Cena do filme "A Epidemia"| Foto: Divulgação

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Há sempre uma nítida resistência por parte de fãs e da crítica especializada quando um estúdio anuncia a estreia de uma refilmagem, ainda mais quando se trata de um cultuado filme de terror. As comparações são inevitáveis e há sempre o questionamento sobre a validade do projeto. A grande questão é: como será possível melhorar?

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A Epidemia mostra-se como um exemplo desta situação. Refilmagem de "O Exército do Extermínio", do cultuado cineasta George A. Romero, a produção do diretor Breck Eisner ("Sahara") segue à risca o que manda o mestre. Porém, fica devendo em suspense em relação ao filme original de 1973.

Lançado em meio à Guerra Fria, "O Exército do Extermínio" fazia mais sentido. Na trama, pessoas de um vilarejo norte-americano passam a apresentar comportamentos estranhos, cujo fim é matar as pessoas em volta. Descobre-se mais tarde que a causa das atitudes, que variam entre a catarse e a violência desmedida, é a contaminação do lago local por uma substância letal, liberada por acidente por militares norte-americanos.

Há, aqui, uma característica cara aos filmes de Romero. Na luta contra os russos, a inteligência norte-americana consegue desenvolver armas mortais para desequilibrar as potências. No entanto, quando descuidadamente elas atingem seus próprios cidadãos, evidencia-se que não há qualquer controle sobre as consequências de suas ações, passando uma discreta crítica política.

Nesta produção, quem descobre o problema é o xerife David Dutten (Timothy Olyphant, de "Duro de Matar 4"), que vê sua cidade sucumbir frente a uma epidemia. Quando o vilarejo é isolado em quarentena e seus habitantes são levados à força pelo Exército, incluindo aí sua esposa Judy (Radha Mitchell, de "Terror em Silent Hill"), o policial fará de tudo para escapar com sua mulher do cerco.

Seria possível descrever o novo filme como uma cópia sem viço ou originalidade de um cineasta possivelmente considerado "professor" do mundo dos zumbis. Afinal, com sua trilogia, "A Noite dos Mortos-Vivos" (1968), "O Amanhecer dos Mortos-Vivos" (1978) e "O Dia dos Mortos-Vivos" (1985), Romero marcou essas criaturas no imaginário popular. Mas não se trata apenas disso.

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George A. Romero não só assina a produção executiva deste filme, como também supervisionou de perto sua filmagem. O roteiro, adaptado por Scott Kosar, responsável pelas refilmagens "Horror em Amityville" e "O Massacre da Serra Elétrica", ao lado de Ray Wright (de "Caso 39", lançado diretamente em DVD, no Brasil), tem igualmente a assinatura dele.

Fora da direção, Romero produz cinema sobre mortos-vivos sem qualquer julgamento de valor. Nos bastidores, ele não se expõe às críticas de refilmagens descontextualizadas, como esta.