Exposição
Arpilleras da Resistência Política Chilena
Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, 79 São Francisco), (41) 3321-3313. De 8 a 13 de maio. De 3ª a 6ª, das 9h às 18h. Sáb. e dom, das 9h às 15h. Até 13 de maio. Entrada gratuita.
Oficina
A partir de amanhã, serão realizadas oficinas gratuitas sobre a técnica das arpilleras, com 15 vagas no total. Na 4ª e na 6ª, as aulas acontecem das 14h às 18h e no sábado, das 9h ao meio-dia. As inscrições podem ser realizadas no Memorial a partir de amanhã. Mais informações pelo telefone (41) 3321-3313.
O Chile, como outros países da América Latina (a exemplo do Brasil e da Argentina), tem uma democracia recente: desde o fim do período da ditadura de Augusto Pinochet (morto em 2006, aos 91 anos), se passaram apenas 22 anos. De 1973 até 1990, tempo que durou o regime no país, cerca de 40 mil pessoas foram vítimas, entre executados, desaparecidos e torturados, segundo relatório oficial divulgado em 2011. Os anos sangrentos deixaram famílias desestruturadas e mulheres tiveram de assumir o comando de suas famílias, tanto emocional como financeiro. Muitas delas, usaram de um artesanato tradicional do Chile, as arpilleras, para sobreviver e protestar. Cerca de 30 desses trabalhos podem ser vistos a partir de hoje, na exposição Arpilleras da Resistência Política Chilena, no Memorial de Curitiba, com entrada franca.
Realizada por meio do edital Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça brasileiro, a mostra reúne arpilleras originais técnica têxtil elaborada em pano rústico, geralmente cânhamo ou linho grosso, proveniente de sacos de farinha ou batatas, e bordados com retalhos de tecidos e objetos feitas durante as décadas de 1970 e 1980 por mulheres que estiveram presas ou cujos maridos e filhos foram torturados ou assassinados. Segundo a produtora da exposição, Clara Politi, essas artistas fizeram uma "resistência pacífica". "O que queremos com a exposição é trazer ao público o que realmente aconteceu no Chile", diz.
As obras, inicialmente de artesanato popular, trazem mensagens claras, com perguntas como: "onde estão os desaparecidos?" e desenhos que mostram salas de tortura ou covas com cadáveres. As peças, que são uma espécie de patchwork, também acabaram tendo um valor comercial além do político, já que ajudaram financeiramente essas mulheres, que se uniam em grupos de trabalho ou em comunidades artesãs para sustentar suas famílias. Por isso, algumas obras também trazem temas do cotidiano, como aniversários e casamentos.
Contexto
Clara diz que a apresentação do projeto ao público brasileiro (a exposição já passou por Porto Alegre e Brasília) é integrar o Brasil dentro do contexto de países que sofreram com a ditadura militar e a repressão. "A ditadura foi uma só na América Latina", salienta a produtora, que tem a intenção de levar os trabalhos para serem expostos no Parque da Memória, em Buenos Aires. Depois de Curitiba, a mostra segue para Belo Horizonte e Rio de Janeiro.