Para Marcel Schmier (ao centro), vocalista da banda Destruction, não deveriam existir rivalidades entre os subgêneros do metal| Foto: Divulgação

Mundo pesado

Som Extremo

As revistas especializadas chegam a elencar mais de 100 subgêneros do metal. Em Curitiba, predominam as vertentes do thrash, black e death metal: estilos rápidos e agressivos com vocais guturais.

Mestre "Thrash"

O metal é muito popular entre alunos e professores de Ciências Humanas. O curitibano Leonardo Campoy escreveu uma dissertação de mestrado que virou livro: Trevas sobre a Luz – O Underground do Heavy Metal Extremo no Brasil, publicado pela editora Alameda.

Na rota

Curitiba continua na rota internacional do metal extremo. Bandas europeias importantes marcam ponto aqui quase despercebidas. Durante o carnaval, os poloneses do Besatt tocam no Blood Bar com os locais Imperious Malevolence e Doomsday Ceremony.

Largão

O principal "rolê" dos fãs de metal ainda é o Largo da Ordem. O centro histórico concentra bares e casas de shows, como o Blood, o TNT, o Hangar e o Espaço Cult. O Bar Bom Scotch, no Água Verde, também é ponto de encontro da cena metal.

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Show

Destruction – 30 Years of Total Destruction Tour

Yankee Bar (R. Bispo Dom José, 2.160 – Batel), (41) 3342-1001. Dia 29, às 21 horas. Ingressos a R$ 80 (2º lote), à venda pelo serviço Disk Ingressos. Classificação indicativa: 16 anos.

Antonio Death (à esq.) e Alex, do Imperious Malevolence

Por sua própria conta e risco. É assim que a cena do heavy metal em Curitiba mantém o fogo aceso. A comunidade de pessoas, bares, bandas e empresas que se reúnem em volta do universo da chamada "música extrema" sabe que, em regra, é ignorada pela mídia e execrada por parte da sociedade.

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Mesmo na contramão do gosto popular, o metal faz a cabeça de milhares de fãs na cidade. Público eclético que vai desde o trabalhador da periferia ao juiz de direito que ouvia Led Zeppelin nos anos 1970.

Estrelas como o guitarrista Slash e os veteranos escoceses do Nazareth sabem disso. E estão sempre por aqui. Entre os representantes dos subgêneros mais agressivos (thrash, black, ou death metal), grandes bandas como o Slayer também sabem da fama da capital paranaense. Outras menos conhecidas dos não iniciados, da mesma maneira, não desprezam o fiel público curitibano. Na próxima terça-feira, 29, será a vez dos alemães do Destruction (leia mais abaixo). Até o novo presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Marcos Cordiolli, em entrevista à Gazeta do Povo, reconheceu a força da cena de metal local e lembrou que até hoje as políticas públicas nunca chegaram até este segmento.

Mesmo assim, quem faz parte das bandas locais de produção autoral admite que a cena, se não está esfriando, está se "reiventando".

O power trio local Im­perious Malevolence (foto ao lado) é um exemplo bem acabado. Na estrada há 16 anos, com duas mudanças na formação, a banda já fez seis turnês internacionais. Na última, tocou no festival Party San, na Alemanha, um dos maiores eventos do gênero no mundo. Assim, como a colega do outro lado da calçada do underground – a cena psychobilly – o metal de Curitiba tem mais moral na Europa do que em casa. "Na Ucrânia, vimos um cara com uma faixa da nossa banda e uma bandeira da República Tcheca. Isto é uma coisa que te dá força", diz o baterista Antonio Death.

Ele, que trabalha como escrevente em um cartório judicial, sabe que não é fácil viver apenas de sua habilidade no blast beat, a batida dupla e acelerada característica do metal extremo. Ainda assim, o grupo mantém um nível profissional incomum em um movimento em que as bandas surgem e desaparecem muito rápido.

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Para o baterista, um dos motivos desta efemeridade é que, além do underground físico, dos cartazes nos postes na saída dos bares, o grosso da divulgação hoje acontece nas redes sociais. "A internet promoveu uma seleção natural que fez muitas bandas desistirem. Quem se adaptou segue".

Rivalidade

Na batalha há anos para fortalecer o metal local, o produtor Alexandre Buga, editor do site e da revista Curitiba Underground, acha que falta um passo geral de todos os envolvidos em direção à profissionalização. Ele também lamenta a divisão do metal em vários subgêneros que acabam criando pequenas cenas isoladas.

Algo que também incomoda Marcel Schmier, vocalista do Destruction. "Estes rótulos são uma grande besteira, que só criam rivalidades. Para mim é uma coisa só, há apenas uma grande nação metal no mundo", disse.

Lenda alemã do thrash volta para "destruir" o Batel

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A primeira porrada do ano metálico em Curitiba será o show da lendária banda de thrash metal Destruction, na próxima terça-feira, 29, no Yankee Bar, no Batel. O trio alemão formado em 1982 é um dos pioneiros do chamado "metal extremo".

O show é parte da turnê de divulgação do mais recente ábum, Spiritual Genocide, lançado no ano passado. Serve também para celebrar os trinta anos de carreira do Destruction, entre idas e vindas – a banda ficou inativa durante parte da década de 1990.

Desde que retomou os trabalhos em 2000, com a formação atual, o grupo tem lançado muitos álbuns e parece viver em uma espécie de turnê permanente, tocando em todos os cantos em que caras estejam a fim de "headbanguear" ouvindo um som brutal.

Por ser uma complilação da carreira, Schmier prevê um show excelente para a banda e fãs. "Vamos passar em revista todos esses trinta anos de estrada, tocando músicas do primeiro disco e outras do trabalho mais novo. No meio delas, vamos tocar os nossos clássicos. Será um show bem agressivo", adianta.

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Para ele, a "honestidade" do seu som é o que garantiu a fidelidade dos fãs nestas três décadas. "Nós mantivemos nosso estilo thrash, nunca fizemos guinadas comerciais e eu tenho orgulho de que, depois de trinta anos, nosso som está cada vez melhor", analisa.

Nas outras vezes em que esteve em Curitiba – em 2006 o Destruction tocou no Clube Operário, no Largo da Ordem, e há dois anos no Music Hall, no Rebouças – Schmier lembra de ter saído depois da apresentação para beber com a cena local. Algo que pretende repetir. "Agora estamos focados na banda, mas ainda sabemos fazer uma festinha. Crescemos no meio desta coisa de sexo, drogas e rock-and-roll. Mas, é claro que não podemos fazer isso 24 horas por dia a vida inteira".