
Entre 1971 e 1979, o militar Idi Amin Dada governou com mão-de-ferro Uganda, país localizado na região central da África. Violência extrema, extermínio de opositores e até práticas de canibalismo são atribuídas ao ditador africano. A interpretação do personagem histórico no cinema valeu a Forest Whitaker, no domingo passado, o Oscar de melhor ator. O norte-americano comanda o elenco de O Último Rei da Escócia, filme do diretor escocês Kevin McDonald que estréia hoje na capital.
Whitaker é a estrela e o primeiro nome dos créditos da produção, mas seu personagem acaba não sendo o protagonista da trama. McDonald Oscar de melhor documentário em 2000 por One Day in September baseia seu trabalho no best seller O Último Rei da Escócia, de Giles Fodens, que passou a adolescência em Uganda e conta a história do período no poder de Idi Amin pela visão do personagem fictício Nicholas Garrigen, defendido de forma brilhante por James McAvoy (As Crônicas de Nárnia).
Médico recém-formado e antecipadamente frustado com a vida monótona que o futuro lhe reserva, Garrigen decide viajar para Uganda e prestar serviços comunitários. O sentimento de personagem é de aventura, de apenas curtir a vida em um país exótico. Ele chega semanas depois de Idi Amin tomar o poder para trabalhar junto ao dr. Merrit (Adam Kotz) e sua bela mulher Sarah (a sumida Gillian Anderson, a agente Scully do seriado Arquivo X), em uma comunidade do interior.
Depois de um encontro casual, o jovem médico cai nas graças do ditador, que descobre que ele é escocês Idi Amin havia sido treinado militarmente pelo exército britânico, quando Uganda ainda era colônia da Grã-Bretanha, e sempre teve muita simpatia pelos escoceses, gostando de usar, às vezes, o tradicional kilt; daí vem a referência à Escócia do título.
Garrigen vira médico particular do governante e logo estará envolvido com os assuntos do país, virando uma espécie de conselheiro do presidente. Empolgado pela figura carismática de Amin, o jovem demora a perceber e aceitar o que ocorre verdadeiramente em Uganda. O bom roteiro de Jeremy Brock (Sua Majestade, Mrs. Brown) ressalta toda a mudança da visão de Garrigen, acrescentando à trama momentos de muito suspense e aventura.
Mesmo não vivendo o personagem principal, Whitaker justifica sua vitória no Oscar (e em diversos outros prêmios e votações como o Globo de Ouro) com uma impressionante recriação do ditador africano. Ele se dedicou extremamente ao papel, passando uma temporada em Uganda antes das filmagens para aprender a língua local. O ator americano consegue retratar todas as nuances do poderoso homem que controlava o destino de uma nação e cujo humor variava abruptamente da candura até a fúria total. Uma figura intrigante e muito assustadora. GGGG



