O saxofonista Paulo Branco garante que inventou um novo ritmo. É a grimpa, uma mistura de jazz, samba, xote, baião e fandango. Figura já lendária da cena musical de Curitiba, Branco, de 44 anos, tem planos ambiciosos para sua criação. À frente do trio Sotak, ele pretende disseminar a novidade entre os músicos locais e, de quebra, mostrar para o resto do país o que seria o primeiro gênero genuinamente paranaense.
"Com exceção do fandango, que só agora vem se desenvolvendo através de gente nova, como o grupo Fato, a música paranaense não tem uma cor própria", diz o saxofonista. De acordo com ele, a grimpa (nome do espinho seco do pinheiro) é, de certa forma, o fruto da passagem de dezenas de instrumentistas e suas respectivas referências pelas fileiras do Sotak.
Na ativa há 22 anos, o conjunto já teve como integrantes o baixista Glauco Sölter, o baterista Endrigo Bettega e o guitarrista Mario Conde, entre outros. Atualmente, a formação conta com Branco e seus dois filhos: Ian (bateria), de 21 anos, e Allan (baixo), de 15.
Para Paulo Branco, o baião é tão distante da realidade curitibana quanto o jazz americano, daí a necessidade do surgimento de um ritmo local. Natural de Paranaguá, o músico encontrou no fandango do litoral do estado o elemento que faltava em seu caldeirão de influências. "É uma pitada urbanizada de fandango, tudo com muito suingue", afirma.
Se depender do saxofonista, a grimpa não vai se limitar ao cenário do jazz instrumental. Ele acredita que, num futuro próximo, grupos de rock, reggae e MPB poderão assimilar a levada em suas propostas musicais. Para isso, empenha-se em "ensiná-la" para os mais interessados.
Branco também desenvolve um trabalho, ao lado da cantora Saritha Cavalcanti, de grimpa "com vocal" e temática "paranista", é claro. "É muita pinha/ É muito pinhão/ É muito frio/ Para o meu coração", diz uma das letras. Com um projeto aprovado na Lei Rouanet, a dupla agora busca recursos para gravar um CD e fazer uma série de shows pelo interior do estado.
Enquanto isso, a família Branco apresenta suas composições ao vivo, todas as sextas e sábados, na Casa do Barão. Entre uma noitada e outra de grimpa, o pai saxofonista prepara outros dois novos ritmos saídos de sua cabeça: "pinha pinhão" e "curita". Se a moda pega, vai ter gente inventando o "biarticulado", o "barreado", a "gralha"...
Serviço: Show de "grimpa" com o grupo Sotak. Sextas e sábados, a partir das 21 horas, na Casa do Barão (Rua Barão do Rio Branco, entre as ruas Visconde de Guarapuava e Sete de Setembro, em frente à praça Eufrásio Correa). Não são cobrados couvert e entrada. Informações: (41) 9602-5973 (Paulo Branco).