Na tela
Adaptação destaca o talento de Zac Efron
A Morte e Vida de Charlie, em exibição nos cinemas, faz jus ao livro de Ben Sherwood. Zac Efron, astro teen da franquia High School Musical, mostra maturidade e encara muito bem o complexo papel do protagonista.
A trama se concentra, principalmente, na relação construída pelos dois irmãos e na revolução causada na trajetória de Charlie com o aparecimento de Tess (Amanda Crew), antiga colega do ensino médio e promessa como velejadora.
Ambos lidam com perdas complicadas (ela, no caso, com a do pai). Ao fazer escolhas e tomar atitudes, Charlie descobre que às vezes é preciso observar que nem sempre a vida nos dá uma segunda chance.
A direção de Burr Steers merece destaque também, além da boa fotografia. A leitura do livro, no entanto, pode fazer com que a projeção seja ainda melhor; (CLF) GGG1/2
O escritor e jornalista norte-americano Ben Sherwood não conteve as lágrimas ao conferir a primeira projeção de A Morte e Vida de Charlie (longa-metragem adaptado de seu livro e lançado no Brasil com o nome de Morte e Vida de Charlie St.Cloud, pela Editora Novo Conceito). A produção, estrelada por Zac Efron e em exibição no país desde a última sexta-feira (14), mantém de certa maneira a essência da obra. "Filmes e livros são muito diferentes. Por definição, adaptações ao cinema não são traduções literais, mas sim interpretações. Eu chorei quando assisti ao filme pela primeira vez. A experiência foi muito poderosa", fala o escritor em entrevista à Gazeta do Povo.
Aos 46 anos, Sherwood não à toa figurou na lista dos livros mais vendidos do The New York Times. No caso específico de Morte e Vida de Charlie St.Cloud, segundo livro de carreira, chama a atenção a narrativa ágil, detalhada e a boa construção dos personagens.
A trama gira em torno do jovem que dá título à obra, um exímio velejador, atleta dos mais festejados na escola e um apaixonado pelo beisebol. Em casa, no entanto, a rotina não é nada fácil.
Abandonado pelo pai, Charlie se responsabiliza e muito por auxiliar a mãe na criação do irmão caçula, Sam, de 12 anos. Com a conclusão do ensino médio, o jovem se prepara para ingressar na universidade.
O clima de euforia não é compartilhado por Sam, que teme a partida do irmão ainda fragilizado com a ausência paterna. Muito próximos, os meninos compartilham de uma cumplicidade encantadora.
Durante um plantão da mãe, Charlie decide pegar o carro escondido para assistir ao jogo do Red Sox, a grande paixão dos meninos no beisebol. No retorno, no entanto, um acidente de carro acaba por interromper a trajetória de Sam.
É aí que vem a virada no destino de Charlie, que passa a manter contato com o irmão mesmo depois da fatalidade inesperada. "Como um jornalista, eu tenho um certo receio sobre ideias que parecem improváveis. Mesmo assim, eu quero acreditar que existe um mundo não visto ao nosso redor. Eu espero que ele funcione da forma como eu retrato no livro. Pensar dessa forma me conforta", avalia Ben.
O fato é que a promessa feita a Sam "Nós sempre jogaremos beisebol, Sam. Não importa o que aconteça" faz com que Charlie abandone seus planos e sonhos para viver em função desse relacionamento sobrenatural. Por conta disso, aceita o emprego de zelador no cemitério da pequena cidade litorânea em que vive.
Todos os dias, no horário combinado, ele encontra Sam para mais uma aula de beisebol. "Eu já passei por grandes perdas pessoais. Também fui sortudo e encontrei um grande amor. Essas duas emoções são o centro do livro", reitera o autor.
A experiência vivida por Charlie, completa o escritor, talvez seja a resposta para a grande repercussão do texto. "Eventualmente, todo mundo passa por alguma experiência de perda. E todos enfrentam a escolha de se prender no passado ou seguir em frente. Talvez seja por isso que os leitores respondam tão bem aos personagens", avalia.
Para os fãs de Ben, uma notícia talvez decepcionante. Pelo menos por um tempo, ele vai deixar os planos literários para um segundo momento. "Eu aceitei recentemente o posto de presidente da ABC News em Nova York. Então estou focado no jornalismo agora, e coloquei os meus projetos literários na espera... Mas vou voltar algum dia com outras histórias!", avisa.