Talvez o resultado do reality show American Idol não fosse tão imprevisível quanto pareceu, quando o apresentador Ryan Seacrest anunciou Kris Allen como vencedor, e o próprio rapaz de uma cidadezinha do Arkansas ficou boquiaberto. Sua descrença estampada na cara seguida por murmúrios de "Adam merece..." deram a medida de quão claramente se impunham como superiores as qualidades do adversário.
Favorito absoluto, contudo, Adam Lambert provocava controvérsia desde sua primeira aparição cantando "Bohemian Rhapsody", do Queen, com visual emo e um alcance vocal de embasbacar. Nem se imaginava ainda que ele dividiria o palco com a banda de Brian May na final e seria cogitado para assumir definitivamente os vocais que pertenceram a Freddy Mercury.
Na fase seguinte, Adam quebrou expectativas ao escolher "Believe", da Cher. Não deu outra, era o competidor a odiar ou amar. Os que ficaram com a primeira opção, reclamam do excesso de gritos e teatralidade do californiano. Mas, sobre eles, pesa a desconfiança de que a aversão causada por Adam se deve mais a fatos de sua vida pessoal (a especulação sobre sua sexualidade), do que a fatores artísticos. O conservadorismo venceu.
Kris Allen, competidor que não chamava muita atenção a princípio, foi ganhando espaço com os encantos do sorriso de bom moço e do belo timbre. Ocupou com muito mais competência o nicho deixado vago por Jason Castro na edição passada, cativando o público com seu astral identificado a Jason Mraz ou John Mayer, em versões ao violão como "She Works Hard for the Money". Sua trajetória ascendente chegou ao ápice na final, com a versão ao piano de "Aint No Sunshine" (Bill Withers), que compensou até a evidente falta de recursos vocais para a música de coroação, "No Boundaries" (Kara Dioguardi).
Adam não somente teve uma trajetória mais consistente, como incomparavelmente mais arrebatadora. Não deixou dúvidas sobre sua faceta astro do rock em "What a Whole Lotta Love" (Led Zeppelin). Desde a original e embriagante interpretação de "Ring of Fire" (Johnny Cash) até a suave teatralidade de "Mad World" (Tears for Fears), impregnou suas apresentações com a atmosfera de grande espetáculo de um igualmente grande performer, pronto a encarar um musical da Broad-way, uma turnê com o Queen ou qualquer palco em que os holofotes recaiam todos sobre ele.
O público americano, em votação apertada, escolheu Kris e ele não deve fazer feio com o título. Já emplacou "No Boundaries" na 11ª posição do Hot 100 da Billboard bela marca, mesmo que não se compare à terceira colocação alcançada pelo coroado da edição passada, David Cook e tem ao todo cinco canções na lista, contra quatro de Lambert.
Mas foi esse quem brilhou com ombreiras de metal, cantando com o Kiss, depois que já não valia mais votos. Ganhou a admiração declarada de hypes como Kate Perry ("I Kissed a Girl") e foi eleito o quinto melhor competidor de toda a história do programa pela Entertainment Weekly (Allen ficou de fora do top 10). Além do mais, lidera os downloads dos pacotes de perfomances favoritas de cada competidor, colocadas à venda. Seu talento supera, de longe, o de muitos artistas consagrados.
A coroa não lhe fará falta.
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