A adolescência é, quase sempre, um período conturbado na vida de qualquer um. Momento de muitas inquietações, no qual sobram perguntas sem respostas. E algumas descobertas são dolorosas, porém fundamentais para o autoconhecimento e para a conquista de uma certa independência emocional. Azul É a Cor Mais Quente, filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, é um retrato corajoso e provocativo desse turbilhão emocional, vivenciado pela protagonista, uma jovem que tenta encontrar o seu lugar no mundo e, sobretudo, entender quem é e o que sente.
Filha da classe média trabalhadora do norte da França, Adèle (Adèle Exarchopoulos, esplêndida) adora literatura e sonha em se tornar professora primária, porque quer devolver às crianças as descobertas que a escola e alguns professores lhe proporcionaram, conhecimentos que talvez seus pais, menos letrados e mais preocupados em sustentar a família, não tiveram como oferecer a ela.
Mas Adéle, apesar de madura para a sua idade, não é feliz. Algo a inquieta: aos poucos, ela começa a perceber que, ao contrário de suas amigas de colégio, ela não se sente tão atraída pelos garotos. Seu desejo é maior por meninas. Isso significa ser diferente, "ter um problema". E alguma coisa acontece no seu coração quando ela vê pela primeira vez, atravessando a rua, Emma (Léa Seydoux, de A Bela Junie), uma jovem estudante de Belas Artes um pouco mais velha, de cabelos curtos e pintados de azul. É o primeiro ponto de virada em sua vida.
Amor
As duas vão se reencontrar, se apaixonar e viver uma história de amor muito intensa, mas também difícil enquanto Adéle é ingênua, limitada e simplória em seus sonhos, Emma é de uma classe social mais elevada, tem uma formação cultural requintada. Quando a empolgação da paixão incendiária que vivem começa a arrefecer, essas diferenças vêm à tona e interferem na relação o esnobismo intelectual é um dos muitos temas sutilmente discutidos pela trama.
Muito já se falou sobre as tórridas cenas de sexo do longa-metragem, dirigido pelo cineasta franco-tunisiano Abdellatif Kechiche (do excelente O Segredo do Grão). Mas, apesar de serem fundamentais ao filme, elas não o definem. Reduzi-lo com o rótulo de erótico não poderia, portanto, ser mais inadequado.
O que vemos na tela, mostrado com bravura por Kechiche e suas atrizes, também premiadas em Cannes, é o processo de educação sentimental (e intelectual) de Adéle. Ao longo das três horas de projeção, a vemos cair, sofrer, se levantar e se tornar uma mulher adulta. O azul, a tal "cor mais quente", primeiro está nos cabelos de Emma. Mais tarde, Adèle o encontrará dentro de si e vesti-lo, em um dos melhores filmes de 2013. GGGG
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