A culpa pelo fim dos Beatles não é só dela

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A história de John Lennon com as mulheres começa, de verdade, com Cynthia Powell. John, que queria aproveitar o início de seu estrelato, nunca escondeu que casou com a moça, em 1962, porque ela estava grávida. Julian Lennon nasceu no ano seguinte, e foi homenageado na música "Hey Jude", de Paul McCartney. Mas, em novembro de 1966, acontecia uma exposição de ar­­tes em uma galeria de Londres. A artista plástica Yoko Ono já havia enviado cartas ao beatle para que ele financiasse suas exposições, mas nunca obteve resposta. Até que travaram finalmente um decisivo e eterno contato, que o levaria a se divorciar de Cynthia, ao fim dos Beatles e a um dos casos amorosos mais comentados do mundo, até hoje.

"Yoko nunca foi uma pessoa afável. Mas parece evidente que o aguçado pensamento de vanguarda da japonesa casou bem com o ocidental Lennon, que recebeu um apoio firme para seguir em frente e aprofundar suas convicções", diz o jornalista e crítico musical Tárik de Souza.

Os dois assumiram o relacionamento em 1968, quando os Beatles já estavam mal das pernas. Em agosto de 1966, John teve um surto, e pensou em pa­­rar de tocar com a banda. No ano seguinte, morria Brian Epstein, o empresário-confidente do grupo. E, em 1968, foi fundado o selo Apple Records, que promoveu mais discórdia entre os Fab Four. Mas foi Yoko, na visão dos fãs, quem catalisou o desmanche da banda.

"Os fãs, quaisquer fãs, sempre têm dificuldade em aceitar mudanças de seus ídolos. Vide os de Bob Dylan que o chamaram de ‘Judas’ quando trocou o estilo folk acústico por guitarras, em meados dos 60", diz Souza.

Musicalmente, Yoko e John não se completavam. Yoko sabia algo de piano, mas praticamente aprendeu música com John. Em alguns vídeos da década de 1970, chega a ser bizarro ver a participação dela ao lado do marido.

Yoko tem um ar perdido, e não sabe direito o que fazer. Mesmo assim, a dupla lançou cinco discos. Two Virgins (1968), Plastic Ono Band (em 1970, ainda antes do fim oficial dos Beatles), Imagine (1971), Sometime in New York City (1972) e o mais famoso deles, Double Fantasy (1980). O fruto mais importante, no entanto, é Sean Lennon, filho do casal. Sean tem 34 anos e nasceu em um 9 de outubro, mesmo dia que o pai. De certa forma o músico dá continuidade ao legado musical da família já que, no fim de outubro, faz um show nos Estados Unidos com sua nova banda: The Ghost of a Saber Tooth Tiger.

Sean também irá dirigir os dois shows que Yoko Ono fará em Los Angeles hoje à noite, assim como outro em Reykyavik, na Islândia, no dia 9, data em que seriam celebrados os 70 anos de John Lennon.