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Os integrantes do Hurtmold: frenética troca de instrumentos durante o show | Paulo Bórgia/Divulgação
Os integrantes do Hurtmold: frenética troca de instrumentos durante o show| Foto: Paulo Bórgia/Divulgação

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Hurtmold

Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Sábado, às 21 horas. R$ 25 e R$ 12,50 (meia-entrada). Ingressos à venda na bilheteria, hoje e amanhã, das 13h30 às 19 horas, e sábado, das 15 horas até o horário da apresentação.

  • Mils Crianças - Hurtmold. Submarine Records. R$ 15. Instrumental/Post-rock.

É o vinil Inspiration Informa­­tion, clássico cult de Shuggie Otis, que precisa ser interrompido para que Guilherme Granado atenda o telefone. "Mas poderia ser Chico, Coltrane ou De La Soul", avisa o tecladista da Hurtmold, banda que se apresenta sábado, às 21 horas, no Teatro do Paiol, em Curitiba. A liberdade musical, com uma colherada de experimentalismo e outra de pesquisa, moldam parcialmente o som do sexteto paulista, que retorna à cidade depois de sete anos para apresentar ao vivo seu quinto disco, Mils Crianças (2012). (veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo)

"Só tenho boas memórias daí", diz o músico. O "fator Paiol" novamente deve fazer diferença na apresentação da banda, formada por Guilherme, Fernando Cappi (guitarra), Mário Cappi (guitarra), Marcos Gerez (baixo), Mauricio Takara (bateria e trompete) e Rogério Martins (percussão e clarone). "Prefiro estar perto das pessoas", sentencia Guilherme, também responsável pelo vibrafone.

Em um rico cenário de bandas instrumentais – em que Elma, Pata de Elefante, Macaco Bong e a própria curitibana ruído/mm se destacam – a Hurtmold consegue estabelecer seus próprios padrões. Mils Crianças, que será tocado na íntegra no show, pode ser descrito como um disco de "Post-rock com os pés no chão", graças à trabalhada percussão que conduz o álbum. Mas não é só isso. Algumas músicas descambam quase para um math rock ("Beli") enquanto outras, como a saborosa "Hervi", são suavemente melódicas.

Com nomes incomuns que surgem durante os ensaios, como "Naca", "Joji" e "Tomele Tomele", as faixas formam uma coerente narrativa, que traz à tona o caos e a urgência de São Paulo – e também suas multiplicidades culturais, traduzidas em forma de música. Tudo de forma muito natural.

"O som, a inspiração, são frutos dessa relação intensa que temos. De amizade profunda, de amor mesmo", justifica. O Hurtmold foi formado em 1998. Guilherme e seus comparsas de banda se conhecem há 20 anos. Quanto à sonoridade, é "sempre difícil responder", mas o fato é que a Hurtmold, com Mils Crianças, aperfeiçoou seu poder de síntese e, ao mesmo tempo, aumentou suas possibilidades – o disco é mais curto do que os anteriores, mas a variação de temas, até em uma mesma faixa, é maior. Por isso, prepare-se para ver uma frenética troca de instrumentos durante o show.

Projetos "não paralelos"

O Hurtmold conseguiu um pouco mais de projeção ao se aproximar de Marcelo Camelo. O sexteto gravou quatro músicas de Sou, primeiro disco solo do hermano (2008); e todo o álbum Toque Dela (2011), segunda empreitada solitária do autor de "Anna Júlia". "Terminamos a última turnê, e agora vamos deixar as coisas acontecerem. O Camelo é um de nós. É da família", diz Guilherme.

Entre outros artistas com os quais a banda já dividiu o palco estão o jazzista norte-americano Rob Mazurek e Paulo Santos, um dos fundadores do avant-garde Uakti. Individualmente, seus integrantes também já trocaram figurinhas com Naná Vasconcelos, Pharoah Sanders, Bill Dixon, Roscoe Mitchell, Prefuse 73, Dan Bitney (Tortoise) e Joe Lally (Fugazi). Mas o que poderia ser uma divisão momentânea de atenção, é uma soma a longo prazo. "Nada para nós é projeto paralelo. Tudo é principal", diz o músico, já se preparando para soltar a agulha e dar o play em "Rainy Day" e se abraçar de novo a Shuggie Otis.

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