Legado
Com o Charlie Brown Jr., músico fez seguidores em Curitiba
Rafael Rodrigues Costa
Uma das bandas mais populares do país, a Charlie Brown Jr. tinha um grande número de fãs em Curitiba. O grupo gravou parte do DVD ao vivo Música Popular Caiçara (2012) no Curitiba Master Hall e tinha na capital paranaense um de seus principais fãs clubes.
Participante de três das quatro edições do Festival Lupaluna, a banda teve um dos shows mais aclamados da edição passada, em 2012. A última apresentação do baixista Champignon na cidade, já com o grupo A Banca, foi no fim de junho.
Fã do Charlie Brown Jr. há cerca de dez anos, o músico Daniel Perin diz que a morte do baixista deixou os admiradores perplexos. "Ele disse que ia levar o som do Chorão para a frente", lembra Perin, que destaca a importância da banda na defesa da cultura do skate. "Eles falavam muito em paz, em coisas boas. Ninguém esperava isso. Talvez ele estivesse passando uma imagem e, na alma, estivesse sentindo outra coisa."
Sandro Godinho, produtor banda Haullys, diz que o grupo santista era inspiração para muitos instrumentistas. "Eles eram grandes figuras do rock nacional", diz o músico, que chegou a se apresentar junto com Champignon em junho de 2012. "Conheci várias bandas em Curitiba que têm o Chorão e o Champignon como referência", conta.
Aldo Bueno, guitarrista da banda Charlie Peppers, que faz covers da banda santista, também destaca esse aspecto. "Principalmente na geração de músicos que nasceram no fim dos anos 1980, que pegou o auge da banda entre 1997 e 2004, tem muita gente que foi influenciada por eles."
Repercussão
Famosos lamentaram a morte de Champignon nas redes sociais. Confira:
"Acordei agora com a notícia do Champ. Estou em choque. Perdi mais um irmão. Não tô conseguindo acreditar! Alguém sabe o porquê? Se ele deixou algum recado? O que aconteceu? Estou perdido aqui sem informações! Não consigo acreditar!"
Junior Lima, músico, pelo Twitter
"Caraca Champs que porra é essa? Continuo sem acreditar. Estou tentando falar com o Thiago mas não consigo. Deve ser algum engano. Estou recebendo e-mails dizendo que é verdade. Nossa, que tristeza, nossa bro."
Dinho Ouro Preto, vocalista da banda Capital Inicial, pelo Twitter
"Estivemos juntos no último capítulo de Malhação. Ele tentava se reerguer da perda do parceiro. Trollado por muitos. Valeu, Champignon. Obrigado pelas belas canções. Isto é o que vai ficar."
Leo Jaime, músico e ator, pelo Twitter
"Champignon morreu, meu Deus. Que absurdo. Que coisa mais triste."
Lobão, músico, pelo Twitter
"Estado completo de choque com a notícia sobre o Champignon!"
Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube, pelo Twitter
"Que notícia mais triste. Poxa, Champignon. Você tinha uma vida inteira pela frente."
Didi Wagner, apresentadora, pelo Twitter
"Esteja em paz Champignon. Colega bacana. Mundo louco. Descanse em paz mano."
Emicida, rapper, pelo Twitter
O músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, 35, o Champignon da banda Charlie Brown Jr., cometeu suicídio ontem, em seu apartamento no Jardim Caboré, na zona oeste de São Paulo. O velório do músico está sendo realizado desde as 19 horas de ontem no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos (72 quilômetros de São Paulo). O enterro está marcado para as 15 horas de hoje, no mesmo local.
A morte de Champignon ocorre pouco mais de seis meses após a do vocalista da banda, Alexandre Magno Abrão, 42, conhecido como Chorão, encontrado morto por overdose de cocaína em seu apartamento em Pinheiros, na zona oeste de capital paulista.
Champignon e a esposa, Claudia Campos, grávida de 5 meses (o baixista tinha uma outra filha de 7 anos, de outro casamento), haviam chegado em casa há cerca de dez minutos, após um jantar com um casal de amigos, onde teriam discutido, quando o músico foi até o quarto onde guardava instrumentos e atirou contra a própria cabeça com uma pistola 380, registrada em seu nome.
Morador de um apartamento vizinho, o corretor de imóveis Alexandre Benaion ouviu sons de tiro, seguido de gritos da mulher de Champignon e latidos do cachorro do casal. Preocupado, o corretor foi ao apartamento para saber o que havia acontecido. "Foi horrível, vi o Champignon caído no chão com um tiro na boca e uma arma na mão", disse.
Benaion ajudou a mulher do músico a ligar para o Samu (Serviço Médico de Urgência) e para a Polícia Militar. Quando o Samu chegou ao local, Champignon já estava morto.
Investigação
Segundo a delegada Milena Suegama, do 89.º Distrito Policial (Portal do Morumbi), que investiga o caso, Champignon sofria com um quadro depressivo por conta das críticas que sua nova banda estaria recebendo. Ela disse não ter encontrado vestígios de drogas ou antidepressivos no apartamento do músico. Em depoimento, a mulher de Champignon disse que o músico não usava drogas e que era "tranquilo".
Segundo a delegada, a morte de Chorão também afetou o baixista. Champignon era atualmente o vocalista da banda A Banca, criada pelos membros remanescentes do Charlie Brown Jr. após a morte de Chorão.
Carreira
Os 20 anos de história do Charlie Brown Jr. foram marcados pelo sucesso e constantes problemas de relacionamento entre Chorão e os outros músicos. Em 2005, Champignon deixou o grupo, junto com o guitarrista Marcão e o baterista Renato Pelado.
Com a saída do Charlie Brown Jr., o baixista voltou para Santos, onde montou a banda Revolucionnarios. O trabalhou não teve sucesso de público, mas rendeu a Champignon seu segundo prêmio Multishow como melhor instrumentista, em 2007 (o primeiro veio em 2004).
Em 2008, o novo projeto de Champignon chamaria a atenção do público e da mídia pela formação inusitada. O "super-grupo" Nove Mil Anjos trazia, além do ex-baixista do Charlie Brown Jr.; Peu Souza, ex-guitarrista da Pitty (que também se matou em maio deste ano); Junior Lima, da dupla Sandy & Junior; e o vocalista Péricles Carpigiani. Com apenas um disco lançado, o grupo terminaria em 2009, após muitos desentendimentos entre os músicos.
Marcão e Champignon voltariam ao Charlie Brown Jr. seis anos depois, mas a relação entre os músicos, principalmente entre Champignon e Chorão, seguiria tensa. Durante um show em Apucarana (PR), em 2011, o vocalista humilhou publicamente o baixista. Dias depois, em um vídeo publicado na internet, eles pediriam desculpas ao público e um ao outro.
Pouco mais de um mês depois da morte de Chorão, os músicos remanescentes do Charlie Brown Jr. anunciaram a criação de uma nova banda: A Banca. Champignon assumia os vocais, deixando o baixo com a nova integrante Lena Papini.
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