Em algum momento do novo milênio, Edwin Honig (1919-2011) um destacado poeta, tradutor, crítico e professor universitário começou a demonstrar sinais de Alzheimer, que gradual, mas inexoravelmente, trouxe a perda de sua memória, do comando da linguagem e de suas relações com o passado.
Essa história real é o tema de First Cousin Once Removed, novo documentário do cineasta norte-americano Alan Berliner, que impactou na última terça-feira a plateia do Festival de Cinema de Nova York.
Berliner de quem Honig era primo, amigo e mentor documentou, de forma corajosa e carinhosa, os encontros que teve com ele durante cinco anos. O filme é uma crônica do declínio do corpo e da mente de Honig, mas também da força de seu espírito, e oferece uma visão dos caminhos que o poeta, alternando momentos de inconsciência e lucidez, encontrou para dar sentido ao que estava acontecendo com ele.
Na entrevista coletiva após a projeção, da qual participou a Gazeta do Povo, Berliner falou sobre o documentário e explicou o motivo de ter decidido realizá-lo. "Eu adorava o Edwin, ele era muito mais do que um primo, era um grande amigo. Certamente, por todas essas razões, vi a oportunidade de fazer esse filme e, com isso, ficar mais perto dele", contou o diretor, ressaltando sua inclinação por realizar filmes que despertem o verdadeiro significado da vida. "Eu passei a maior parte da minha carreira fazendo filmes que tentem transcender detalhes e buscar aquilo que é universal, duradouro, e que despertem as qualidades míticas que nos unem como pessoas. Estou comprometido a fazer filmes que encontrem as ironias, as sutilezas, as metáforas e o humor dentro do que significa ser humano", concluiu.
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