Que diferença! Depois do fiasco da primeira (e possivelmente única) temporada de Na Forma da Lei, a Rede Globo se redimiu. No mesmo horário antes ocupado pela série policial estrelada por Ana Paula Arosio e Marcio Garcia, estreou há duas terças-feiras A Cura.
Gravada em deslubrantes locações na região de Diamantina, cidade histórica mineira, a série traz o pé-quente Selton Mello no papel de Dimas. O personagem retorna a sua terra local depois de muitos anos. Pretende trabalhar como médico no hospital da cidade. Mas, para isso, terá de vencer a resistência de muitos, que nele veem uma ameaça.
Quando garoto, Dimas tentou salvar um de seus melhores amigos, agonizante depois de uma queda. Com poderes mediúnicos começou a operar o menino, mas foi interrompido pela chegada do socorro. Surpreendido com as mãos sujas de sangue, mergulhadas nas entranhas do colega, foi acusado de tê-lo assassinado. Não teve tempo de finalizar a cirurgia.
O ótimo texto de João Emanuel Carneiro (de A Favorita) e Marcos Bernstein (diretor do filme O Outro Lado da Rua), dupla de roteiristas de Central do Brasil, A Cura não é mais um produto audiovisual sobre espiritismo. Embora Dimas seja médium, a série, que terá nove episódios, pode ser lida de várias formas. Como obra de suspense, folhetim sobrenatural e até mesmo drama histórico.
A trama se desenvolve em dois tempos: nos dias atuais e no século 18, quando um antepassado de Dimas, que entrou para a história na qualidade de herói fundador da cidade, é retratado como um homem cruel, vivido pelo ator Carmo Dalla Vecchia. Garimpeiro de origem portuguesa, é ambicioso, maltrata negros e índios, até ser vítima de um feitiço, que lhe abre chagas purulentas no corpo. Nos dois primeiros capítulos já exibidos, ainda não está clara a conexão entre o cirurgião e seu ancestral, o que aumenta o suspense da série, que não é pouco.
Dirigida com economia por Ricardo Waddington, A Cura conta com um elenco de primeira, que inclui os veteranos Ary Fontoura e Nívea Maria e bons atores da nova geração, como Caco Ciocler. Selton Mello está convincente como o atormentado Dimas, corpo e alma da série. Sua atuação é sutil, misteriosa. Mas quem roubou a cena nos primeiros episódios foi mesmo a mineira Inês Peixoto, integrante do Grupo Galpão, perfeita como Edelweiss, uma mulher mística que conta a Dimas que ele é a reencarnação de um certo doutor Otto, médium que no passado foi perseguido até a morte em Diamantina.
Operada por Dimas com sucesso, Edelweiss ameaça revelar segredos cabeludos sobre gente graúda na cidade e é morta nos últimos minutos do segundo episódio. Bingo! Amanhã tem mais.
Serviço: A Cura é exibida pela RPCTV nas terças-feiras, às 23h10.
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