The Big C tem um slogan improvável: "Uma mãe suburbana, diagnosticada com câncer, tenta encontrar graça na doença". Mas é isso aí. Cathy Jamison, a protagonista da série que estreia este domingo na HBO Brasil, descobre ter um melanoma. Ela está no estágio quatro, o mais avançado, e decide não operar, não tratar e não contar para a família.
Em vez disso, investe na piscina com que sonhou a vida inteira, embora não tenha jardim suficiente para construí-la. E compra um carro esporte conversível depois de romper com o marido. Enfim, Cathy surta de um jeito que consegue ser triste e também engraçado. Uma mulher fura a fila do caixa e Cathy diz: "Eu estava na vez e vou morrer logo, se você não se importa".
Favorita na categoria de melhor atriz de série de tevê no Globo de Ouro, Laura Linney é a uma das grandes responsáveis pelo sucesso do seriado, que já tem uma segunda temporada confirmada os 12 episódios da primeira foram exibidos nos Estados Unidos ao longo do ano passado.
É Laura que deixa Cathy demasiadamente humana. Perdida depois de descobrir que vai morrer em breve o médico fala em um ano, se tiver sorte , ela cai no clichê de fazer tudo o que sempre quis, mas nunca pôde, ou nunca teve coragem de colocar em prática. Mas logo vai descobrir que "tudo" não é fácil de definir.
Por toda a vida, ela foi comedida, do tipo que jamais transaria na sala para não correr o risco de sujar o sofá. Diante da possibilidade de fazer qualquer coisa, sente-se confusa.
Então Cathy começa a romper com as coisas que já não suportava. A começar pelo marido. O casamento de mais de uma década com Paul (Oliver Platt) havia desembocado num cotidiano de silêncio irritado. Sem explicar nada, ela explode, faz críticas às coisas triviais que sempre a incomodaram a começar pelas portas e gavetas da cozinha que o marido e o filho abrem, mas são incapazes de fechar.
Depois desse primeiro passo, os outros parecem mais fáceis. Aos poucos, Cathy vai se soltando e o ápice da sua ousadia ocorre no episódio cinco, um dos melhores da primeira leva. É quando ela decide fazer o que os norte-americanos chamam de Brazilian wax (a depilação pubiana). Desse ponto em diante, a professora nunca mais será a mãe recatada que foi até então.
The Big C consegue fazer o que parecia impossível: transformar uma história com tudo para ser um drama em uma comédia sem descambar para o humor rasteiro, de mau gosto. A leveza aparente nunca perde de vista a seriedade do tema e de suas consequências, permitindo à história falar de situações e sentimentos difíceis com coragem e honestidade. GGGG
Serviço
A primeira temporada da série The Big C estreia na HBO Brasil neste domingo, às 21h30.
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