Supla interpretando Mário Lago em cena do filme "Noel, poeta da Vila"| Foto: Divulgação

Onde tudo começou. Este é o mote do lançamento de Antônia – O Filme, produção que chega amanhã aos cinemas brasileiros. A diretora paulista Tata Amaral apresenta o início da história de Preta (Negra Li), Barbarah (Leilah Moreno), Mayah (Quelynah) e Cindy (Lena), meninas da periferia de São Paulo, do bairro Brasilândia, que sonham vencer na vida cantando rap.

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As personagens ficaram conhecidas pelo público brasileiro através do seriado Antônia, que estreou em novembro passado na TV Globo e atingiu bons indíces de audiência com seus cinco episódios (veiculados semanalmente às sextas-feiras). O sucesso já garantiu uma nova temporada da série no final de 2007.

Em entrevista ao Caderno G, Tata Amaral falou do processo de criação de Antônia, filme que fecha uma trilogia centrada nos arquétipos femininos, iniciada com os premiados longas Um Céu de Estrelas (1997) e Através da Janela (2000). Ela tinha o desejo de trabalhar com não-atores, músicos e improvisações no novo trabalho, interesse que aumentou depois de ter visto Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. "O resultado desse filme me impressionou muito, o trabalho com atores. Fui entrevistar o Fernando para saber como ele tinha feito tudo aquilo. E algumas coisas que ele falou nessa entrevista, usei no meu filme", comenta.

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Entre as dicas do principal diretor brasileiro da atualidade estavam: ligar a câmera desde o primeiro momento com os atores, para que eles se familiarizem com o equipamento e passem uma verdade na hora das filmagens; ensaios técnicos com os atores nas locações próprias do filme; e manter a câmera grudada nos atores em todos os ensaios. "Foram toques que o Fernando deu, mas não como uma ingestão no meu trabalho, eu busquei isso", continua Tata, revelando que a O2 de Meirelles acabou se interessando pelo projeto e resolveu produzir o filme e a série.

A diretora diz não se sentir pressionada com o lançamento de grande porte de Antônia – O Filme, com 140 cópias, o que gera uma expectativa e uma responsabilidade de conseguir boa bilheteria. "O que me mobilizou para fazer esse filme foi o olhar para a periferia, tentar de alguma forma quebrar o preconceito contra o jovem pobre e negro dessas regiões, que tem sempre sua imagem associada ao tráfico e a tudo o que há de ruim. Mostrar também a cultura negra, que está sufocada e acontece à margem, pois ninguém quase fala dela", confirma, acreditando que a visibilidade da série deve trazer resultados positivos de público nas telas.