Foi a vereadora Julieta Reis (DEM) quem pediu à Urbs a intervenção na obra de Tom 14, na rodoviária de Curitiba. Ela fez questão de responder a quase todos os comentários da matéria publicada nesta quarta-feira (4), e afirmou, entre outras coisas, que “faz parte do trabalho como vereadora de Curitiba zelar pela cidade” e que “colocar uma vagina na parede da rodoferroviária é que parece autoritário”. Artista plástica, Julieta conversou com a reportagem sobre os desdobramentos do caso.
Como foi a repercussão do caso para a senhora?
Não quero polemizar. Quando as pessoas polemizam, começam a levantar situações que não tem nada a ver. Eu vi as fotos que me mandaram via rede social e aí me questionaram sobre aquela obra, que retrata a genitália feminina.
Críticos defendem Tom 14; histórico recente de censura envolve livro e exposições
Críticos e professores de arte são taxativos quanto ao pedido de intervenção da vereadora Julieta Reis (DEM) na obra do artista Tom 14 – que estilizou uma vagina em um dos acessos da rodoviária de Curitiba.
Leia a matéria completaA senhora foi até a rodoviária para ver a obra?
Não, só por fotografias.
Sua ação inicial foi qual?
Falei com o presidente da Urbs e perguntei se a obra iria permanecer depois da Bienal, considerando que achamos o local inadequado. Não tenho nada contra a obra, só achamos o local inadequado para ela. É uma obra que permite diversas interpretações, negativas e positivas.
A interpretação não faz parte da apreciação de uma obra de arte?
Há interpretações do ponto de vista erótico... quero deixar claro: não quero saber de censurar obra nenhuma. Só comentei que o local era inadequado.
Leitores comentaram sobre a estátua do Homem Nu, no Centro Cívico. E também sobre a estátua de Davi, de Michelangelo. A senhora vê erotismo nessas obras também?
Não, é diferente. A obra está na entrada da rodoviária... não sei.
A senhora afirmou que, com a “intervenção”, a obra ficou ainda pior. Pior como?
Se é pra ficar lá, deveria ser da forma original. A emenda ficou pior do que o soneto. Mas acho que a repercussão para o artista foi algo positivo.
Sob pressão, artista altera obra que retrata vagina em parede da rodoviária de Curitiba
Vereadora Julieta Reis alegou que o espaço era “inadequado” e pediu para Tom 14 “arrumar” a obra – alternativa era ter a intervenção, que faz parte da Bienal de Curitiba, apagada
Leia a matéria completaPara a senhora também foi?
Não sei. Eu não quis interferir na obra dele...
Para a senhora, a ilustração artística de uma vagina é algo repulsivo?
Não é repulsivo, é que ela permite diversas interpretações...
A senhora pretende tomar mais alguma medida em relação ao caso?
Encerrei o caso. Não falo mais nada, não quero polemizar. Até porque hoje tem a marcha para lembrar a morte da menina Raquel Genofre [encontrada morta numa mala na rodoviária de Curitiba, no dia 5 de novembro de 2008]. Porque aí acaba entrando em áreas que não tem nada a ver. Não tem censura política nenhuma. O que fiz foi questionar o local em que a obra está.
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