A trajetória de Cássia Eller
Nascida no Rio de Janeiro, Cássia Eller se aproximou do mundo da música aos 14 anos, em Brasília, quando ganhou um violão e começou a tocar Beatles, Caetano Veloso, Nirvana e Cazuza.
Na adolescência, trabalhou como servente de pedreira e nunca concluiu o ensino médio. Com uma carreira relativamente curta, Cássia se tornou um dos nomes mais importantes do rock brasileiro. Fez sucesso pela primeira vez com a interpretação de "Por Enquanto", música de Renato Russo, e entrou definitivamente para o cenário nacional com o álbum "Acústico MTV" (2000).
Bissexual, polêmica e dona de uma atitude irreverente, Cássia criou o filho Chicão ao lado de sua companheira Maria Eugênia.
Em uma histórica apresentação no Rock in Rio em 2001, ergueu a camiseta em frente de toda a plateia. Cássia Eller faleceu aos 39 anos, no auge da carreira, em razão de um infarto do miocárdio.
Na época, a hipótese de overdose por uso de drogas foi amplamente divulgada pela imprensa. No entanto, essa teoria foi descartada pelo Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro.
A curitibana Tacy de Campos é uma mulher reservada. Não gosta de dar entrevistas e falar sobre si mesma. Essa personalidade soa até um pouco contraditória com a projeção que Tacy está alcançando: a artista foi selecionada entre mais de mil participantes para interpretar Cássia Eller em um musical, que estreou no Rio de Janeiro na última quinta-feira (29). No espetáculo, ela toca, canta e atua, dando vida a diversas fases da carreira da cantora, que foi um dos maiores ícones da música brasileira e morreu há 13 anos.
Com 24 anos e estudante de música há quase dez, Tacy nunca atuou ou estudou teatro, mas sua voz e postura de palco são tão semelhantes aos da cantora que ela tem impressionado e emocionado fãs, amigos e familiares de Cássia Eller. "Eu nem mandei meu material. A produtora de elenco viu um vídeo meu na internet e me chamou para fazer os testes no Rio", conta a cantora, que ganhou o apelido de "Tássia Eller" de alguns amigos.
Além da voz grave e poderosa e dos trejeitos no palco, Tacy tem outras coisas em comum com a famosa roqueira. "Eu sempre fui tímida, não gosto desse negócio de dar entrevista, não sei fazer isso e vi que ela também era assim", fala. Como Cássia, Tacy também é homossexual assumida e passou por trabalhos esporádicos mas sempre teve na música sua maior paixão. "Estou fazendo essa peça, mas sou cantora. É o que me faz feliz e minha ideia é seguir nesse ramo".
Curitibanos e "Os Marginais"
A artista ficará instalada no Rio até o final da temporada do musical. Por aqui, em Curitiba, Tacy participa de uma banda chamada "Os Marginais", em homenagem ao álbum "O Marginal", de Cassia Eller, de 1992. Ela entrou no grupo da mesma forma que começou a fazer parte do espetáculo: sendo descoberta por alguém. "Eu e meu irmão vimos a Tacy tocando Cássia Eller no bar do Tatára e ficamos bobos com a semelhança. Decidimos na hora procurar por ela pra fazer uma banda tributo", conta Titi Barros, guitarrista do grupo.
Desde que a conheceu e iniciou a banda, há cerca de dois anos, Barros conta que Tacy sempre foi retraída. "Ela é quietinha, fala com a cabeça baixa, bem aquele jeitão da Cássia Eller". Mas, de acordo com o guitarrista, quando sobe no palco ela se transforma: é carismática e segura a atenção da plateia. "Todo mundo fica de boca aberta com a performance dela".
Sobre a convocação de Tacy para o musical, Titi Barros diz que todos da banda festejaram e que já esperavam por esse tipo de exposição. "Ficamos superfelizes! A gente sabia que esse projeto ia decolar com a Tacy pelo talento, competência, carisma e humildade que ela tem", explica. "Espero que sobre alguma coisa para nós!", complementa, rindo.
Ele deixa claro que o projeto pós-musical é continuar com a banda tributo. Além disso, os músicos pretendem trabalhar em um álbum com as músicas próprias de Tacy, que já compôs mais de 30 canções com influências de blues, rock, MPB e bossa nova.