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Tombado na década de 1970, fechamento do prédio do Museu da Imagem e do Som por 10 anos causou sérias deteriorações | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Tombado na década de 1970, fechamento do prédio do Museu da Imagem e do Som por 10 anos causou sérias deteriorações| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Exemplos

Boas iniciativas no MIS do Rio de Janeiro e de São Paulo impulsionam visitações

Nem um domingo de chuva torrencial em São Paulo desanimou o público de ir ao Museu da Imagem e do Som da cidade para conferir a exposição Spectacle, sobre a história do videoclipe, que esteve em cartaz até o fim do mês passado. O número de visitantes e a troca de ideias no lugar surpreende quem está acostumado com o ambiente geralmente mais silencioso dentro dos museus.

Desde a gestão do atual diretor, André Sturm, que assumiu o cargo em 2011, um novo plano de atividades foi realizado para o MIS. Ampliação da digitalização dos materiais do acervo, capacitação, exibições em diferentes pontos da cidade e programação ativa, foram os quatro eixos seguidos por ele. O resultado está confirmado em números: em 2010, foram 61.638 visitantes. No ano passado, o número saltou para 184.205.

No MIS do Rio de Janeiro, além do impressionante acervo com um rico material de música brasileira, um projeto concebido em 1966, Depoimentos para Posteridade, já formou um acervo de mais de 900 depoimentos de nomes como Pixinguinha, Chico Buarque, Tom Jobim, entre outros. Além disso, o evento é aberto ao público. Em janeiro, o público pôde acompanhar a conversa com Jards Macalé.

  • Apodrecimento de vigas e piso são alguns dos problemas vistos no edifício

Todo especialista em patrimônio histórico tem uma máxima: casa sem uso deteriora. No caso do prédio localizado na rua Barão do Rio Branco que é sede do Museu da Imagem e do Som (MIS) (provisoriamente, o museu e seu acervo estão instalados no bairro Santa Cândida), os dez anos fechado causaram estragos quase inimagináveis. Piso e vigas de madeira podres, pintura deteriorada e janelas quebradas são alguns dos problemas do edifício, construído em 1890 e tombado pelo patrimônio Histórico e Cultural do Estado. Depois da década de descaso, o restauro total do espaço tem início no mês que vem.

No total, cerca de R$ 1,750 milhão será investido para a reforma (recursos próprios da Secretaria de Estado da Cultura – Seec), sendo que R$ 400 mil foram aplicados na primeira fase da recuperação, em 2012. Com o prédio ameaçando ruir, estruturas de concreto embaixo do piso e reforço nas paredes foram feitas emergencialmente, para garantir estabilidade, além de conserto no telhado. Segundo a coordenadora de Patrimônio Cultural da Seec, Rosina Parchen, o prazo de execução das obras é de 180 dias (mas há possibilidade de prorrogação). Por conta do tombamento, a empresa que venceu a licitação tem experiência em serviços de obra histórica. "Também haverá fiscalização pelo patrimônio", frisa Rosina.

Além do restauro (com forro e pisos substituídos, novas instalações elétricas e hidráulicas, sistema de segurança e pintura), essa segunda fase comtemplará elementos como a recuperação de um vitral no centro do prédio e de um mural de Poty Lazzarotto, no pátio externo. Salas de exposição, locais para cursos e auditório serão formados. O projeto prevê ainda a instalação da loja do MIS e de um café. "É algo que deu muito certo no Paço. O café possibilita troca de impressões, acaba tendo uma função sociocultural e atrai visitantes", acredita o diretor do MIS PR, Fernando Severo, que frisa, ainda, que a sede fixa dará mais visibilidade ao trabalho do MIS. "No Santa Cândida não tenho sala expositiva, as exposições que faço são em espaços culturais que me cedem, o que nem sempre caracteriza para as pessoas leigas que seja um trabalho do MIS."

Na programação cultural, a ideia é que ele se transforme em um centro de referência audiovisual e em local para cursos. Severo quer trazer as novas gerações para dentro do museu e continuar a linha de trabalho de Valêncio Xavier (1933-2008), que também foi diretor do MIS. "Ele vislumbrava a importância que o museu teria para fundamentar e deixar a cena audiovisual mais consistente", salienta o atual diretor, cujo primeiro emprego com carteira assinada foi no MIS, na década de 1980, realizando filmagens de eventos culturais. "É um local fundamental na minha vida."

Padrões

O projeto vai resgatar características originais do edifício projetado pelo engenheiro italiano Ernesto Gaita (feito para uma residência particular, mas que foi adquirido um ano depois da construção pela Fazenda Nacional, para ser sede do governo do Paraná). Para isso, parte do canto direito do prédio (construído posteriormente) será demolida. "Vamos dar o espaço da varanda novamente. Esse fechamento atual tem esquadrias muito ruins e um desenho em desacordo com o restante", explica Rosina. Fernando Severo conta que um plano para construção de uma reserva técnica dentro das normas internacionais de conservação, para abrigar o acervo, já está pronto. "Isso [a construção] não vai acontecer nessa etapa, mas posteriormente com certeza. Com o restauro, o acervo já pode retornar e, enquanto isso, iremos atrás dos recursos para o anexo", informa Severo.

Importância

A coordenadora da Cinemateca de Curitiba, Solange Stecz, crê que o trabalho do MIS, que é complementar ao da Cinemateca, será facilitado com a sede própria. "O museu é um espaço vivo, não só de guarda. A preservação e o cuidado com esse acervo ajudam a construir e preservar a memória de uma cidade e de um estado." O coordenador de pesquisa da diretoria de Patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba e membro do Conselho Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico, Marcelo Sutil, frisa que o restauro vai possibilitar que a população desfrute melhor do acervo. "Além disso, o prédio é um exemplar importante e representativo da arquitetura do final do século 19, e as pessoas vão poder aproveitá-lo."

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