantor baiano também dá seu depoimento no documentário, ao lado de Gilberto Gil, Regina Casé, entre outros. Os integrantes do AfroReggae relembram o começo do grupo, contam várias histórias da comunidade, falam de amigos que perderam pela guerra do tráfico. A produção mostra que as atividades do grupo se estenderam para várias comunidades do Rio de Janeiro (Parada de Lucas, Morro do Cantagalo-Marronzinho e Complexo do Alemão, além da origem em Vigário Geral), incluindo também uma inédita experiência com a Polícia Militar de Belo Horizonte – no projeto Juventude e Polícia, os policiais mineiros, depois de cursos com o pessoal do AfroReggae, tornaram-se multiplicadores de ações sociais, subindo os morros de BH para dar aulas de percussão, teatro, etc.

Depois das eleições, o projeto será iniciado também no Rio de Janeiro, em um dos principais batalhões da polícia local, o BOPE, conhecido como Caveirão. "A profissão policial é uma das mais discriminadas do mundo. Queremos mudar um pouco isso e fazer com que a comunidade enxergue que atrás daquela farda existe um homem e uma mulher que tem uma família, tem sua humanidade. E fazer a mesma coisa com o pensamento do policial em relação à comunidade, ter mais respeito com as pessoas, pois nem todo mundo que vive na favela é bandido", explica o cantor do AfroReggae, lembrando que o grupo tem atualmente 65 projetos sociais em andamento.

O show apresentado no DVD tem a participação especial de Caetano Veloso, Jorge Mautner, Nelson Jacobina, O Rappa e Cidade Negra. O disco ainda destaca o videoclipe de "Quero Só Você", também dirigido por Cacá Diegues.

O AfroReggae segue em turnê pelo país. O grupo fica nas cidades por alguns dias – já passou por São Paulo (capital e interior), Porto Alegre, Florianópolis e Belo Horizonte, devendo chegar em Curitiba em novembro –, promovendo, além do show, várias atividades: oficinas de percussão, dança, teatro, circo, grafite, palestras, seminários, apresentação de vídeos. LG informa que está sendo fechada uma nova turnê na Inglaterra, com oito apresentações em três cidades – Londres, Manchester e Oxford.

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