A visão sombria criada pelo escritor Cormac McCarthy de um mundo pós-apocalíptico desolado em "A Estrada" chegou ao cinema num filme igualmente sombrio, em que Viggo Mortensen faz um pai que luta para manter seu filho vivo.

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Dirigido pelo australiano John Hillcoat, o filme procura recriar as paisagens vazias e encharcadas de chuva, a violência anárquica, a fome onipresente e o desespero que está sempre presente no livro.

Charlize Theron faz a mãe do garoto em sequências de flashback, e Robert Duvall é um andarilho idoso que vaga pelas ruas abandonadas dos Estados Unidos.

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Hillcoat considera que a relação entre pai e filho que está no centro da história, e o fato de que o garoto acaba aprendendo a confiar em outras pessoas, significam que livro e filme são, na verdade, mais otimistas do que podem parecer.

"Ele (McCarthy) me explicou que, para ele, 'Meridiano de Sangue' é sobre o que a natureza humana tem de pior e este livro, 'A Estrada', é sobre o que ela possui de melhor", disse Hillcoat a jornalistas no festival de cinema de Veneza, onde seu filme está na competição principal.

"Acho que, para McCarthy, 'A Estrada' é o romance mais esperançoso que ele já escreveu."

História de amor

Viggo Mortensen, que passa o filme todo barbado, desgrenhado e imundo, acha que a força do longa "The Road" está no amor entre o pai e o filho.

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"O que me atraiu primeiramente foi a ligação que eu senti, por ser pai", disse ele.

"Mas não é preciso realmente ser pai. Afinal, todo o mundo é filho de alguém, e, em última análise, o filme é uma história de amor entre duas pessoas."

"É por isso que 'A Estrada' é o livro de McCarthy que encontra eco mais universal entre os leitores que qualquer outro de seus livros -- porque trata de algo que todo o mundo, em qualquer lugar, pode entender."

"Essa preocupação -- o que vai acontecer com meu filho se eu não estiver aqui para ajudá-lo? Esse medo é levado ao extremo quando eu sei, e o público sabe, que, se eu me for, ele não terá abrigo, comida, amigos ou segurança."

Mortensen elogiou o ator mirim australiano Kodi Smit-McPhee, que descreveu algumas das dificuldades físicas de representar o menino no filme.

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"Houve uma hora em que tivemos que lavar pedaços de miolos do meu cabelo, e a água estava congelando."

Hillcoat disse que, para recriar o cenário de pesadelo da Terra após uma catástrofe não especificada, ele e seu elenco percorreram alguns dos lugares "pós-apocalípticos" dos Estados Unidos.

"Eles foram levados para o inverno de Pittsburgh, fomos ao Monte St. Helens, fomos a Nova Orleans quando a faxina após o Katrina ainda não tinha sido feita, fomos às minas de carvão de superfície da Pensilvânia, a rodovias abandonadas, andamos entre pobres e sem-teto."

O diretor e os produtores esperam que a magia de Cormac McCarthy se faça sentir na temporada de premiações que começa em breve. A adaptação feita pelos irmãos Coen do nono livro do escritor, "Onde os Fracos Não Tem Vez", levou os Oscar de melhor filme e melhor diretor.

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