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Jaime Lerner, em 1962, bolsista de Engenharia – Arquitetura, na época em que fez estágio em Urbanismo, no Ministério da Construção, na França | Acervo pessoal de Jaime Lerner/Divulgação
Jaime Lerner, em 1962, bolsista de Engenharia – Arquitetura, na época em que fez estágio em Urbanismo, no Ministério da Construção, na França| Foto: Acervo pessoal de Jaime Lerner/Divulgação

À francesa

Saiba mais sobre a cultura francesa e o Paraná

Referência

O grande centro fomentador da cultura francesa no Paraná é a Aliança Francesa de Curitiba, que tem as suas origens em 1908, mas que tem o seu marco zero oficial no dia 18 de agosto de 1932, quando foi fundado o Centro Francês do Paraná.

Excelência

No entanto, é após a Segunda Guerra, que a Aliança Francesa de Curitiba se transforma em um centro de referência, devido à parisiense Hélène Fanny Ginvert Garfunkel, a Madame Garfunkel, que presidiu a instituição e, devido à sua ampla cultura e repertório, viabilizações ações que fizeram da Aliança de Curitiba uma das unidades mais respeitadas do Brasil.

Novas frentes

Além de inúmeras contribuições para a cultura paranaense e brasileira, a França estreitou a sua relação com o Paraná no final da década de 1990, quando a Renault instalou em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, uma unidade montadora de automóveis, o que abriu novos horizontes para a economia paranaense.

  • Caderneta utilizada por Poty Lazzarotto na década de 1940, durante a sua estada na França, como bolsista
  • Mercado de Paranaguá, de Paul Garfunkel, artista francês que atuou em Curitiba

O Paraná tem tantos pontos de contato com a França que não é exagero dizer que este estado brasileiro é uma colônia francesa. De edifícios a modos de ver o mundo, é só pensar em qualquer expressão humana local que, voilá!, há um diálogo com o país de Napoleão Bonaparte.A Padaria Francesa, estabelecimento comercial que se situava na Rua Direita, 19 (atual Rua Treze de Maio) foi o primeiro ponto de influência francesa no Paraná.Esta e outras informações estão distribuídas pelas 214 páginas do livro Os Franceses no Para­­ná, de Maí Nascimento Mendon­­ça e Maria Thereza Brito de La­­cerda, que será lançado amanhã, dia 16, a partir das 19 horas, no Paço da Liberdade – Sesc Pa­­ra­­ná, em um evento fechado apenas para convidados.

A obra, produzida com recursos da Lei Rouanet, não será co­­mercializada. A Aliança Francesa de Curitiba, entidade cultural que encomendou a publicação, vai distribuir exemplares para bibliotecas de todo o país.

Vasta influência

O difícil é "ver" algo sem influência da França no Brasil meridional. Em Curitiba, por exemplo, basta circular pelas ruas para se deparar, por exemplo, com o portão do Passeio Público, referência ao Cemitério de Cães de Paris, ou o Castelo do Batel, edificação construída entre 1924 e 1928, totalmente inspirada em castelos franceses.

Os três grandes planos urbanos de Curitiba são de origem francesa. O primeiro, encomendado pelo primeiro presidente da província, Zacarias de Góes e Vasconcellos, tem assinatura do engenheiro francês Pierre Louis Talouis. O urbanista francês Alfred Agache empresta o sobrenome ao plano que estruturou a urbanização da capital na década de 1940. O plano diretor de 1965 também pode ser entendido como made in france.

Bolsas e folclore

A Aliança Francesa de Curitiba, so­­bretudo após a Segunda Guer­­ra, distribuiu bolsas a paranaenses, que passaram temporadas na França para ampliar horizontes, respirar outros ares e trazer repertório mais cosmopolita ao Paraná. Poty Lazzarotto, Wilson Martins, Jaime Lerner e Maria Thereza Brito de Lacerda, que realizou as pesquisas para este livro, são alguns dos bolsistas – todos eles se notabilizaram em suas áreas de atuação.

Mas, além dos elementos históricos, as autoras chamam a atenção para o fato de o livro registrar a trajetória das famílias francesas que se fixaram no Paraná e alguns casos pitorescos. O mais curioso diz respeito à canção "Monsieur le Consul à Curitiba", de 1950, de autoria de Jacques Hélian, que fazia parte do repertório de Maurice Chevalier, muito popular na metade do século passado. Jamile Cury, bolsista paranaense, tornava-se o centro das atenções na França, por ser uma visitante da cidade citada na canção como um pequeno canto charmoso e tranquilo, o que sugere que as pontes que ligam Curitiba a Paris são muitas.

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"Já se pôde observar o espírito inquieto dos pioneiros franceses, pouco feitos para as fainas agrícolas e pastoris – pelo menos os que imigraram para o Brasil, conforme deduz Wilson Martins. Ou seja: eram mais urbanos. O Paraná, província independente de São Paulo desde 1853, teve de se adaptar a uma série de exigências imperiais na transformação político-administrativa. Entre essas exigências havia algumas obras na capital, obras estas que, em seu conjunto, promoveriam a primeira grande transformação do traçado urbano de Curitiba. E nisso se viu o dedo francês. Em 1.º de maio de 1855, conforme relatório do presidente Zacharias de Góes e Vasconcellos, chegou à Província o engenheiro francês Pierre Louis Talouis – aquele da Colônia Thereza, sogro do doutor Faivre. Foi contratado como inspetor geral de mediação e demolição das terras públicas, acompanhado de agrimensores, desenhadores, escreventes e outros profissionais necessários, para dar início aos trabalhos de sua comissão."

Trecho de Os Franceses no Paraná, de Maí Nascimento Mendonça e Maria Thereza Brito de Lacerda.

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Serviço:

Os Franceses no Paraná, de Maí Nascimento Mendonça e Maria Thereza Brito de Lacerda (Aliança Francesa, 214 págs.). O livro não será comercializado. Lançamento para convidados nesta terça-feira (16), a partir das 19 horas, no Paço da Liberdade – Sesc Paraná (Pça Generoso Marques, s/nº). Outras informações: (41) 3223-4457.

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